Num bate-papo com
internautas, ex-colaborador do serviço secreto defende punição para
responsáveis pela espionagem e diz que leis dos EUA impedem que ele retorne e
tenha um julgamento justo.
"Pergunte a
Snowden." A hashtag #asksnowden foi destaque durante toda esta
quinta-feira (23/01) no serviço de mensagens curtas Twitter. Pessoas de todo o
mundo encaminharam perguntas ao ex-consultor da Agência de Segurança Nacional
(NSA) Edward Snowden, que atualmente está exilado na Rússia.
A primeira questão
foi lançada pela internauta @savagejen, do Texas, nos EUA, que se identificou
como hacker mommy. "Você acha que a nossa democracia pode se recuperar dos
danos que a espionagem da NSA causou às nossas liberdades?" A resposta veio
prontamente. "Sim. O que torna o nosso país forte é nosso sistema de
valores e não a situação atual de nossas agências ou a redação das nossas
leis", afirmou Snowden.
Das centenas de
milhares de mensagens que foram enviadas via Twitter, o ex-colaborador da NSA
escolheu, no início, principalmente aquelas relativas à política interna dos
Estados Unidos e da NSA. Questões que davam a ele oportunidade para críticas a
Washington.
As respostas foram
relativamente longas. Snowden voltou a falar na "vigilância em massa
indiscriminada, na qual governos capturam bilhões e bilhões e bilhões de dados
de comunicação de pessoas inocentes todos os dias". Ele argumentou que
isso não é feito por ser necessário, mas apenas porque é fácil e barato, devido
às novas tecnologias.
Além disso, o
delator disse acreditar ser possível restringir a monitorização dos serviços
secretos. "Podemos corrigir as leis, restringir o alcance desses serviços
e processar os funcionários superiores responsáveis por esses programas ilegais."
"Leis atuais
não me oferecem proteção"
Quando alguém
perguntou sob que circunstâncias ele voltaria aos Estados Unidos, Snowden
criticou a atual lei para denunciantes, que impede que ele retorne e receba um
julgamento "justo". Ele disse que retornar e receber um julgamento
justo seria a melhor solução não só para si, mas também para o governo e para o
público, mas as leis atuais não lhe oferecem proteção alguma.
O ex-colaborador
dos serviços de espionagem americanos também respondeu a críticas. O internauta
@MichaelHargrov1, que se descreve como um "ex-soldado do Exército, um
democrata orgulhoso e defensor do presidente Obama", quis saber se Snowden
"respeitou a privacidade de seus colegas" quando roubou as senhas
pessoais deles. O usuário se referia a uma informação veiculada num artigo da
agência de notícias Reuters.
No entanto, a
resposta teve apenas duas linhas, tendo sido, de longe, a mais curta de todas.
"Com todo o respeito a Mark Hosenball, o repórter da Reuters que publicou
isso, a informação é simplesmente falsa. Nunca roubei qualquer senha nem
enganei um exército de funcionários."
Perguntas sobre
aliens
Além das inúmeras perguntas
sérias, havia também brincadeiras. A hashtag #asksnowden foi usada para
questionar Snowden sobre Justin Bieber, aliens ou o tempo. Outros queriam saber
o que deveriam comer no café da manhã.
As respostas de
Snowden foram disponibilizadas na página www.freesnowden.is. Nela, há também
pedidos de doações e informações detalhadas sobre o ex-colaborador da NSA e
sobre os segredos que ele revelou e que provocaram indignação em todo o mundo.
O endereço é da The
Courage Foundation, criada para apoiar jornalistas perseguidos por causa de
suas revelações. Snowden é a primeira pessoa apoiada pela fundação, que tem o
fundador do Wikileaks Julian Assange entre seus apoiadores.
Ainda no final de
2013, o Parlamento da União Europeia havia discutido se deveria interrogar
Snowden através de uma conferência de vídeo. No entanto, a iniciativa de alguns
deputados não teve sucesso, porque não houve consenso sobre a forma como o
interrogatório poderia ser realizado.
Deutsche Welle - Autoria:
Greta Hamann (md) – Edição: Alexandre Schossler
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