domingo, 12 de janeiro de 2014

VENEZUELA, BOLIVAR, OS ASNOS E AS HIENAS. A EPOPEIA EM CONSTRUÇÃO

 

Rui Peralta, Luanda
 
I - A recente lei que permite ao presidente venezuelano exercer poderes especiais durante 12 meses, foi fortemente contestada em…Miami!
 
Já anteriormente, Hugo Chávez, em quatro ocasiões, utilizou as prerrogativas desta lei, instituída muito antes da sua chegada ao poder e que nunca gerara contestação. Bastou o processo bolivariano de transformação aplicar a lei, para que aqueles que anteriormente a haviam instituído berrassem a plenos pulmões que “vinha aí a ditadura chavista”!
 
A indústria mediática residente em Miami, tendo em vista a proximidade das eleições autárquicas no passado mês de Dezembro, fez um alarido sem precedentes, acusando Maduro de pretender tornar-se num “tirano”. Por sua vez, Capriles, o súbdito de Washington em Caracas, bombardeou as redes sociais, avisando que convocaria uma “grande marcha” para finais de Novembro (será que á imagem de Mussolini - quando da marcha sobre Roma que institui o poder fascista em Itália – ou á imagem de Mao, na Grande Marcha do Exército Popular de Libertação?).
 
Em Miami, fez-se eco imediato ao apelo de Capriles. Jornais, redes televisivas e rádios, iniciaram uma ruidosa campanha de difamação. A marcha foi descrita de forma apoteótica e Capriles, “o grande e querido líder” foi apresentado a liderar as “os grandes protestos nacionais”. Mas se é certo que a oposição venezuelana dominou as grandes redes sociais, já nas ruas as coisas não tiveram a mesma afluência. A marcha afinal não foi nacional, como pretendiam os seus mentores e ainda menos chegou a todos os municípios. Em Caracas apenas apresentaram-se á convocatória de Capriles e dos seus aliados de Miami, cerca de 5 mil pessoas (a Reuters fala entre 2 mil a 3 mil), o que deixou imensos espaços vagos na Plaza Venezuela. Bastante aquém dos cerca de 300 mil apoiantes que Capriles havia reunida no passado dia 7 de Outubro.
 
A oposição venezuelana tem em Miami um centro de informação bastante activo. O seu quartel-general é no restaurante El Arepazo e é apoiada por jornais como o arcaico e fascistoide “Diário Las Américas”, o “El Nuevo Herald” (propriedade de Otto Reich e Roger Noriega) ou o “El Venezolano” e por jornalistas como Sérgio Atárola (Diário Las Américas), Oswaldo Muñoz (Director do El Venezolano) e António Maria Delgado (The New Herald).
 
Perante o fracasso da oposição, os seus “sponsors” em Miami decidiram através do “El Nuevo Herald” lançar uma campanha a alertar que “os militares venezuelanos estão atentos ao descontentamento social”. Desta forma reactivam um velho sonho oposicionista: o golpe militar. Esquecem-se, no entanto, que os velhos generais, que tinham dívidas para com a oligarquia venezuelana, estão retirados, sendo os jovens oficiais e os soldados a base do actual exército bolivariano.
 
“De mentira em mentira até á ilusão total” parece ser a palavra de ordem da oposição venezuelana…
 
II - Na campanha oposicionista a indústria mediática privada assume o papel dos partidos políticos (estes são quase invisíveis). Nas páginas dos periódicos venezuelanos de grande circulação, como o El Nacional ou o El Universal, não existem espaços reservados a sectores políticos bolivarianos, apenas existem “fazedores de opinião” pagos pelos proprietários desses órgãos de comunicação social, criando falsas campanhas mediáticas baseada na crise económica, onde os dirigentes da Mesa de Unidade Democrática (MUD), como Henrique Capriles e Maria Corina Machado, clamam pelo “desaparecimento” do presidente Nicolás Maduro. E este “desaparecimento” não é um eufemismo, um jogo de palavras ou uma figura de retórica.
 
Desde o início do processo bolivariano de transformação (se preferirem, a continuidade da Revolução Industrial Sul-Americana, o processo de desenvolvimento que permitirá inserir a região na economia-mundo, largando o papel periférico que a tem caracterizado até agora) que o largo espectro da direita (do centro-esquerda á extrema-direita) joga com a possibilidade de um golpe de estado. A aventura de 2002-2003 (na época os golpistas foram derrotados em 48 horas) contínua presente nas retorcidas mentes direitistas.
 
Em 2013 o MUD e os USA definiram a “proximidade” da derrota do “chavismo”, motivados que ficaram com a morte do Presidente Hugo Chávez. As eleições de 14 de Abril de 2013 confirmaram a vitória de Maduro e a continuidade do governo bolivariano, mas o MUD (e nos bastidores os USA) criaram um cenário propenso a mergulhar o país na instabilidade, acusando que a vitória bolivariana foi fraudulenta, sempre com o intuito de provocar uma intervenção militar que terminasse com o processo revolucionário.
 
A fraude das “eleições fraudulentas” caiu por terra, o que levou a uma mudança de discurso por parte dos direitistas. Impossibilitados de demonstrar a fraude – porque não existiu – a direita, com o apoio do sector empresarial, apostou na guerra económica. Criaram um meticuloso plano de especulação, através do mercado paralelo do dólar em Miami e inflacionaram os preços desde 300% a 1000%. O governo foi forçado a intervir, iniciando uma campanha contra a especulação económica.
 
A recentemente aprovada Lei Habilitante permite ao Presidente Maduro promulgar decretos-lei. É dessa forma que a Lei de Custos e Preços, que regula os lucros, estabelecendo um parâmetro de 15% a 30% entra em vigor. O objectivo desta lei é regular a actividade comercial, assegurando sistema de regulação de divisas para importações e para as viagens de particulares, de forma a controlar o uso indevido das divisas (principalmente euros e dólares) que reverteriam, desmedidamente, para o mercado negro interno.
 
Estas acções demonstram um efeito positivo, mas torna-se, cada vez mais, necessário aprofundar o crescimento económico e social do país. E para isso acontecer há que alterar o modelo de produção, democratizando-o. Esta democratização implica novas formas de organização das empresas e a criação de colectivos económicos produtivos, baseados na participação dos trabalhadores e na abertura do mercado às diversas formas de colectivos profissionais. Esta questão é fulcral para o prosseguimento do processo transformador da sociedade venezuelana.
 
Cair na armadilha do “produto nacional”, do nacionalismo económico, da “marca nacional”, do combate á importação com o objectivo de incentivar a produção nacional é contraproducente e no médio e longo- prazo revela-se desastroso. Incentivar a produção nacional não implica combater a importação - pelo contrário- ou fazer apelos demagógicos aos caducos pressupostos dos nacionalismos económicos, beneficiadores da burguesia nacional, mas que castigam as restantes camadas sociais da população. O incentivo á produção deve ser sempre baseado no princípio do direito do consumidor e para que isso aconteça é necessário utilizar a importação como forma de regulação de preços e de custos da produção nacional. Caso contrário o incentivo aos produtores nacionais torna-se um incentivo ao parasitismo e á especulação interna.
 
Os processos de transformação não são uma questão de saber qual a boca que vai comer o bolo e quais os dentes que o mastigarão. Pouco importa ao mexilhão se a boca e os dentes são do compatriota rico ou estrangeiro multimilionário…o resultado é que ele, o mexilhão, terminará, em qualquer dos casos, no processo digestivo dos seus predadores. Talvez já seja altura de não ser o mexilhão a lixar-se…
 
III - Durante a década de 30 do século passado, o sector petrolífero tornou-se o motor da economia do país. O Estado venezuelano era proprietário dos recursos petrolíferos e a Venezuela iniciou uma nova etapa. Os conflitos sociais herdados da fase anterior - caracterizada pela economia agrária, baseada no café e no cacau - diluíram-se. De um dos países mais atrasados da América Latina, em 1920, tornou-se um dos mais ricos da região em 1970. O petróleo conduziu o país ao capitalismo industrial, de forma pacífica. O processo de urbanização originado pelos lucros do sector petrolífero arrancou o campesinato dos seus locais de origem, gerando imensas ondas migratórias do campo para as cidades. Os velhos conflitos pela terra perderam significado. Residir na cidade representava melhores condições de trabalho e de vida. Mesmo os latifundiários e a oligarquia rural deslocaram-se para os centros urbanos, convertendo-se em especuladores imobiliários. Desta forma a oligarquia rural tornou-se um dos componentes da burguesia venezuelana.
 
A confrontação de interesses entre latifundiários e assalariados rurais metamorfoseou-se num novo tipo de confronto, mais generalizado e centrado no espaço urbano: o confronto Trabalho / Capital. Esta confrontação, iniciada no sector petrolífero, em breve estendeu-se a todos os sectores da actividade económica, principalmente nas grandes empresas industriais que surgiram durante o advento petrolífero. A nova vertente da guerra de classes originada pela Revolução Industrial na Venezuela caracterizou-se desta forma:
 
A) O assalariado rural, miserável, passou a operário do sector petrolífero. Para estes trabalhadores isto representou uma rápida melhoria das suas condições de vida. Os salários do sector petrolífero eram cinco a sete vezes superiores aos salários praticados nas áreas rurais. As primeiras gerações de operários viam as companhias petrolíferas como deusas da fortuna garantida. Desta forma, durante os finais da década de 50 e toda a década de 60, originou-se uma “aristocracia operária”, que atingiu a sua plenitude social na década de 70.
 
B) O capitalismo de estado, implementado durante o processo de industrialização (única forma politica de conduzir o processo a bom termo, devido á incipiente burguesia venezuelana, atada pela oligarquia rural e asfixiada pelos seus competidores estrangeiros) criou um assalariado dependente do sector publico (e uma burguesia dependente do Estado) que obteve grandes melhorias sociais quando foi aplicado no país o Estado do Bem Estar, praxis politica e social das economias capitalistas mais desenvolvidas. Na Venezuela a aplicação desta forma politica tinha como vertente principal (induzida desde Washington) a contenção do “comunismo” (do “avanço soviético”) no continente.
 
C) A modernização do Estado e a acumulação de capital, gerado pelo sector petrolífero, criou uma forte e vasta classe média, cuja espinha dorsal eram os trabalhadores da indústria petrolífera (já mão-de-obra especializada, muito diferente da primeira geração, básica). Ora para se ascender á classe média a solução passava pelo Estado e não pelo confronto directo de classes. Para os trabalhadores a sua boa ou má situação dependia unicamente do comportamento da organização política administrativa, da forma como esta aplicava as políticas distributivas. As revindicações salariais eram feitas ao Estado e não ao patronato. A burguesia desapareceu do cenário, deixou de ser o inimigo principal. O seu lugar foi ocupado pelo Estado do Bem Estar, um Estado distribuidor de riqueza. A burguesia escondia-se por detrás do Estado e evitava desta forma o confronto directo com os assalariados.
 
D) Para o proletariado e restantes assalariados venezuelanos a questão residia nos bons e maus governos. O país era rico, mas a partir dos anos 70, era governado por um gang de mafiosos. O Estado, camuflagem da burguesia, serviu até agora os seus interesses, mas as elites económicas necessitavam de mudar de forma politica, para melhor estenderem o seu domínio. O Estado do Bem-estar agonizou, na Venezuela, no meio da corrupção e do compadrio.
 
Estas características levaram a que o conflito social fosse de baixa intensidade. Quando a Revolução Bolivariana iniciou a sua afirmação, não foi pelo combate às classes dominantes mas sim pelo combate á corrupção administrativa e pelo retorno ao equilíbrio das políticas distributivas. Para trás ficou (porque camuflada) a questão subjacente ao conflito principal: Trabalho / Capital.
 
Durante o mandato de Hugo Chávez os trabalhadores do sector petrolífero descobriram as virtudes da participação, mas não enfrentaram o Capital, acabando por entrar em conflito com o Estado Bolivariano, exactamente devido aos factores históricos que caraterizaram o desenvolvimento venezuelano (aos quais o governo bolivariano introduziu uma medida que serviu de mecha: o Imposto de Valor Acrescentado, IVA). As revindicações foram sempre no sentido da distribuição (por isso o IVA caiu mal, pois ia no sentido contrário: não dava, tirava).
 
Á medida que o processo bolivariano foi evoluindo e as suas dinâmicas fluindo, a burguesia venezuelana percebeu que a camuflagem do Estado terminara e que era altura de entrar em conflito com a instituição que até ao momento foi a sua cobertura As taxas de lucro já não satisfaziam as elites económicas e estas aproveitaram a inflação e os problemas de abastecimento existentes no mercado do país para iniciarem a desestabilização económica e política, contando com o apoio dos USA.
 
O mandato de Maduro acontece no meio desta ofensiva do capital e o Estado Bolivariano reagiu, para aliviar a pressão, controlando os preços e apostando em políticas de combate á inflação e á especulação. Mas para a burguesia venezuelana, a guerra económica acabou por revelar-se num tremendo erro político. Pela primeira vez em muitos anos a burguesia venezuelana mostrou-se ao proletariado venezuelano e às camadas assalariadas, que descobriram que entre elas e os ingressos petrolíferos que permitiram a histórica política distributiva, interpunham-se interesses camuflados.
 
Pela primeira vez na História da Venezuela o Estado livra-se da sua função de “camuflado” das elites económicas, defrontando as sacrossantas taxas de lucro. A partir deste momento existirão profundas alterações nas revindicações dos trabalhadores de todo o país. Agora já não existe uma capa que protege as elites, assumindo uma política distributiva. As revindicações, agora, já não serão realizadas em função das políticas distributivas, em função da pressão sobre o Estado, mas serão um confronto directo com as elites económicas.
 
Assistiremos, então, a um agudizar das dinâmicas internas da luta de classes, no processo revolucionário bolivariano. De como este confronto ir-se-á realizar, ou que formas assumirá, depende em grande parte do papel do Estado Bolivariano em relação á luta de classes e que formas institucionais (ou não) esse confronto classista assumirá. De qualquer forma implica três factores a considerar, dois na vertente da dinâmica interna e um na vertente da dinâmica externa. Internamente, em primeira estância, existirá um novo impulso no processo bolivariano de transformação. Em segundo lugar, esta radicalização terá efeitos imediatos na estabilidade politica e económica da Venezuela. Na vertente externa, logicamente que os USA tentarão tirar partido do agudizar das dinâmicas internas. Mas para isso terão de rever as suas políticas de contratação de agenciados e arranjar novos “muchachos”.
 
É que com o MUD e com Capriles a coisa já esgotou e nem lá vai com retoques de imagem. A conquista das classes médias terá de ser feita com outras gentes…A questão está em saber se existem tais espécimes. E se existirem será que expressam-se em castelhano, ou apenas “speakam”?
 
IV - A prova de que o MUD e o seu líder, Capriles, já esgotaram os seus papéis como oposicionistas foi revelado através das eleições autárquicas. As forças bolivarianas venceram, de forma contundente, as eleições autárquicas em Dezembro, triunfando em mais de 76% dos 335 municípios, obtendo mais 675 mil votos que a oposição direitista.
 
Segundo alguns analistas da oposição estas eleições eram uma consulta sobre Nicolás Maduro (desta forma, os mais precavidos, anteciparam uma justificação para o desastre previsto), escamoteando a realidade e secundarizando o plano eleitoral. Um facto é que o poder bolivariano ampliou a sua base de apoio em relação às eleições de Abril, que elegeram Maduro por uma diferença de apenas 1,5% dos votos. Em Abril a oposição aproveitou os resultados eleitorais e desestabilizou o país, através de uma campanha que revelou-se suicida.
 
O governo bolivariano resistiu às ofensivas da oposição e nas últimas semanas de Novembro tomou medidas contundentes, forçando a baixa de preços e combatendo a tendência inflacionista artificial, criada pelas elites económicas do país na sua cruzada contra-revolucionária. Se for seguida a lógica dos sectores oposicionistas que consideraram as eleições municipais de Dezembro como um referendo a Maduro, poderemos então afirmar que a população apoiou as medidas tomadas pelo governo bolivariano. Maduro tem, agora, um período de dois anos sem eleições, onde pode enfrentar os problemas principais do país: o desenvolvimento da produção, respectiva transformação do aparelho produtivo - e o necessário aumento dos níveis de produtividade – e a optimização dos serviços públicos e das prestações sociais, aumentando o nível de qualidade na prestação desses serviços.
 
A oposição direitista já tentou de tudo para derrubar o poder bolivariano. Tentou as vias legais (eleições), as vias ilegais (golpe de estado), as vias de confrontação democrática (as greves patronais) e as ilegítimas (não reconhecimento dos resultados eleitorais). Sempre falhou, em todos os sentidos, não conseguindo apresentar-se como alternativa democrática, moderna e eficaz, completamente perdida e sem norte (apesar do seu norte estar centrado na Casa Branca), sem uma resposta capaz para os problemas que afectam o país e sem conseguir inserir-se no processo de desenvolvimento em curso.
 
O cenário apocalíptico que é apresentado diariamente pela indústria mediática (nacional e internacional) não é a realidade pressentida pela população. Apesar de todos os problemas, dos níveis elevados de corrupção, do irrealismo da máquina burocrática e dos absurdos do aparelho de estado, hoje a Venezuela vive um período em que o nível de vida das mais vastas camadas da população é o mais alto da História do país e continua a ser incrementado. O bem-estar económico e social é um marco da democracia, medido pelo desfrutar dos direitos, liberdades e garantias.
 
Perante a sua incapacidade de apresentar-se como uma alternativa, a oposição continuará o seu cerco económico (realizado através dos empresários e das elites económicas e financeiras, internas e externas), político e mediático. A mentira, a ilusão e a hipocrisia continuarão a ser os fundamentos do seu discurso. Aliás, é um comportamento próprio dos asnos: com duas palas nos olhos, estes pobres animais só vêm os que os donos querem que seja visto. E mesmo que os donos não estejam por perto, teimosamente, os anos apenas vêm o que as palas colocadas pelos seus senhores permitem.
 
V - As eleições municipais do passado dia 8 de Dezembro foram encaradas pela oposição venezuelana como sendo um plebiscito sobre Maduro. Equivocaram-se, uma vez mais, os direitistas. Levaram longos meses a preparar a operação de desestabilização, que permitiria transformar as eleições municipais em plebiscito á Revolução: sabotagem, interrupção no abastecimento, agitação e propaganda, insegurança nas ruas...mais os erros de governação (mas esse é o seu papel institucional, como oposição, aquele que é fundamental e que muitas vezes esquecem-se de cumprir, ou por esquecimento causado pela azáfama ansiosa que cria problemas de discernimento, ou por incompetência da oposição, que acaba por favorecer o ambiente de incompetência generalizada, quando associada á incompetência governamental, institucionalizando a incompetência a nível nacional).
 
Alguns sectores mediáticos da oposição (Roger Noriega, por exemplo) avançaram a tese do “colapso total”, a situação insustentável que criaria (“finalmente” pensam os fervorosos oposicionistas disfarçados de fazedores de opinião) a intervenção (para eles, sacrossanta) dos USA. O “chavismo aniquilado”, o “fim do pesadelo”, eram frases marteladas por estes escribas da ilusão, um misto de escribas do faraó, fazedores de conceitos onomatopaicos para mentes ausentes.
 
E foi num cenário surrealista que o mundo ouviu falar, não em eleições municipais venezuelanas, mas num plebiscito na Venezuela. El País, ABC, El Mundo, Clarin, New York Times, CNN, Newsweek, CCTV, (TPA Jornal de Angola e rádios locais, inclusive, o que não é de admirar, atendendo aos mentecaptos, galitos de capoeira e mancomunados com o imperialismo que por aqui pululam) e uma lista interminável de jornais, revistas, estações de TV, rádios e toda uma panóplia de inductores de lavagens cerebrais, fizeram eclipsar os candidatos municipais, os municípios e as eleições municipais, noticiando (on line, real time) o “plebiscito”.
 
VI - O MUD está em apuros e é um projecto esgotado. A tentativa de unificar a oposição contra-revolucionária – a segunda tentativa, pois a primeira foi a famigerada Coordenadora Democrática – ameaça fragmentar-se em pelo menos quatro bocados: uma tendência fascistoide (a extrema – direita do MUD) liderada por Leopoldo Lopez; uma segunda tendência, formada por grupos de “centro-esquerda” e movimentos regionais, liderada por Henry Falcón; uma terceira corrente, liderada por Ledezma e Eduardo Fernández, que engloba a direita “centrista”; por último Capriles com os seus “correctores da bolsa” (ou serão de bolso?) e com o seu grupelho circunspecto, formado por antigos companheiros de escola: “Primero Justicia”.
 
Enquanto a oposição arrasta-se pelos cantos da casa, o Gran Polo Patriótico Simón Bolívar, liderado pelo Presidente Nicolás Maduro, depois de festejar a vitória alcançada em 23 dos 24 estados e após ter avaliado a correlação de forças expressa na votação (5 milhões 728 mil, 942 votos, contra 4 milhões 841 mil 149 votos na oposição, 255 municipalidades conquistadas pelos bolivarianos contra 80 dos oposicionistas) prepara a luta contra a corrupção (urgente, pois a corrupção é uma arma de penetração de interesses imperialistas, na Venezuela e onde quer que seja), pela estabilização dos preços, impulsiona o Plano Pátria e aprofunda democratização económica, social e cultural do país, reforçando a soberania popular e derrotando a burocracia parasitária (um nicho de corrupção), um dos grandes obstáculos ao avanço do processo transformador bolivariano na Venezuela.
 
Com certeza que muita tinta vai correr e muitas ameaças vão pairar nos céus, nas terras e nos mares Venezuelanos. Por três razões: a primeira é a epopeia bolivariana, momento histórico inolvidável, não apenas para o país, ou para a região, mas para toda a Humanidade em combate contra a barbárie; a segunda é obscura, chama-se Império e está a Norte; por fim, a terceira, provém do submundo das trevas. É o Capital e reside em todo o lado. No céu, na terra e no mar. Mas onde é mais perigoso é na alma…transforma os humanos em hienas.
 
Fontes
 

Sem comentários:

Mais lidas da semana