Pedro Tadeu –
Diário de Notícias, opinião
Primeiro é a Suíça.
Seguir-se-ão, é previsível, a Grã-Bretanha e a França (entretanto liderada por
Marine Le Pen) e, depois, uma catadupa de Estados pequenos mas ainda abastados
da União Europeia até, finalmente, chegar a vez da Alemanha. Se eu tiver razão
- e espero que não - dentro de meia dúzia de anos acabou-se a liberdade de
circulação de trabalhadores entre os países assinantes do tratado de Schengen e
da União Europeia.
Em contrapartida,
cada um destes países, que procura livrar-se de imigrantes vendedores de
mão-de-obra, tenta ser mais competitivo do que os seus aliados na capacidade de
atração de capital estrangeiro.
Temos soluções,
estilo "visa gold", a dar nacionalidade europeia a qualquer riquito
que se apresente com meio milhão de euros e esteja disposto a ser enganado na
compra de imobiliário sobrevalorizado, como está a acontecer em Portugal.
Temos uma constante
diminuição do nível de impostos sobre as empresas - enquanto os impostos sobre
o trabalho sobem - a transformar cada vez mais Estados desta Europa da
globalização numa montra de paraísos fiscais com falso selo de
respeitabilidade. Olhem para a Holanda, para o Luxemburgo e para o que quer
fazer a Irlanda.
Temos até o
socialista António José Seguro a prenunciar uma governação estilo François
Hollande (típica da esquerda baralhada), ao defender tribunais especiais para
estrangeiros investidores que queiram comprar os favores da nossa justiça.
A Europa do futuro,
se nada mudar este percurso, é adivinhável pelo espírito subjacente ao
referendo suíço, país que voltará dentro de três anos a impor limites à
aceitação de imigrantes provenientes da União Europeia.
Se nada mudar, a
Europa do futuro é já desenhável pelas tendências das reformas fiscais: as
baixas do IRC, os benefícios fiscais e a diminuição das taxas de Segurança
Social para as empresas, que se discutem e se aplaudem de Lisboa a Sófia,
enquanto o ataque aos pensionistas e ao IRS dos empregados não é, de maneira
alguma, exclusivo português.
A Europa do futuro
abrirá, assim, os braços a passadores de droga que tentam lavar dinheiro sujo;
até os subsidiará. A Europa do futuro terá pedras na mão para receber um
operário que procura trabalho noutro país da União. A Europa do futuro aceitará
ser a sede luxuosa de empresas que escravizam, em fábricas distantes, crianças
de 8 anos. A Europa do futuro recusará um visto a um jovem cientista candidato
a um contrato de três anos num laboratório de ponta.
A Europa do passado
prometeu-nos o paraíso na terra. Lembra-se?
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