AFP, traduzido por Susana Salvado em Diário de Notícias
O líder da oposição da Guiné Equatorial no exílio, Severo Moto, declarou-se surpreendido pela aceitação da adesão do país à CPLP, afirmando que "o dinheiro de Obiang compra tudo", inclusive a integração na organização lusófona.
"Depois de ter lido várias declarações críticas ao regime de [Teodoro] Obiang, inclusive de responsáveis portugueses, esperava que o resultado fosse negativo", disse quarta-feira à noite à Lusa em Madrid, referindo-se ao chefe do Estado da Guiné Equatorial.
"Mas na realidade não me estranha que tenha sido assim. É mais uma demonstração de que o dinheiro de Obiang em África e fora de África compra tudo. Até compra a adesão à CPLP", afirmou.
Os comentários de Moto surgem depois de a cimeira extraordinária dos ministros dos Negócios Estrangeiros da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) ter recomendado hoje em Maputo a adesão da Guiné Equatorial à organização.
A adesão, como membro de pleno direito, foi aprovada como uma recomendação para a cimeira de chefes de Estado da organização que se realiza em Díli este ano, disse à Lusa o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Rui Machete.
O ministro acrescentou que "Portugal se sente à vontade com esta decisão", uma vez que, afirmou, a Guiné equatorial seguiu todo o roteiro, incluindo a questão da moratória à pena de morte.
Informado da notícia pela Lusa, Moto afirmou que as suas críticas não se dirigem "ao povo lusófono", reiterando que a população da Guiné Equatorial "acolherá de braços abertos" os países da CPLP.
"Mas daí a forçar, com dinheiro, a adesão, não é adequado. Não se deve conseguir a adesão à base de dinheiro. O Obiang consegue o que quer com dinheiro", disse.
"No caso de Portugal, teve que investir no Banif mas conseguiu comprar o apoio. Continua assim o processo de Obiang procurar uma qualquer legitimação diplomática e prestígio internacional", sublinhou.
No início de fevereiro, o Banif revelou que estabeleceu um memorando de entendimento com a República da Guiné Equatorial visando a colaboração entre as partes no setor bancário, que poderá levar à entrada de uma empresa daquele país africano no capital do banco.
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