Hong kong, China,
11 fev (Lusa) - O ministro dos Negócios Estrangeiros britânico, William Hague,
disse hoje que o sufrágio universal em Hong Kong deve ir ao encontro das
"aspirações" da população da antiga colónia britânica, em declarações
que podem criar atritos com Pequim.
O comentário
daquele responsável político britânico, potência que administrou Hong Kong até
1997, surge num relatório sobre o desenvolvimento político de Hong Kong
endereçado ao parlamento da Grã-Bretanha, sendo a segunda vez que William Hague
aborda o tema publicamente depois de Pequim ter sublinhado tratar-se de uma
questão interna.
A China estabeleceu
2017 como a data para a transição para o sufrágio universal em Hong Kong, mas
recusa sair de cena no que toca à escolha de quem poderá estar na primeira
linha para aceder aos principais cargos da administração como o chefe do
Governo, mas os contornos definitivos de como será feita a transição não são
totalmente conhecidos.
"Acredito que
a forma de preservar a força de Hong Kong é através do sufrágio universal, que
vai ao encontro das aspirações da população de Hong Kong", disse William
Hague, salientando, no entanto, que a "reforma política" cabe a
Pequim, ao Governo de Hong Kong e à população decidir.
A antiga colónia
britânica iniciou em dezembro uma consulta pública sobre a forma de eleição do
líder do Governo, que Pequim acredita que a população será capaz de fazer em
2017, altura em que terá de ser eleito o novo líder da cidade.
Atualmente, o chefe
do executivo de Hong Kong - tal como acontece em Macau embora, com um comité de
seleção mais reduzido - é escolhido por um colégio de 1.200 pessoas
representativas da sociedade.
Apesar da boa
vontade manifestada por Pequim, a ala democrata da antiga colónia britânica
receia a intervenção do poder central na escolha de quem poderá concorrer, uma
forma de limitar o acesso à corrida e manter alguma influência na política
local.
Apesar da pressão
britânica para que a população de Hong Kong escolha os seus governantes, é
certo que o Reino Unido nunca permitiu à mesma população a escolha do então
governador colonial, bem como Portugal, apesar de consultas às elites locais,
deixou de nomear um governador para Macau.
Hong Kong e Macau
são Regiões Administrativas Especiais da República Popular da China desde,
respetivamente, 1997 e 1999, tendo autonomia administrativa, legislativa e
judicial.
A China
comprometeu-se com os dois Estados e por um período de 50 anos, a manter o modo
de vida dos respetivos territórios, os direitos, liberdades e garantias de que
gozavam antes da transferência de poderes.
JCS // VM - Lusa
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