Lisboa, 24 fev
(Lusa) - O Governo timorense assina nas próximas semanas um contrato de 2,3 milhões
de dólares (1,67 milhões de euros) com o grupo Águas de Portugal para o
saneamento e drenagem de águas pluviais de Díli, informou hoje o ministro
responsável.
"Escolhemos a
Águas de Portugal (AdP) para implementar uma segunda fase do plano de saneamento
e drenagem para a cidade de Díli. O contrato deveria ser assinado nos próximos
dias, mas infelizmente não podemos fazer isso por causa de aspetos técnicos.
Esperamos poder assinar na próxima semana", disse o ministro das Obras
Públicas de Timor-Leste, Gastão de Sousa.
O ministro falava à
Lusa no final de uma reunião com a administração do grupo AdP, em Lisboa,
durante a qual houve uma "troca de experiências" nos setores da água,
saneamento e resíduos sólidos.
"Celebrámos 10
anos de independência e temos de aprender muito. (...) Vamos replicar a vossa
experiência em Timor-Leste e por isso escolhemos a AdP", acrescentou o
governante timorense, sublinhando que o contrato não exclui o setor dos
recursos humanos, nomeadamente a formação do pessoal "especialmente no
saneamento básico".
O presidente do
grupo, Afonso Lobato Faria, disse por seu lado que o âmbito do contrato é
"essencialmente estudar/planear soluções para a rede de drenagem de águas
pluviais e águas domésticas".
"Portugal
passou nos últimos 20 anos por um processo evolutivo significativo nestas
áreas. Temos todo o gosto em partilhar estas experiências", disse o
administrador.
Recordando que a
Águas de Portugal já esteve presente em Timor-Leste, de onde está ausente desde
2007, Lobato Faria afirmou que o contrato a assinar em breve representa "o
reinício de um processo que não deve ser visto só do ponto de vista
económico".
"É um processo
de dois países irmãos que tendem a colaborar no sentido de resolver os
problemas reais da população", disse o responsável.
De acordo com o
Censos de 2010, apenas 66% da população de Timor-Leste tem acesso a alguma
forma de água tratada e apenas 39% das pessoas têm acesso a instalações
sanitárias melhoradas.
Naquele ano, pode
ler-se no Plano Estratégico de Desenvolvimento 2011-2030, apenas 57% da
população rural de Timor-Leste tinha acesso a água e apenas 20% estava coberta
pelo saneamento básico, sendo objetivo do Governo aumentar a cobertura de água
potável para 75% da população rural e melhorar as instalações de saneamento em
40% das comunidades rurais.
Já nas áreas
urbanas, que albergam 30% da população timorense, estima-se que o acesso a
sistemas de abastecimento de água seja de 63%, uma taxa que não é homogénea nem
representativa da qualidade do serviço.
Em Díli, por
exemplo, há 36% de ligações domésticas ao sistema de abastecimento de água
registadas e, destas, apenas 22% têm acesso a água 24 horas por dia.
Durante a sua
estadia em Portugal, até quinta-feira, o ministro reúne-se ainda com o ministro
do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia português, Jorge Moreira da
Silva, com quem assina um protocolo de entendimento que será "um protocolo
chapéu".
"Esperamos que
possa ser em breve [complementado] com um plano de ação mais específico",
afirmou Gastão de Sousa.
Um encontro de
cortesia com o ministro da Economia, António Pires de Lima, uma visita à
estação de tratamento de águas residuais do Porto e outra ao Laboratório
Nacional de Engenharia Civil são outros pontos na agenda do ministro.
FPA // VM - Lusa
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