terça-feira, 18 de março de 2014

Comissão eleitoral de Moçambique quer reativação de programa europeu de apoio a eleições




A Comissão Nacional de Eleições moçambicana (CNE) apelou hoje aos deputados portugueses para que "influenciem" a Comissão Europeia a reativar o Programa de Apoio aos Ciclos Eleitorais nos PALOP e em Timor-Leste (Pro PALOP TL).

Segundo o presidente da CNE de Moçambique, Abdul Carimo, que manteve hoje, em Maputo, um encontro com uma delegação de deputados da Comissão de Negócios Estrangeiros e Comunidades Portuguesas (CNECP), da Assembleia da República de Portugal, a restauração do programa europeu é importante para a "troca de experiências entre as comissões eleitorais" dos países envolvidos na iniciativa.

"Apelei aos senhores deputados [portugueses] para que Portugal possa influenciar no sentido da continuação deste programa, porque é sempre importante que haja troca de experiências entre os nossos países", disse à agência Lusa, Abdul Carimo, no final do encontro.

O ´Pro PALOP TL` vigorou entre os anos de 2010 e 2012, cobrindo os ciclos eleitorais que decorreram nesse período nos países afetos à iniciativa, contando com um orçamento de 6,1 milhões de euros destinado a apoios específicos aos processos eleitorais, parlamentares eleitos e meios de comunicação.

"É preciso avaliar a possibilidade de repor esses apoios financeiros, que são muito importantes para os esforços que vêm sendo desenvolvidos", afirmou à Lusa o deputado socialista Sérgio Sousa Pinto, atual presidente da CNECP.

Abdul Carimo sugeriu ainda aos deputados portugueses a criação de um organismo na Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) que trate de assuntos relacionados com as comissões eleitorais dos seus Estados-membros, à semelhança do que acontece com a União Africana e a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).

Durante o encontro que mantiveram com a CNE, os deputados portugueses inteiraram-se do andamento do processo de recenseamento para as próximas eleições gerais moçambicanas, que termina no final de abril.

O tema da instabilidade político-militar que Moçambique vive desde 2013 marcou também a agenda do encontro, com os deputados portugueses a mostrarem-se otimistas com os avanços registados no diálogo entre o Governo moçambicano e a Resistência Nacional moçambicana (Renamo), força protagonista do desentendimento.

"Vemos com muito optimismo alguns desenvolvimentos que apontam para uma solução política, de compromisso e democrática. Sem espírito de compromisso, sem moderação, sem vontade de dialogação para em conjunto se encontrarem soluções, a democracia não é possível", afirmou Sérgio Sousa Pinto.

A delegação da CNECP, que estará em Moçambique até ao dia 23 de março, é composta, além do seu presidente, pelos deputados António Rodrigues (PSD), Paulo Pisco (PS), José Lino Ramos (CDS-PP), Carla Cruz (PCP), Helena Pinto (BE).

EMYP // JMR – Lusa – foto Ana Freitas

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