quinta-feira, 6 de março de 2014

POLÍCIA OCUPA SEDE DO CONSELHO POPULAR DEMOCRÁTICO DE TIMOR-LESTE




Díli, 06 mar (Lusa) - A polícia timorense anunciou hoje que ocupou a sede do Conselho Popular de Defesa de Timor-Leste, na sequência da resolução do parlamento que pede medidas para anular tentativas de instabilidade e ameaças ao Estado.

A operação, que decorreu na quarta-feira em Díli, faz parte da "atividade policial em termos de medidas de segurança no âmbito da resolução", afirmou aos jornalistas o comandante-geral da Polícia Nacional de Timor-Leste, o comissário Longuinhos Monteiro.

Longuinhos Monteiro falava aos jornalistas no final de um encontro com o Presidente timorense, Taur Matan Ruak, durante o qual foi discutida a aplicação da resolução do parlamento.

Segundo o comissário Longuinhos Monteiro, nenhum elemento do CPD-RDTL (Conselho Popular de Defesa da República Democrática de Timor-Leste) foi detido, mas prestaram "informações".

"Houve um contacto muito persuasivo, prestaram informações à polícia e depois foram devolvidos a casa", explicou o comissário timorense, acrescentando que a sede do CPD-RDTL em Díli está ocupada pela polícia como "posto de observação".

O comandante-geral da PNTL explicou também que não tem um prazo para aplicar a resolução, mas pretende que seja "breve".

O parlamento de Timor-Leste aprovou na segunda-feira por unanimidade uma resolução que condena aquilo que considera serem tentativas de instabilidade e ameaças ao Estado protagonizadas pelo Conselho de Revolução do Povo Maubere, liderado pelo antigo comandante da guerrilha Mauk Moruk, e pelo CPD-RDTL.

A resolução foi aprovada durante um debate de urgência com a presença do primeiro-ministro e ministro da Defesa e Segurança de Timor-Leste, Xanana Gusmão.

Na resolução, os deputados afirmam que têm acompanhado, "com preocupação, as movimentações de grupos ilegais, nomeadamente do autointitulado Conselho da Revolução do Povo Maubere, do CPD-RDTL, entre outros, que têm vindo a público através dos meios de comunicação social fazer exigências de cariz político ao Presidente da República para suspender a Constituição, demitir o Governo e dissolver o parlamento".

Os deputados exigiram aos órgãos de soberania para tomarem, no âmbito das suas competências, "medidas urgentes que a Constituição e as leis preveem para situações de cometimento de crimes por forma a devolver aos cidadãos as necessárias segurança e tranquilidade".

O CPD-RDTL é um grupo de ex-veteranos, liderado por António Matak, que após a restauração da independência realizou várias manifestações em Díli a exigir o reconhecimento da independência proclamada em 1975, bem como a saída das organizações internacionais.

Em março de 2013, o Governo timorense já tinha acusado o CPD-RDTL de violar a lei e desrespeitar os direitos humanos, nomeadamente através da ocupação de terras particulares, públicas e da comunidade.

Mauk Moruk é o antigo primeiro comandante das Brigadas Vermelhas das FALINTIL, que abandonou a guerrilha em 1984 e se rendeu aos indonésios. Já na Indonésia, juntou-se às forças armadas daquele país.

Mauk Moruk, que esteve fora do país vários anos, regressou a Timor-Leste em outubro e criou o Conselho de Revolução Maubere, que exige a dissolução do parlamento, a demissão do Governo, a convocação de eleições, a entrada em vigor da Constituição de 1975 e a alteração para um regime presidencialista no país.

MSE // VM - Lusa

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