Díli, 06 mar (Lusa)
- A polícia timorense anunciou hoje que ocupou a sede do Conselho Popular de
Defesa de Timor-Leste, na sequência da resolução do parlamento que pede medidas
para anular tentativas de instabilidade e ameaças ao Estado.
A operação, que decorreu
na quarta-feira em Díli, faz parte da "atividade policial em termos de
medidas de segurança no âmbito da resolução", afirmou aos jornalistas o
comandante-geral da Polícia Nacional de Timor-Leste, o comissário Longuinhos
Monteiro.
Longuinhos Monteiro
falava aos jornalistas no final de um encontro com o Presidente timorense, Taur
Matan Ruak, durante o qual foi discutida a aplicação da resolução do
parlamento.
Segundo o
comissário Longuinhos Monteiro, nenhum elemento do CPD-RDTL (Conselho Popular
de Defesa da República Democrática de Timor-Leste) foi detido, mas prestaram
"informações".
"Houve um
contacto muito persuasivo, prestaram informações à polícia e depois foram
devolvidos a casa", explicou o comissário timorense, acrescentando que a
sede do CPD-RDTL em Díli está ocupada pela polícia como "posto de
observação".
O comandante-geral
da PNTL explicou também que não tem um prazo para aplicar a resolução, mas
pretende que seja "breve".
O parlamento de
Timor-Leste aprovou na segunda-feira por unanimidade uma resolução que condena
aquilo que considera serem tentativas de instabilidade e ameaças ao Estado
protagonizadas pelo Conselho de Revolução do Povo Maubere, liderado pelo antigo
comandante da guerrilha Mauk Moruk, e pelo CPD-RDTL.
A resolução foi
aprovada durante um debate de urgência com a presença do primeiro-ministro e
ministro da Defesa e Segurança de Timor-Leste, Xanana Gusmão.
Na resolução, os
deputados afirmam que têm acompanhado, "com preocupação, as movimentações
de grupos ilegais, nomeadamente do autointitulado Conselho da Revolução do Povo
Maubere, do CPD-RDTL, entre outros, que têm vindo a público através dos meios
de comunicação social fazer exigências de cariz político ao Presidente da
República para suspender a Constituição, demitir o Governo e dissolver o
parlamento".
Os deputados
exigiram aos órgãos de soberania para tomarem, no âmbito das suas competências,
"medidas urgentes que a Constituição e as leis preveem para situações de
cometimento de crimes por forma a devolver aos cidadãos as necessárias
segurança e tranquilidade".
O CPD-RDTL é um
grupo de ex-veteranos, liderado por António Matak, que após a restauração da
independência realizou várias manifestações em Díli a exigir o reconhecimento
da independência proclamada em 1975, bem como a saída das organizações
internacionais.
Em março de 2013, o
Governo timorense já tinha acusado o CPD-RDTL de violar a lei e desrespeitar os
direitos humanos, nomeadamente através da ocupação de terras particulares,
públicas e da comunidade.
Mauk Moruk é o
antigo primeiro comandante das Brigadas Vermelhas das FALINTIL, que abandonou a
guerrilha em 1984 e se rendeu aos indonésios. Já na Indonésia, juntou-se às
forças armadas daquele país.
Mauk Moruk, que
esteve fora do país vários anos, regressou a Timor-Leste em outubro e criou o
Conselho de Revolução Maubere, que exige a dissolução do parlamento, a demissão
do Governo, a convocação de eleições, a entrada em vigor da Constituição de
1975 e a alteração para um regime presidencialista no país.
MSE // VM - Lusa
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