Genebra, 18 mar
(Lusa) -- O chefe da delegação de Timor-Leste na União Interparlamentar (UIP)
apelou hoje à delegação australiana para esclarecer o processo de espionagem e
criticou a atitude das autoridades da Austrália, na sua intervenção perante a
assembleia da organização, em Genebra.
"Apelo aos
colegas parlamentares da Austrália para que se envolvam diretamente nesta
questão e esclareçam o Parlamento australiano sobre este processo",
declarou David Ximenes chefe da delegação timorense na UIP e presidente da
Comissão Parlamentar de Negócios Estrangeiros, da Defesa e da Segurança
Nacional de Timor-Leste.
Em 2012,
Timor-Leste acusou a Austrália de espionagem quando ambos os países estavam a
negociar o Tratado do Mar de Timor e a repartição das receitas do petróleo e do
gás. O caso está atualmente em processo de arbitragem internacional, mas,
recentemente, alegando razoes de segurança nacional, as autoridades
australianas confiscaram documentos no escritório do advogado de Timor-Leste
neste caso.
Segundo David
Ximenes, esta atitude demonstra que a Austrália reconhece a existência de
espionagem durante as negociações do Tratado do Mar de Timor.
Assim, o
representante timorense na UIP criticou a atitude das autoridades australianas
no processo de arbitragem internacional, sublinhando que "o seu
representante legal, que estava na posse das provas que iria apresentar à
justiça, foi alvo de buscas e apreendidos os documentos por parte das
autoridades australianas, com o argumento de que os mesmos iriam colocar em
causa os interesses, entenda-se económicos, do país".
David Ximenes
condenou todas atividades de espionagem, que, disse, demonstram "uma
opressão, uma clara violação dos direitos humanos por parte dos países que
dominam ou têm acesso à tecnologia e que a partir desse conhecimento obtêm
vantagens ou acesso a informação privilegiada".
O responsável
timorense concluiu a sua intervenção em relação à espionagem criticando o
"taticismo" de alguns países para o controlo dos recursos naturais.
Timor-Leste acusou
formalmente, junto do Tribunal Permanente Arbitral de Haia, a Austrália de
espionagem quando estava a ser negociado um tratado sobre a exploração do
petróleo e gás no Mar de Timor.
Com a arbitragem
internacional, Timor-Leste pretende ver o tratado anulado, podendo assim
negociar a limitação das fronteiras marítimas e tirar todos os proveitos da
exploração do campo de gás de Greater Sunrise, que vale milhares de milhões de
dólares.
Baseada em Genebra,
a União interparlamentar (UIP) reúne-se duas vezes por ano e pretende promover,
entre outros, os direitos humanos, a democracia e a diplomacia parlamentar.
A UIP é a
organização internacional mais antiga e celebra o seu 125.º aniversário este
ano.
VYE // VM - Lusa
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