quarta-feira, 19 de março de 2014

Timor-Leste apela à Austrália para esclarecer assunto de espionagem na UIP




Genebra, 18 mar (Lusa) -- O chefe da delegação de Timor-Leste na União Interparlamentar (UIP) apelou hoje à delegação australiana para esclarecer o processo de espionagem e criticou a atitude das autoridades da Austrália, na sua intervenção perante a assembleia da organização, em Genebra.

"Apelo aos colegas parlamentares da Austrália para que se envolvam diretamente nesta questão e esclareçam o Parlamento australiano sobre este processo", declarou David Ximenes chefe da delegação timorense na UIP e presidente da Comissão Parlamentar de Negócios Estrangeiros, da Defesa e da Segurança Nacional de Timor-Leste.

Em 2012, Timor-Leste acusou a Austrália de espionagem quando ambos os países estavam a negociar o Tratado do Mar de Timor e a repartição das receitas do petróleo e do gás. O caso está atualmente em processo de arbitragem internacional, mas, recentemente, alegando razoes de segurança nacional, as autoridades australianas confiscaram documentos no escritório do advogado de Timor-Leste neste caso.

Segundo David Ximenes, esta atitude demonstra que a Austrália reconhece a existência de espionagem durante as negociações do Tratado do Mar de Timor.

Assim, o representante timorense na UIP criticou a atitude das autoridades australianas no processo de arbitragem internacional, sublinhando que "o seu representante legal, que estava na posse das provas que iria apresentar à justiça, foi alvo de buscas e apreendidos os documentos por parte das autoridades australianas, com o argumento de que os mesmos iriam colocar em causa os interesses, entenda-se económicos, do país".

David Ximenes condenou todas atividades de espionagem, que, disse, demonstram "uma opressão, uma clara violação dos direitos humanos por parte dos países que dominam ou têm acesso à tecnologia e que a partir desse conhecimento obtêm vantagens ou acesso a informação privilegiada".

O responsável timorense concluiu a sua intervenção em relação à espionagem criticando o "taticismo" de alguns países para o controlo dos recursos naturais.

Timor-Leste acusou formalmente, junto do Tribunal Permanente Arbitral de Haia, a Austrália de espionagem quando estava a ser negociado um tratado sobre a exploração do petróleo e gás no Mar de Timor.

Com a arbitragem internacional, Timor-Leste pretende ver o tratado anulado, podendo assim negociar a limitação das fronteiras marítimas e tirar todos os proveitos da exploração do campo de gás de Greater Sunrise, que vale milhares de milhões de dólares.
Baseada em Genebra, a União interparlamentar (UIP) reúne-se duas vezes por ano e pretende promover, entre outros, os direitos humanos, a democracia e a diplomacia parlamentar.

A UIP é a organização internacional mais antiga e celebra o seu 125.º aniversário este ano.

VYE // VM - Lusa

Sem comentários:

Mais lidas da semana