A presidente da
Associação de Pensionistas e Reformados (APRE!) afirmou hoje que a alteração do
cálculo das pensões em 2015 consoante a economia e demografia, abordada num
documento da Comissão Europeia, é uma forma "disfarçada" de tornar
definitivos os cortes provisórios.
"Isto é uma
forma disfarçada de tornar definitivos os cortes provisórios, com um único
objetivo: empobrecer os portugueses e os aposentados", disse à agência
Lusa Maria do Rosário Gama.
A reforma das
pensões consta de um documento da Comissão Europeia, hoje divulgado em diversos
órgãos de comunicação social, que refere que a reforma das pensões deve incluir
medidas de curto prazo e prevê que as novas medidas vão entrar em vigor no
próximo ano e serão aplicadas a todas as pensões, mesmo aquelas que já se
encontram em pagamento.
Além disso, segundo
os dados divulgados na imprensa, deverá ainda ser fixada uma cláusula de
salvaguarda que impedirá a redução das reformas.
A ser aprovada esta
reforma das pensões, que vai passar a integrar critérios demográficos e
económicos, a responsável alerta ainda para a variação a que ficam sujeitas as
contribuições de ano para ano, situação que considera "muito preocupante,
sobretudo numa altura em que a tranquilidade é tão importante".
"As pessoas
vão ficar sem saber qual é a sua contribuição no próximo ano. Não se entende
como é possível vir o primeiro-ministro assinar uma reforma destas",
disse.
Maria do Rosário
Gama lembra o encontro realizado no final de março entre o secretário de Estado
da Administração Pública, Leite Martins, e vários jornalistas, do qual
resultaram notícias sobre o eventual corte permanente das pensões, situação que
foi desmetida por sucessivos elementos do Governo, inclusive pelo
primeiro-ministro, ao afirmar que não haverá mais cortes nos salários e nas
pensões.
"Afinal isto é
o que o secretário de Estado [da Administração Pública] tinha anunciado e já
estava definido. E depois temos de viver com estas mentiras de que não ía haver
mais cortes", disse.
Pelo contrário, a
responsável reforçou que os cortes vão passar a ser definitivos e variáveis e
centra-se nesta última questão, que considera "uma violação da
confiança".
"Não é
possível conviver com isso [variação], a renda da casa não varia, os
medicamentos também não. As pessoas têm cada vez mais dificuldades. É uma
situação muito complicada", frisou.
Questionada sobre o
eventual aumento da idade da reforma, Maria do Rosário Gama diz que "não
será por aí" e lembra que o fator de sustentabilidade dos reformados já
vai nos 12,4%, quando há um ano se situava na ordem dos 5%, representando por
isso "já um corte brutal nas pensões".
"Se vão fazer
variar ainda mais, se o número de nascimentos não vai aumentar, se os jovens
emigram cada vez mais e dos que cá ficam muitos estão desempregados, isto não
são boas expetativas", considerou.
A responsável
contou já ter recebido uma série de telefonemas de pessoas muito preocupadas
com a situação e a questionarem-se como vão aguentar.
"Isto é
horrível", concluiu.
Lusa, em RTP
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