Sydney,
Austrália, 23 jun (Lusa) - A ministra dos Negócios Estrangeiros da Austrália
afirmou hoje "estar consternada" com a condenação no Egito, a sete
anos de prisão, de um jornalista australiano da cadeia do Qatar Al-Jazira,
acusado de apoiar o movimento islamita Irmandade Muçulmana.
"O
Governo australiano está chocado com este veredito. Estamos estupefactos por
ter sido pronunciada uma pena e consternados pela sua severidade",
declarou Julia Bishop.
A
condenação dos jornalistas no Egito, incluindo a de uma holandesa julgada à
revelia, vai ser debatida no âmbito do Conselho de Assuntos Gerais e de
Relações Externas da UE, hoje a decorrer no Luxemburgo, afirmou o chefe da
diplomacia da Holanda, Frans Timmermans.
"Chamei
o embaixador do Egito ao ministério e vou discutir este caso, hoje, no
Luxemburgo, com os meus homólogos europeus", indicou.
Timmermans
acrescentou que a jornalista holandesa Rena Netjes não teve direito "a um
julgamento justo", de acordo com um comunicado do ministério dos Negócios
Estrangeiros holandês.
O
diretor da cadeia do Qatar denunciou "a condenação injusta" pela
justiça egípcia dos jornalistas da Al-Jazira.
"Denunciamos
(...) este tipo de julgamentos injustos", declarou Mustafa Sawaq, que
acrescentou "estar chocado" pela severidade das penas pronunciadas
contra os jornalistas, numa intervenção transmitida pela Al-Jazira.
Um
tribunal egípcio condenou hoje a sete e dez anos de prisão três jornalistas da
cadeia do Qatar Al-Jazira, acusados de apoiar o movimento Irmandade Muçulmana
do presidente destituído Mohamed Morsi.
O
jornalista egípcio-canadiano Mohamed Fadel Fahmy, chefe da delegação da
Al-Jazira até à altura em que esta foi proibida no Egito, e o australiano Peter
Greste foram condenados a sete anos de prisão, enquanto o egípcio Baher Mohamed
foi condenado a duas penas de prisão: uma de sete e outra de três, elevando a dez
o número de anos que deverá passar na prisão.
A
jornalista holandesa integrava um grupo de 11 acusados julgados à revelia,
condenados a dez anos de prisão.
Este
veredito surge duas semanas depois da eleição para a presidência do país de
Abdel Fattah al-Sisi, com 96,9% dos votos. Este marechal na reserva dirigia já
e "de facto" o Egito desde que destituiu e deteve Morsi, a 03 de
julho de 2013.
A
repressão sangrenta e implacável dos apoiantes da Irmandade Muçulmana e de
Morsi causou já mais de 1.400 mortos. Mais de 15 mil pessoas foram detidas e
algumas centenas foram condenadas à morte ou a prisão perpétua, em processos
sumários.
EJ
// VM - Lusa
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