terça-feira, 24 de junho de 2014

Austrália, Holanda e Al-Jazira denunciam condenação de jornalistas no Egito




Sydney, Austrália, 23 jun (Lusa) - A ministra dos Negócios Estrangeiros da Austrália afirmou hoje "estar consternada" com a condenação no Egito, a sete anos de prisão, de um jornalista australiano da cadeia do Qatar Al-Jazira, acusado de apoiar o movimento islamita Irmandade Muçulmana.

"O Governo australiano está chocado com este veredito. Estamos estupefactos por ter sido pronunciada uma pena e consternados pela sua severidade", declarou Julia Bishop.

A condenação dos jornalistas no Egito, incluindo a de uma holandesa julgada à revelia, vai ser debatida no âmbito do Conselho de Assuntos Gerais e de Relações Externas da UE, hoje a decorrer no Luxemburgo, afirmou o chefe da diplomacia da Holanda, Frans Timmermans.

"Chamei o embaixador do Egito ao ministério e vou discutir este caso, hoje, no Luxemburgo, com os meus homólogos europeus", indicou.

Timmermans acrescentou que a jornalista holandesa Rena Netjes não teve direito "a um julgamento justo", de acordo com um comunicado do ministério dos Negócios Estrangeiros holandês.

O diretor da cadeia do Qatar denunciou "a condenação injusta" pela justiça egípcia dos jornalistas da Al-Jazira.

"Denunciamos (...) este tipo de julgamentos injustos", declarou Mustafa Sawaq, que acrescentou "estar chocado" pela severidade das penas pronunciadas contra os jornalistas, numa intervenção transmitida pela Al-Jazira.

Um tribunal egípcio condenou hoje a sete e dez anos de prisão três jornalistas da cadeia do Qatar Al-Jazira, acusados de apoiar o movimento Irmandade Muçulmana do presidente destituído Mohamed Morsi.

O jornalista egípcio-canadiano Mohamed Fadel Fahmy, chefe da delegação da Al-Jazira até à altura em que esta foi proibida no Egito, e o australiano Peter Greste foram condenados a sete anos de prisão, enquanto o egípcio Baher Mohamed foi condenado a duas penas de prisão: uma de sete e outra de três, elevando a dez o número de anos que deverá passar na prisão.

A jornalista holandesa integrava um grupo de 11 acusados julgados à revelia, condenados a dez anos de prisão.

Este veredito surge duas semanas depois da eleição para a presidência do país de Abdel Fattah al-Sisi, com 96,9% dos votos. Este marechal na reserva dirigia já e "de facto" o Egito desde que destituiu e deteve Morsi, a 03 de julho de 2013.

A repressão sangrenta e implacável dos apoiantes da Irmandade Muçulmana e de Morsi causou já mais de 1.400 mortos. Mais de 15 mil pessoas foram detidas e algumas centenas foram condenadas à morte ou a prisão perpétua, em processos sumários.

EJ // VM - Lusa

Sem comentários:

Mais lidas da semana