Serguei Duz – Voz da Rússia
Tudo
indica que Washington tenciona estrangular a Rússia com o nó da OTAN. A sua
doutrina russófoba foi aceita por muitos dos que antes estiveram ligados ao
povo russo por laços de amizade. Chegou a vez da Ucrânia.
A
Aliança Atlântica usa todos os pretextos, frequentemente artificiais, para
aproximar suas infraestruturas das fronteiras da Rússia. Tendo na prática
provocado uma guerra civil na Ucrânia, os norte-americanos tencionam aproveitar
o caos instalado para dar mais um passo firme. Usando as táticas da guerra
informativa, os EUA criam nos territórios sob seu controle uma atmosfera de
medo e ódio, na qual os argumentos da razão cedem à pressão dos falsos
testemunhos, dos fatos inventados e das declarações provocatórias.
Com
a crise da Ucrânia como pano de fundo, na sede da OTAN preferem não falar de um
futuro alargamento. O secretário-geral da Aliança Anders Fogh Rasmussen apenas
prometeu vagamente aprofundar a cooperação militar com Kiev e realizar
exercícios conjuntos. A ambiguidade do secretário-geral é compreensível, pois
Kiev se encontra em estado de disputa territorial com Moscou e o Tratado do
Atlântico Norte recusa categoricamente a adesão de países com esse tipo de
problemas.
Uma
situação semelhante se vive na Geórgia. O conflito da Abkházia e da Ossétia do
Sul reduz vertiginosamente sua hipótese de entrar para a Aliança. Mas é
evidente que tanto a Geórgia, como a Ucrânia, são para a OTAN bocados bem
apetecíveis, visto que são inclusão na esfera de influência do bloco criaria um
poderosíssimo fator de pressão diplomática e militar sobre a Rússia.
Lá
onde a OTAN se sente à vontade, a Aliança dinamiza sua atividade. Essa
tendência não é de agora. Mas a crise ucraniana dinamizou o processo. Começam
os exercícios da OTAN no mar Báltico, a base aérea norte-americana na Estônia
está recebendo mais caças F-16 e a Lituânia está aumentando seu orçamento
militar para cobrir o aumento de despesas com o aquartelamento de destacamentos
suplementares de outros países da Aliança.
A
OTAN reforça sua presença também no mar Negro. Durante o mês passado na Romênia
tiveram lugar várias manobras conjuntas com os norte-americanos, uma série dos
quais em polígonos perto da fronteira com a Ucrânia. O cruzador norte-americano
Ticonderoga chegou ao porto romeno de Constanta. No início do ano, a OTAN
transferiu oficialmente para esta cidade as funções do Centro de Trânsito do
Pentágono do aeroporto de Manas, no Quirguistão.
Aliás,
a população do Quirguistão se sentiu muito aliviada porque os estadunidenses
deixaram de si uma má memória. Durante os treze anos de funcionamento da base
aérea dos EUA em Manas, os habitantes locais enfrentaram casos de violência
direta por parte dos militares estrangeiros.
É
sintomático que os militares da OTAN recusam quase ostensivamente respeitar as
leis dos países que visitam logo que pisam seu solo. O aumento do contingente
militar da OTAN já trouxe novos problemas aos habitantes de Letônia. Aivars
Lembergs, o prefeito da pacata vila portuária de Ventspils, referiu com
tristeza que em dois dias os militares da OTAN provocaram tantos incidentes quantos
não ocorrem durante o Dia da Cidade, quando Ventspils é visitada por dezenas de
milhares de pessoas.
Todos
esses truques são apenas uma pequena parte do panorama geral, mas eles permitem
avaliar a situação no seu todo. É muito importante perceber que o frenesim
europeu da OTAN não ameaça apenas a segurança da Rússia, mas a estabilidade
internacional no seu todo. Dito de uma forma direta, Washington está brincando
com o fogo e, além disso, envolve em seus jogos aqueles que, por diversas
razões, não podem resistir a suas pressões.
Para
satisfazer suas ambições políticas e geoestratégicas, é executada uma prática
dirigida à desestabilização da situação política em países soberanos. Essa é
uma estratégia muito perigosa que, mais tarde ou mais cedo, poderá provocar uma
catástrofe mundial.
Foto:
AP/Efrem Lukatsky
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