Hong Kong, China,
27 jun (Lusa) - Dois homens acusados de atacarem um antigo editor de um jornal
de Hong Kong viram hoje o tribunal negar-lhes a liberdade sob fiança, quando os
receios sobre a liberdade de imprensa se intensificam na antiga colónia
britânica.
Kevin Lau, antigo
editor do diário Ming Pao, ficou em estado crítico depois de ter sido atacado
na rua em fevereiro e em plena luz do dia por dois homens, que fugiram do local
num motociclo.
O ataque aconteceu
apenas duas semanas depois de Kevin Lau ter sido demitido do cargo que ocupava
no jornal para ser substituído por um outro editor considerado pró-Pequim.
Yip Kim-wah e Wong
Chi-wah, que solicitaram a liberdade sob fiança, acabaram acusados do ataque
por um tribunal em março.
Os seus pedidos de
fiança foram negados pelo magistrado David Chum dada a "gravidade do
ataque" e o "perigo de fuga".
"Eu ainda não
me declarei culpado e não há testemunhas oculares", respondeu Yip Kim-wah
depois da acusação se ter oposto à aplicação de fiança, ao passo que Wong
Chi-wah não apresentou qualquer objeção.
Nenhum dos acusados
apresentou recurso da decisão.
Os dois homens
foram detidos na província de Guangdong, já em território continental chinês, e
deportados para Hong Kong em março.
Tal como Macau, a
autonomia de Hong Kong face ao poder central da China concede à Região
Administrativa Especial o poder de julgamento de acordo com leis próprias,
inclusivamente em última instância.
Após a decisão de
hoje foi marcada nova audiência para 01 de agosto, para que os acusados possam
constituir um defensor.
A substituição de
Kevin Lau como editor do Ming Pao gerou protestos na cidade, com críticas a
Pequim, acusada de exercer maior pressão e controlo sobre os órgãos de
comunicação social da cidade.
Após o ataque a
Kevin Lau, outros dois dirigentes de órgãos de comunicação social de Hong Kong
foram atacados por quatro homens encapuzados que os feriram recorrendo a barras
metálicas.
A poucos dias de 01
de julho, data em que a China reassumiu a soberania sobre Hong Kong depois do
fim da colónia britânica, a cidade prepara-se para uma manifestação
pró-democracia que os organizadores acreditam será a maior de sempre desde a
entrega de poderes em 1997.
O protesto acontece
poucos dias depois de mais de 750.000 pessoas terem votado num referendo não
oficial sobre o processo democrático de Hong Kong, devido aos receios de que a
China não cumpra a promessa de permitir a escolha do chefe do Governo da cidade
por sufrágio universal já em 2017.
Pequim já anunciou
permitir a escolha popular do líder da cidade, mas condicionou essa escolha a
uma pré-seleção no âmbito da comissão que atualmente elege o chefe do Governo.
JCS // APN - Lusa
Sem comentários:
Enviar um comentário