sexta-feira, 27 de junho de 2014

Tribunal nega fiança a alegados atacantes de jornalista em Hong Kong




Hong Kong, China, 27 jun (Lusa) - Dois homens acusados de atacarem um antigo editor de um jornal de Hong Kong viram hoje o tribunal negar-lhes a liberdade sob fiança, quando os receios sobre a liberdade de imprensa se intensificam na antiga colónia britânica.

Kevin Lau, antigo editor do diário Ming Pao, ficou em estado crítico depois de ter sido atacado na rua em fevereiro e em plena luz do dia por dois homens, que fugiram do local num motociclo.

O ataque aconteceu apenas duas semanas depois de Kevin Lau ter sido demitido do cargo que ocupava no jornal para ser substituído por um outro editor considerado pró-Pequim.

Yip Kim-wah e Wong Chi-wah, que solicitaram a liberdade sob fiança, acabaram acusados do ataque por um tribunal em março.

Os seus pedidos de fiança foram negados pelo magistrado David Chum dada a "gravidade do ataque" e o "perigo de fuga".

"Eu ainda não me declarei culpado e não há testemunhas oculares", respondeu Yip Kim-wah depois da acusação se ter oposto à aplicação de fiança, ao passo que Wong Chi-wah não apresentou qualquer objeção.

Nenhum dos acusados apresentou recurso da decisão.

Os dois homens foram detidos na província de Guangdong, já em território continental chinês, e deportados para Hong Kong em março.

Tal como Macau, a autonomia de Hong Kong face ao poder central da China concede à Região Administrativa Especial o poder de julgamento de acordo com leis próprias, inclusivamente em última instância.

Após a decisão de hoje foi marcada nova audiência para 01 de agosto, para que os acusados possam constituir um defensor.

A substituição de Kevin Lau como editor do Ming Pao gerou protestos na cidade, com críticas a Pequim, acusada de exercer maior pressão e controlo sobre os órgãos de comunicação social da cidade.

Após o ataque a Kevin Lau, outros dois dirigentes de órgãos de comunicação social de Hong Kong foram atacados por quatro homens encapuzados que os feriram recorrendo a barras metálicas.

A poucos dias de 01 de julho, data em que a China reassumiu a soberania sobre Hong Kong depois do fim da colónia britânica, a cidade prepara-se para uma manifestação pró-democracia que os organizadores acreditam será a maior de sempre desde a entrega de poderes em 1997.

O protesto acontece poucos dias depois de mais de 750.000 pessoas terem votado num referendo não oficial sobre o processo democrático de Hong Kong, devido aos receios de que a China não cumpra a promessa de permitir a escolha do chefe do Governo da cidade por sufrágio universal já em 2017.

Pequim já anunciou permitir a escolha popular do líder da cidade, mas condicionou essa escolha a uma pré-seleção no âmbito da comissão que atualmente elege o chefe do Governo.

JCS // APN - Lusa

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