Jornal
de Angola, editorial - 19 de Julho, 2014
Ontem
o mundo comemorou o Dia de Mandela para homenagear o político que personifica a
luta contra o apartheid, regime que reinou na África do Sul durante décadas, alimentado
aberta ou envergonhadamente por países que ontem como hoje se apresentam como
modelos democráticos insubstituíveis e de adopção obrigatória.
Enquanto
Nelson Mandela penava numa prisão da África do Sul, políticos de países
democráticas faziam negócios com Pretória. E os seus países nem sequer
hesitaram em apoiar abertamente as invasões a Angola, numa guerra não declarada.
O Dia de Mandela teve um momento anterior que até agora tem sido ignorado pela comunidade internacional e por isso mesmo pelas centrais de propaganda que gostam de individualizar o que é de todos. Na África do Sul há muitos heróis que se distinguiram na luta contra o apartheid. A escritora Nadine Gortimer, agora falecida, é uma das mais importantes. Mas podemos fazer desfilar outros sul-africanos que se bateram contra o apartheid como Oliver Tambo, Walter Sisulu, Jo Slovo, que foi comandante do braço armado do ANC, Winnie Mandela e obrigatoriamente o Presidente Zuma.
O Dia de Mandela foi antecedido pelo Dia do Tumpo. E esta data gloriosa que marca a derrota do apartheid no Cuando Cubango, à vista do Cuito Cuanavale, só existiu porque Agostinho Neto disse que Angola só seria livre quando fosse esmagado o apartheid que oprimia os povos da Namíbia, Zimbabwe e África do Sul. Quando os angolanos foram surpreendidos e magoados com a sua morte, o jovem político que lhe sucedeu, José Eduardo dos Santos, agarrou no testemunho e comandou os mais exaltantes combates do Povo Angolano até à derrota do regime de Pretória, forçando os chefes do hediondo regime a assinarem o Acordo de Nova Iorque.
A Batalha do Cuito Cuanavale, no Triângulo do Tumpo, libertou o mundo do mais grave crime que alguma vez foi cometido contra a Humanidade. Mas os angolanos que se bateram heroicamente contra as tropas nazis de Pretória e os seus aliados têm mais vitórias a celebrar. Em primeiro lugar, o fim da agressão estrangeira à Pátria Angolana. Depois, a Independência da Namíbia. E a sua luta heróica também ajudou a abrir de par em par as portas do cárcere de Nelson Mandela. Por isso, o dia do grande herói sul-africano teve um momento anterior de extraordinária importância para todos os que se batem pela liberdade e a democracia: O Dia do Tumpo.
O mundo tarda em compreender que o Presidente José Eduardo dos Santos foi o comandante supremo das forças que derrubaram o apartheid e levaram à libertação de Nelson Mandela. A Batalha do Cuito Cuanavale é um marco na História da Humanidade mas é também uma das mais importantes batalhas mundiais na luta pela democracia e contra o nazismo. Hitlter e a ideologia nazi não acabaram no dia em que as tropas alemãs foram derrotadas na Frente Russa. Nem depois da vitória dos Aliados nas praias da Normandia. o nazismo não ficou decapitado no momento em que o Exército Vermelho entrou em Berlim e esmagou a cabeça da cobra.
O nazismo, com outros métodos e matizes, continuou na Península Ibérica. O regime fascista de Lisboa impôs práticas claramente nazis e esclavagistas em Angola e nas restantes colónias africanas. A África do Sul adoptou o regime de apartheid e uma política expansionista, de dominação e submissão dos países vizinhos. Angola não se submeteu. Mas mais do que a insubmissão, os angolanos enfrentaram as forças de defesa e segurança de Pretória, na época das mais poderosas do mundo. E o Dia de Mandela é a prova universal de que Agostinho Neto e José Eduardo dos Santos tinham razão. A Humanidade deve-lhes esse momento anterior à data que homenageia o mais popular herói da luta contra o apartheid. Esse momento mágico que é o Dia do Tumpo. Aquele triângulo no solo sagrado da Pátria onde as tropas do regime de Pretória foram esmagadas, depois de meses de combates.
O Dia do Tumpo está na base do Dia de Mandela. E essas duas datas significam horas, dias, meses e anos da guerra que o heróico Povo Angolano travou até esmagar as forças do apartheid. O mundo precisa de conhecer o Cuito Cuanavale e aquele triângulo na confluência de vários rios do Cuando Cubango. Porque ali triunfou a democracia e a liberdade, sobre a ditadura dos nazis do apartheid.A Humanidade foi libertada pelos heróis da Batalha do Cuito Cuanavale da vergonha do apartheid na África do Sul e na Namíbia. E hoje só celebramos o Dia de Mandela porque os angolanos derrotaram o regime e abriram as portas de todas as suas prisões, puseram fim aos campos de concentração baptizados de bantustões e levaram a democracia a toda a África Austral. Por isso o Dia do Tumpo é do mundo e também de Mandela.
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