Eduardo
Oliveira Silva – jornal i, editorial
Do
estranho caso dos aposentados proibidos de prestarem serviço ao Estado, até ao
incómodo causado por um comentador, passando por estranhas coincidências
noticiosas
A
alteração discretamente introduzida que levou à proibição dos aposentados do
Estado prestarem qualquer serviço a entidades públicas mesmo de borla está a
fazer vítimas sucessivas. Bagão Félix demitiu-se da função que desempenhava pro
bono junto da Universidade de Évora. Octávio Teixeira abandonou a sua
notável participação na Antena 1. Agora é a vez de Simonetta Afonso não poder
nem mesmo receber senhas de presença pela sua participação no Conselho Geral
Independente (CGI) da RTP. Aqui menos mal porque o órgão é uma verdadeira
aberração com competências que conseguem entrar abusivamente na esfera
editorial das direcções e, ainda por cima, condicionar a gestão da
administração. Mais um imbróglio saído da dupla Maduro/Lomba notabilizada por
ter inventado os briefings políticos que tiveram três sessões e geraram outras
tantas baixas no executivo. No CGI o arranque também não está a ser brilhante.
O crítico João Lopes foi indicado e logo rejeitado pela ERC por não preencher
as condições. Miguel Relvas, o antecessor de Maduro, está, portanto, totalmente
perdoado.
As
coincidências são coisas relativamente raras no mundo da política, da justiça,
da economia e por tabela do jornalismo. É corrente verificar-se, nomeadamente
no campo da investigação, que surgem a público informações que se destinam
nitidamente a julgar por antecipação certas pessoas, mais a mais se elas
exerceram funções políticas. Ver-se-á se Arlindo de Carvalho não tipifica a
situação, visto que é sempre posto na berlinda de forma aparentemente persecutória
por fontes nunca identificadas. Recentemente apareceram, entretanto, notícias à
volta de dois nomes, as quais devem ser encaradas com reserva. Trata-se de
Jaime Soares e Tomás Correia. O primeiro é presidente da Liga dos Bombeiros e
vai a eleições dentro de dias para um cargo nevrálgico que interessa a muita
gente. O segundo é o líder do Montepio Geral e haverá eleições para a gestão da
instituição dentro de pouco mais de um ano.
O
mundo jornalístico digere mal a presença de Luís Marques Mendes na SIC e o
facto de também dar notícias em vez de se confinar à análise política. Até LMM
chegar só o Prof. Marcelo entrava pontualmente no domínio noticioso, mas
ficava-se em regra pelo comentário. E quando antecipava uma notícia, Marcelo
rodeava a coisa para não perturbar certas sensibilidades. Já Marques Mendes
oferece um serviço mais completo. Dá notícias, o que incomoda quem não as
consegue encontrar, gerando teorias de toda a espécie que ora sustentam
tratar-se de um batedor do governo, ora uma carta fora do baralho. Uma coisa é
certa: Mendes traz novidades e acrescenta valor à informação nacional. Ainda
por cima não hesitou em chegar-se à frente ao sábado, colmatando muitas vezes
as falhas da imprensa de fim-de-semana e antecipando-se a Marcelo. Marques Mendes
inventou uma dupla faceta, juntando comentário e notícia. Até porque na lógica
do comentário puro e duro as televisões até estão muito bem servidas, começando
na lucidez assertiva de Manuela Ferreira Leite, a imperdível Quadratura do
Círculo de Carlos Andrade e companhia, o comentário imediato e fulgurante de
Constança Cunha e Sá, a ironia maquiavélica de Augusto Santos Silva e a lucidez
analítica de Morais Sarmento. Mau mesmo só José Sócrates que em vez de
aproveitar positivamente o seu talento transformou o seu espaço numa espécie de
Muro das Lamentações. Há, depois, claro, uns programas que têm mais a ver com
entretenimento, mas que nem por isso deixam de ser interessantes.
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