Fernanda
Mestrinho – jornal i, opinião
Os
“Anjos” com uma OPA ao Espírito Santo (Saúde), esta ironia, só podia mesmo
acontecer-nos a nós. Já estamos por tudo.
Chineses,
mexicanos, brasileiros, angolanos, americanos ou franceses compram tudo o que
há para comprar. Somos a Feira da Ladra do investimento estrangeiro.
Não temos emenda na desgovernação. Como o encanto do passado é ser passado, reli no livro de José Manuel Tengarrinha um texto da Comissão de Censura, de 1826/27, para a Sereníssima Senhora D. Maria II com um problema, o da escassez de censores. Passo a citar: “A Comissão de Censura […] achando-se reduzida a muitos poucos membros, está por isso muito arriscada a parar o seu expediente. A causa disto é porque, de 12 censores nomeados por Vossa Alteza Sereníssima, três nunca apareceram […] Alguns são empregados em cadeiras públicas, outros têm alcançado licença e outros têm adoecido.” O primeiro subscritor, Frei Miguel do Carmo, dos poucos que trabalham, solicita providências para que “os actuais censores possam descansar e não se expor a Comissão ao perigo de parar o expediente”. A falta de organização vem de longe. Quando há, somos dos melhores.
E
também a liderança. Um obsessivo cruzadista fora do tempo, D. Sebastião avançou
para Alcácer Quibir como se fosse para uma festa de gala. O historiador
Oliveira Martins conta que terão sido encontradas nas areias 10 mil guitarras.
Pormenor: perdemos a independência durante 60 anos. E quanto tempo para nos
desendividarmos? Não temos emenda.
Jornalista/advogada - Escreve
ao sábado
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