sábado, 27 de setembro de 2014

Angola: SAMAKUVA CONVIDA DOS SANTOS A DEIXAR A LIDERANÇA DO MPLA


clicar para ampliar
Folha 8, 27 setembro 2014

O líder da UNI­TA, Isaías Samakuva, “convidou” o Presidente José Eduardo dos Santos a deixar a lide­rança do MPLA para ser­vir o país de “forma apar­tidária”, à semelhança da decisão sobre o Governo da Província de Luanda. Admitindo-se, em tese, que o pedido seja aceite, isso não significa em ter­mos pragmáticos que o país passe a ser governa­do de “forma apartidária”. Um paradigma é, ou deve ser, outro.

O presidente da UNITA falava em conferência de imprensa, no 25.09, con­vocada para abordar as medidas administrativas anunciadas pelo Presiden­te angolano para a gestão da província de Luanda.

Entre outras medidas de “desconcentração admi­nistrativa” na província capital, o também titular do poder Executivo anun­ciou, na segunda-feira, o fim da “acumulação do cargo do governador pro­vincial com o de primeiro secretário do Comité Pro­vincial do MPLA [partido no poder desde 1975, pre­sidido por José Eduardo dos Santos]”.

“É pena que o senhor Pre­sidente da República tenha reconhecido só agora que um governador ou adminis­trador de uma grande cida­de não deve acumular essas funções com o cargo de pri­meiro secretário do MPLA. Convidamos o senhor Pre­sidente a alargar esta medi­da para todo o país”, disse Isaías Samakuva.

O Governo Provincial de Luanda é liderado há uma semana por Gracia­no Francisco Domingos, designado para as funções por José Eduardo dos San­tos, tendo, por sua vez, nomeado novos adminis­tradores municipais para toda a província.

José Eduardo dos Santos está no poder em Angola há 35 anos, o mesmo tem­po em que lidera o MPLA, logo após da morte do primeiro Presidente ango­lano, Agostinho Neto. Foi eleito de forma indirecta em 2012, pela última vez, para um mandato que ter­mina dentro de três anos.

Para o líder da UNITA, enquanto se aguarda que a Assembleia Nacional aprove a Lei das Autar­quias Locais, os governa­dores provinciais devem concentrar-se “apenas em questões de governação”.

“Que governem para to­dos os cidadãos e deixem de actuar como agentes promotores da intolerân­cia e da exclusão”, defen­deu Samakuva, para lançar o mesmo repto ao chefe de Estado, que acusou de “dar meio passo” com as mudanças em Luanda.

“E, não seria de mais su­gerir, que este exemplo venha de cima. Convi­damos por isso o senhor Presidente da República a libertar-se também das funções partidárias para servir o país de forma apartidária e como presi­dente de todos os ango­lanos”, rematou o líder da UNITA.

Sem comentários:

Mais lidas da semana