Pequim,
01 set (Lusa) - Um jornal do Partido Comunista Chinês ressuscitou hoje uma
metáfora anti-imperialista da década de 1960 ao qualificar como "um tigre
de papel" a contestação ao modo de eleição do chefe-executivo de Hong Kong
imposto por Pequim.
"Face
à opinião publica dominante em
Hong Kong e à firme determinação do governo central, o campo
da oposição radical está condenado a ser um tigre de papel", disse o
Global Times, publicação em inglês do grupo Diário do Povo, o órgão central do
PCC.
Num
editorial intitulado "Campo radical de Hong Kong é um tigre de
papel", o jornal adverte que aquela Região Administrativa Especial da
China "não é a Ucrânia".
"Os
poderes ocidentais apoiarão a oposição radical de Hong Kong, mas a publicidade
e o nível do apoio não será de modo nenhum comparável ao apoio que deram ao
partido da oposição ucraniana", afirma o Global Times.
"A
força nacional da China significa que não será fácil o Ocidente interferir nos
assuntos de Hong Kong", proclama o jornal.
De
acordo com a resolução aprovada no domingo pela Assembleia Nacional Popular
chinesa, saudada como "histórica" pela imprensa oficial, o
chefe-executivo de Hong Kong será eleito em 2017 por sufrágio direto, pela
primeira vez, mas os candidatos terão de ser aprovados por um comité de
nomeação.
Partidos
democráticos de Hong Kong, que já organizaram manifestações com dezenas de
milhares de pessoas, rejeitam aquele processo, que consideram "uma falsa
democracia", e ameaçam ocupar o centro financeiro e comercial do
território.
Hong
Kong foi integrada na República Popular da China em julho de 1979, com o
estatuto de Região Administrativa Especial e segundo a fórmula "um país,
dois sistemas", adotada também em Macau, que garante às respetivas
populações liberdades de expressão e organização politicas desconhecidas no
resto do país.
Até
agora, o chefe-executivo de Hong Kong tem sido eleito por um Comité de 1.200
membros selecionados entre os chamados "quatro setores" do
território, nomeadamente líderes empresariais e delegados aos órgãos do poder
central, em Pequim.
O
futuro Comité de Nomeação, cuja composição corresponderá ao atual colégio
eleitoral, "designará dois ou três candidatos" e cada um deles deverá
ser aprovado por mais de metade dos membros do comité.
Considerada
uma das economias mais livres do mundo, Hong Kong tem cerca de 7,2 milhões de
habitantes, 72% dos quais com menos de 55 anos, e um Produto Interno Bruto per
capita que ronda os 33.500 dólares - cinco vezes superior ao da China
continental.
Exceto
nas áreas da defesa e das relações externas, que são da competência do governo
central, Hong Kong goza de "um alto grau de autonomia" e é
"governada por pessoas" do território.
AC
// JCS - Lusa
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