LEONOR SÁ MACHADO – Hoje
Macau
Esperam
que seja a última vez em que não votam para o Chefe do Executivo. Scott Chiang
admite que modelo de Hong Kong é “um passo em frente”
Associação
Novo Macau reuniu-se ontem, frente às Ruínas de São Paulo, para protestar em
prol do sistema eleitoral por sufrágio universal, em 2019. De acordo com o
deputado e membro da associação, Ng Kuok Cheong, a escolha do dia de ontem para
a concentração tem precisamente que ver com o evento político realizado no
mesmo dia. É que a ANM espera que ontem tenha sido a última vez em que o Chefe
do Executivo de Macau é eleito apenas por “um pequeno círculo de pessoas”.
Na ocasião, o vice-presidente da ANM, Scott Chiang, disse apoiar a implementação de um novo sistema eleitoral com base no sufrágio universal. Questionado sobre o facto de Macau vir a seguir o exemplo de Hong Kong no que toca à reforma política, o activista referiu que essa é “uma das possibilidades”.
Chiang acrescentou que a votação individual da população, ainda que apenas com três candidatos à disposição, é já “um primeiro passo” na evolução do sistema político da RAEM. “Uma experiência como essa em 2019 pode servir de projecto piloto para uma próxima votação diferente”, explicou Scott Chiang.
O
vice-presidente da associação referiu ainda que esta é a melhor altura para
lutar pela implementação do sufrágio universal. “Temos um PIB ridiculamente
alto, as receitas brutas atingiram um pico e a economia está a crescer cada vez
mais. Se não fizermos alguma coisa para mudar o sistema político agora, para
que a maioria dos cidadãos possa votar no seu Chefe do Executivo, quando é que
o faremos?”, questionou o activista.
O objectivo foi, de acordo com Chiang, usar o dia da eleição do Chefe do Executivo para mostrar à população que “algo está mal” e apoiar a reforma política para que o sufrágio universal seja a prática escolhida nas próximas eleições do líder da RAEM, daqui a cinco anos. Sobre o ambiente de activismo cada vez mais prolífico em Macau, Chiang comenta que o número crescente de adesões se deve ao facto do Governo não ter conseguido suprir todas as necessidades e resolver os problemas sociais actuais.
PROIBIÇÃO
“INACEITÁVEL”
O presidente da Associação de Assuntos Jurídicos e Sociais (AAJS), Caruso Fong, também esteve presente na concentração de ontem, mas no papel de membro da Associação Novo Macau.
Ao HM, Caruso Fong falou sobre a proibição do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) para a realização de uma sondagem sobre o actual sistema eleitoral. “Num primeiro momento, foi-nos dada [à AAJS] autorização para fazer a sondagem com urnas na rua, mas a decisão alterou-se e não permitem a realização da iniciativa este mês, justificando que há muitos transeuntes a circular nas ruas”, explicou o activista. Recorde-se que esta associação tinha já agendada a realização da sondagem para ontem, dia da eleição de Chui Sai On. “É preciso que haja cada vez mais pessoas informadas sobre os problemas de Macau, que esclareçam a população”, disse Caruso ao HM. O activista considera a justificação para a proibição da sondagem “inaceitável” e quer receber mais esclarecimentos por parte da entidade governamental.
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