As
lágrimas ainda escorrem sobre os rostos daqueles angolanos que, no prenúncio da
noite do dia 23 de Julho de 2008, viram os entes queridos mortos por sete
agentes da Polícia Nacional; as feridas jamais irão sarar, face à ignorância
das instituições de Justiça deste martirizado País, onde os autóctones sem
costas largas são vistos como simples farrapos
Fongani
Bolongongo – Folha 8 Digital, 15 novembro 2014
Qual
seria o desfecho judicial, se dentre os oito jovens assassinados, supostamente,
por sete agentes da Polícia Nacional, no largo da Frescura, Musseque Mota,
distrito do Sambizanga, município de Luanda, no dia 23 de Julho de 2008,
estivesse o filho de um dos juízes do Tribunal Supremo, do ministro do
Interior ou Defesa? Questionou o parente de uma das vítimas da fúria
sanguinária dos supostos efectivos do órgão de Segurança.
A
sociedade está chocada, principalmente os familiares porque o órgão responsável
pela justiça na valorosa Pátria de Ngola Kilwanji Kya Samba (Angola) “ignora”
o assassinato de oito jovens do Largo da Frescura, Musseque Mota, ao mandar em
liberdade os sete agentes da Polícia Nacional, antes condenados a 24 anos de
cadeia no julgamento da primeira instância (Tribunal Provincial de Luanda
“Dona Ana Joaquina”). Que dor!
Os
parentes atentos dos falecidos Dadão, Lito, Terenso, Mano Velho, Santinho (era
acólito na Paróquia de São Paulo), Jonhson, André e Nandinho, já suspeitavam
qual seria a decisão do Tribunal Supremo porque demorava se pronunciar a
respeito do recurso interposto por David Mendes, advogado da “família-vítima”,
a respeito da compensação que na visão do jurisconsulto referenciado era
irrisória, face às perdas Humanas.
Apesar
da morosidade do pronunciamento do Tribunal Supremo (órgão de justiça de
segunda instância), alguns familiares dos oitos mancebos, vítimas da acção
criminal dos alegados agentes da Polícia Nacional, organismo do Estado,
responsável pela Segurança, Ordem e Tranquilidade Pública, acreditavam num
parecer favorável dos juízes daquele organismo da alta magistratura angolana
pela natureza da ilicitude penal.
Quando
tudo apontava para a alteração do valor da compensação ditada pelo Tribunal
Provincial de Luanda aquando do julgamento na primeira instância, a favor dos
parentes dos jovens autóctones mortos no largo da Frescura, Sambizanga, o
contrário veio a acontecer, o Tribunal Supremo despenalizou os alegados
agentes do crime, antes condenados a 24 anos de prisão maior, sob pretexto de
falta de provas incriminatórias. Absurdo!
“Somos
leigos em matérias do Direito, mas burros nunca! Será que todo o esforço
evidenciado pela Polícia Nacional, dos Serviços de Investigação e do juiz do
Tribunal Provincial de Luanda “Dona Ana Joaquina” foi inválido? Os métodos
utilizados para se chegar aos sete agentes foram ilícitos? Indagou um dos
parentes de Mano Velho que ensopado de lágrimas bravada com o rosto virado
para o céu, talvez a procura do Senhor.
A
dor amarfanha a alma dos parentes dos oito jovens mortos sem cometerem crime.
Na Paróquia de São Paulo, alguns acólitos ainda se lembram do carisma
religioso de Santinho quando em vida serviu o Templo do Senhor Jeová, o criador
do Céu e da Terra. Hoje, nada consola a magoa de uma mãe que perdeu o filho
do nada e ver os culpados a circularem pelas artérias de Luanda, como se nenhum
crime tivessem cometido.
Dadão,
Lito, Terenso, Mano Velho, Santinho, Jonhson, André e Nandinho que a vossa
alma continue a descansar em paz, o julgamento dos vossos assassinos há-de
chegar, quer seja na terra, assim como no céu.
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