É
a opinião que prevalece nas redes sociais, depois da UNITA alertar que o novo
Orçamento do Estado colocará "nas mãos" do Presidente angolano mais
de 15 mil milhões de euros para gestão direta, sem fiscalização.
O
maior partido da oposição, a União Nacional para a Independência Total de
Angola (UNITA), absteve-se na votação, na generalidade, do Orçamento Geral do
Estado para 2015. E um dia depois dos deputados votarem na Assembleia Nacional,
o chefe da bancada parlamentar do partido, Raúl Danda, veio a público fazer um
alerta: a ser aprovada a versão atual do novo Orçamento, será passado um "cheque em branco" ao Presidente angolano, José
Eduardo dos Santos. Segundo a UNITA, esse poderá ser um cheque milionário - de
19 mil milhões de dólares, mais de 15 mil milhões de euros.
Prevê-se
que uma parte do dinheiro da "Reserva Financeira Estratégica
Petrolífera" seja gerida diretamente pelo Presidente José Eduardo dos
Santos, sem a fiscalização do Parlamento: "Uma parte pode ser um por cento
ou 99,99 por cento", contou Raúl Danda em entrevista à DW África esta
semana.
"Se
os deputados não podem fiscalizar a execução do Orçamento, ao entregar-se assim
dinheiro nas mãos do Presidente da República, que faz essa gestão sem prestar
contas, estamos mesmo a ver que espécie de transparência podemos ter neste
país."
Às
críticas da UNITA seguiram-se vários comentários de protesto na página do Facebook da DW (Português para África). Uma
grande parte dos utilizadores questiona como é que, num país democrático, o
Presidente pode gerir um fundo sem uma fiscalização parlamentar.
"Por
acaso Angola não é um país democrático?", pergunta, por exemplo, Sérgio
António Teixeira. "Os angolanos devem ser mais ativos e fiscalizadores na
política de recursos naturais do seu país." Por seu lado, o utilizador
Domingos Manjolo lembra que o "dinheiro público tem de ser fiscalizado,
seja quem for o gestor."
Papel
da oposição
Na
página da DW no Facebook, "Kamba Manuel" também diz que o Parlamento
devia controlar esse montante. "Deviam ser os partidos da oposição a
vigiar" o Presidente angolano, afirma.
No
entanto, José Simões questiona: "A oposição ainda tem voz? Ou
vai tendo uma voz de acordo com as conveniências da oligarquia que governa o
país? Tanto dinheiro… E as infraestruturas e bem-estar social quando chegam ao
terreno?"
No
jornal angolano "Folha 8", Orlando Castro escreve que a oposição angolana dá "uma no cravo e outra na
ferradura", salientando que só a CASA-CE votou, na generalidade,
contra o Orçamento de 2015 - o resto da oposição angolana aprovou-o
"explícita e implicitamente".
Para
ilustrar o artigo, o "Folha 8" publicou uma imagem feita em
computador do "cheque em branco" criticado pela UNITA. O jornal
também divulgou a imagem na rede social Twitter.
Guilherme
Correia da Silva - Deutsche Welle
Na
imagem: Jornal Folha 8 @JornalFolha8
- OGE põe milhões na gestão unipessoal do Presidente - Folha 8 http://bit.ly/f8PR19milmilhoes …
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