Jurista
e director do jornal Folha 8 foi o convidado do Angola Fala Só
Voz
da América
Ao
contrário do que diz o slogan oficial Angola não é “um só povo uma só
nação”, disse o jornalista angolano William Tonet para quem “não se deve
confundir o país com cores partidárias”.
Convidado
no programa “Angola Fala Só”, Tonet disse que muitos nos círculos do poder
“vivem obcecados com a ideia de que Angola é um partido político”.
“Não
somos um só povo, não somos uma só nação” disse.
“Somos
muitos povos à procura de uma nação”, acrescentou o jornalista afirmando haver
um sentimento generalizado que as riquezas do pais devem ser partilhadas.
Em
resposta a questões dos ouvintes que cobriram uma vasta gama de assuntos, o
director do jornal Folha 8 disse que se o presidente José Eduardo dos Santos
quiser deixar um legado histórico tem de o fazer “fora da sua barricada”.
“Na
sua barricada há muitos bajuladores”, disse Tonet, adiantanto que, para esse
feito, o Presidente deve procurar deixar algo que seja “um consenso entre todas
as forças politicas, não só um consenso dentro do MPLA”.
Um
ouvinte que telefonou do Huambo disse que na província há apenas um hospital
com medicamentos. Os outros, disse, nada têm para dar aos pacientes. O mesmo
queixou-se também da falta de qualidade da educação e das infra-estruturas.
Tonet
afirmou que grande parte desses problemas seria resolvida se os
governantes e particularmente a Presidência tivessem que recorrer a essas
instituições. “No dia em
que José Eduardo dos Santos for a um desses hospitais pode
ter a certeza que os medicamentos começarão a chegar”, disse.
O
problema, disse, é que “ o país não tem um projecto real de desenvolvimento”.
Tonet,
que se identificou como militante da Casa-CE, disse que para a solução de todos
os problemas de Angola “é preciso haver a unidade entre as forças democráticas
da oposição para se fazer mais e combater a injustiça”.
“Temos
que deixar de emitir comunicados soltos”, acrescentou.
Interrogado
sobre se tinha ficado surpreendido com a decisão da Procuradoria-Geral da
República de levar a julgamento elementos dos serviços de segurança, entre os
quais um destacado oficial, por alegado envolvimento no assassinato dos
activistas Isaías Cassule e Alves Kamulingue, o director do Folha 8 disse que
tal era de esperar. “Foi um meio para descomprimir a pressão que caía
sobre o titular do Executivo”, disse Tonet.
Como
acontece em quase todas as edições do programa “Angola Fala Só”, a situação dos
veteranos das diferentes forças armadas foi levantada por um ouvinte.
Tonet
disse que o descontentamento pode transformar-se “num atentado à
estabilidade futura” do país. A solução deste problema, disse “tem que
atravessar todas aos partidos” pois “há o perigo de “um radical qualquer
se aproveitar” da situação.
O
facto de o Presidente José Eduardo dos Santos ter afirmado não haver condições
para a realização de eleições autárquicas até 2017 foi o mesmo que
“passar um atestado de incompetência ao seu partido”, comentou o jornalista.
“Como
é que se discutiu, como é que se aprovou a Constituição, se não há
condições para isso?”, interrogou.
William
Tonet reconheceu que os partidos fazem face a enormes dificuldades por não
terem espaço público para darem a conhecer as suas actividades, é que
para ele “não há cultura do contraditório nos órgãos públicos”.
Na
foto: William Tonnet, jurista e director do jornal Folha 8
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