sábado, 8 de novembro de 2014

Angola - Marcos Barrica: "Samakuva foi infeliz nas declarações em Portugal"




O líder da Unita Isaías Samakuva “terá sido infeliz” em declarações que fez recentemente em Portugal advogando uma “segunda independência” para Angola, disse o embaixador angolano em Lisboa José Marcos Barrica.

Voz da América, em Angola Fala

O diplomata respondia a um pergunta  de um ouvinte do Namibe no programa  “Angola Fala Só”,da VOA, esta sexta-feira, 7,  e considerou  ainda de “extravagante” o facto dessa declaração ter sido feita em Portugal, "o país colonizador de Angola" e por Samakuva ser  o “primeiro líder da oposição” angolana, com esse estatuto saído de eleições.

“Alguma emoção terá invadido o Dr. Samakuva porque não é fácil falar em público”, disse o embaixador  angolano que afirmou não fazer sentido “ao fim de 39 anos de independência pedir ao colonizador” uma segunda independência.

No seu diálogo com os ouvintes, o embaixador  Marcos Barrica disse que as relações com Portugal  têm atravessado momentos bons e momentos maus.

"As relações entre Angola e Portugal sempre conheceram ao longo do seu percurso momentos altos e momentos menos bons, frutos de todo um passado e há ressentimentos que vão condicionando essas relações", explicou afirmando ainda que Angola quer ter boas relações com todos os países e povos "em especial com Portugal".

"Creio que há também vontade das instituições políticas e governamentais de Portugal para que estas relações sejam boas", afirmou

O diplomata disse, no entanto, que “há círculos em Angola e Portugal” que não estão interessados na evolução das relações, "criando artificialmente factos para condicionar essas relações".

Mas acrescentou: “há um empenho muito grande (de ambas as partes) para que os factores que tendem a desestabilizar essas relações sejam negligenciados e se aproveite aquilo que é de positivo e bom, que reina entre os nossos países, Estados e sobretudo entre os nossos povos".

Actualmente, as relações entre Angola e Portugal "situam-se num plano razoável", disse o diplomata.

"Há um ano estivemos a caminhar para a excelência de relações que iria culminar com a formalização dessa excelência através da realização de uma cimeira bilateral, mas que ficou interrompida por causa de situações ´supervenientes´", acrescentou afirmando que  que "está a ser feito um esforço pelos dois Governos para se afastar os factores de crispação e que criam problemas para caminharmos naquilo que é desejável, nomeadamente a excelência das relações".

Barrica chamou a atenção para o facto de não haver ódio de angolanos para com Portugal ou de Portugal para com os angolanos, mas esclareceu que  uma cimeira de chefes de Estado dos dois países “não está para breve” embora pessoalmente “eu desejo que assim seja”.

Marcos Barrica elogiou também o papel diplomático de Portugal na recente eleição de Angola para membro não permanente do Conselho de Segurança das  Nações Unidas. “Portugal foi um arauto junto dos países europeus  da candidatura de Angola”, garantiu o embaixador.

Marcos Barrica  falou também sobre as relações económicas entre Angola e Portugal e fez notar as áreas de investimentos angolanos em Portugal. Ele considerou, entretanto, que há ainda muito mais investimentos portugueses em Angola do que vice-versa: “Gostaria que houvesse mais investimentos angolanos em Portugal.”

Um ouvinte colocou ao embaixador a questão da liberdade política em Angola, afirmando que as manifestações são reprimidas e que há ainda “matanças” de dirigentes políticos da oposição em Angola".

O embaixador disse poder haver casos “isolados” que “estão a ser investigados” mencionando os assassinatos dos activistas Alves Kamulingue e Isaías Cassule.

“Está fora de questão a perseguição política pelo MPLA”, reiterou o embaixador que admitiu poder haver “casos de pessoas que fazem uso de forças politicas para agirem fora da lei”.

José Marcos Barrica classificou de “extravagantes e falsas" as acusações de que a Embaixada angolana em Lisboa só ajuda o regresso a Angola de cidadãos que tenham cartão do partido no poder.

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