Voz da América –
"Queremos
ser reintegrados nas Forças Armadas", é o apelo de Martinho Ngola
dirigente de uma organização denominada Forças Armadas Estratégicas de
Defesa de Angola (FASEDA) e que diz representar mais de 10 mil militares
“esquecidos” pelo processo de paz.
Ngola
confirmou no programa Angola Fala Só, da VOA, que foi preso, juntamente com
vários outros membros da organização em 2007, por uso indevido de uniformes e
porte de armas e passou quatro anos na prisão.
Na
altura da sua detenção, uma porta voz da polícia disse que Ngola “não
pertence às Forças Armadas”.
Martinho
Ngola disse que durante os quatro anos que passou na prisão foi visitado
pelo General José Maria que lhe pediu “paciência” e que afirmou o seu caso e
dos seus seguidores seria resolvido.
Apesar
do envio de dezenas de cartas às autoridades, os seus pedidos não tiveram
qualquer resposta.
Interrogado
pelos ouvintes da VOA, Martinho Ngola, que diz ser general, disse que tinha
iniciado a sua carreira militar na ELNA, o braço armado da FNLA tendo sido
feito prisioneiro por tropas cubanas no Uíge durante o inicio da guerra civil.
Mais
tarde fez parte do exercito do MPLA e foi preso após a revolta de Maio de 1977
liderada por Nito Alves, afirmou.
Ngola
contou ainda que juntou-se à UNITA e quando os acordos de paz foram
assinados em 1992 encontrava-se estacionado numa base na Republica Democrática
do Congo como parte de uma reserva estratégica.
Ngola
disse, contudo, que a UNITA diz agora que “não nos conhece”.
Apesar
da sua organização ter o nome de FASEDA dos comandos Bufálos ACB2 Martino Ngola
disse que a sua organização nada tem a ver com o famoso Batalhão Búfalo do
exército sul-africano que era composto por angolanos.
Ngola
disse ainda ser o dirigente de um partido, o Partido de Unidade do Povo de Angola,
PUPA, que contudo não foi legalizado e que permanece dormente.
Isto
porque, segundo disse, militares “não se podem envolver em política”.
O
partido irá iniciar as suas actividades logo que a situação desses militares
for resolvida e muitos forem desmobilizados podendo assim entrar na política,
disse Ngola, afirmando estar confiante que nesse caso o seu partido “tem um
programa paa poder contribuir”.
Martinho
Ngola disse apoiar a realização de eleições autárquicas.
Ngola
disse que todos os membros da sua organização, que disse serem
10.391, votam no MPLA e preencheram mesmo pedidos para se juntarem oficialmente
ao partido.
“Mesmo
assim a DNIC continua a perseguir-nos e a acusar-nos de querermos fazer um
golpe de Estado e nós não entendemos por quê”, disse.
Ngola
disse que tem sido ele que tem impedido os membros da FASEDA de adoptarem a via
de manifestações ou violência para fazerem valer as suas revindicações, mas
recusou-se a dizer o que poderá fazer caso de os seus pedidos continuarem a ser
ignorados.
“Estamos
a passar mal e pedimos que resolvam o nosso problema”, concluiu aquele antigo
militar.
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