quarta-feira, 5 de novembro de 2014

MINISTRO DE TIMOR VEM TRAZER A PORTUGAL EXPLICAÇÕES ESFARRAPADAS PARA QUÊ?



António Veríssimo, Lisboa

Corre em baixo a notícia integrada com origem na Agência Lusa que nos dá conta de que o ministro da Justiça timorense, Dionísio Babo, vem a Portugal “explicar, em pormenor, a decisão do parlamento nacional, assim como a decisão do Conselho de Ministros", anunciou o ministro dos Negócios Estrangeiros timorense, José Luís Guterres. É oportuno perguntar para que se dá ao trabalho o governo de Xanana Gusmão fazer viajar Babo para tão longe de Timor-Leste com bagagem repleta de mentiras mascaradas de explicações? É inútil. Se muitos portugueses desconhecem que Xanana Gusmão é useiro e vezeiro em interferir no poder judicial também há aqueles que o sabem. E estas expulsões dos magistrados portugueses e de outras nacionalidades são fruto dessa postura. As tendências ditatoriais de Xanana vão acompanhá-lo até à tumba. Não há nada a fazer. O que urge fazer é em Portugal se mentalizarem que Xanana é um individuo extremamente hipócrita e sinuoso, um ator que chora quando quer, um oportunista mascarado de humano excecional graças às suas capacidades artísticas de agradar a quase todos quando quer através de “gracinhas” cativantes, de falsas modéstias, de um humanismo que na realidade é pura representação – se assim não fosse não existiriam centenas de milhares de timorenses subalimentados, a passarem fome, quando em Timor-Leste nos últimos 12 anos se esvaíram milhões e milhões de dólares e euros para que tal não aconteça.

O que vimos em Timor-Leste é a ascendência de uma elite corrupta que ali chegou sem ser elite e pobre como Job. Agora, há algum tempo, tudo e todos, ou quase, à volta de Xanana Gusmão. Ministros corruptos? Pois claro que por lá existem ministros corruptos, um ou outro foi investigado, um ou outro julgado… Sem grandes consequências. Uma ministra, Lúcia Lobato, foi finalmente julgada por procedimentos ilegais e foi condenada a prisão, cinco anos. Mas ainda há poucas semanas foi indultada e libertada. Os corruptos das elites passeiam-se impunes, a transbordar poder económico caído do céu da corrupção. Põem e dispõem sem que exista quem os trave na senda criminosa que é serem indiferentes à miséria que causam ao povo timorense que tem uma sobrevivência amargurada. E quem é o líder e “pai da nação”? Xanana Gusmão. É ele essencialmente o responsável pelo rumo que Timor-Leste tem tomado. E tudo à força de armas e violência num golpe de Estado ocorrido há alguns anos que o levou da Presidência da República a primeiro-ministro, chefe de governos compostos através de engenharias dúbias e alianças político partidárias que garbosamente são mostradas como alavancas da estabilidade, da democracia. Quando todos os que se interessam pelo conhecimento sabem que não existe democracia se não houver Justiça. A estabilidade dos timorenses é só aparente, porque um dia, devido aos roubos, ao défice democrático, à fome, à miséria, à corrupção, a violência vai regressar como manifestação última de revolta. O responsável, se Timor-Leste chegar a esse estágio (oxalá que não), será o chamado “pai da nação”, Xanana Gusmão.

E é um representante de Xanana Gusmão, seu ministro da Justiça, Babo, que vem a Portugal trazer explicações? Vem explicar que os magistrados estavam a investigar ministros e outros Escolhidos do Pai da Nação e que isso desagrada profundamente a Xanana? Ou vem com a explicação esfarrapada dos interesses do “petróleo” que os juízes não atenderam? Se vem trazer mais do mesmo é melhor Babo ficar-se pelo caminho quando tomar os aviões com destino a Portugal. Há países e sítios onde aquele ministro se poderá divertir e contar mentiras sem que venha ferir ainda mais os sentimentos de Portugal e dos portugueses. Sobretudo os timorenses não merecem que os seus ministros andem num corropio a pretender justificar o injustificável. Com as verbas que gastam em viagens e hotéis, nas passeatas, sempre podem (devem) contribuir para alimentação e saúde de uns quantos timorenses desprotegidos, ignorados, roubados.

Fala-se em Timor-Leste de investigação de associação criminosa por parte dos magistrados expulsos. Uma notícia do Diário de Notícias já levanta de algum modo a ponta do véu: 8 ministros a serem investigados… Com estas expulsões Xanana Gusmão anulou a ameaça da investigação e se ele está interessado nisso, de fazer abortar as ações judiciais… Porque será?

Se o representante de Xanana vem para o teatro, pois que venha o ministro Babo. Ele que não se esqueça de decorar bem os “recados” de Xanana, as poses, e se necessário as lágrimas de crocodilo, mas que não meta a pata na poça durante a representação porque ao regressar vai ter de dar contas. (AV/PG)

Ministro da Justiça de Timor-Leste vai a Portugal -- MNE timorense

Díli, 05 nov (Lusa) - O chefe da diplomacia de Timor-Leste, José Luís Guterres, disse hoje à agência Lusa que o ministro da Justiça timorense, Dionísio Babo, vai a Portugal explicar as decisões do seu governo.

"O Ministro da Justiça foi incumbido pelo Governo para ir até Portugal e explicar, em pormenor, a decisão do parlamento nacional, assim como a decisão do Conselho de Ministros", afirmou José Luís Guterres.

O Governo de Timor-Leste ordenou segunda-feira a expulsão, no prazo de 48 horas, de oito funcionários judiciais, sete portugueses e um cabo-verdiano.

No dia 24 de outubro, o parlamento timorense tinha aprovado uma resolução para suspender os contratos com funcionários judiciais internacionais "invocando motivos de força maior e a necessidade de proteger de forma intransigente o interesse nacional".

"Não houve, nem haverá nenhuma intenção de acabar com a cooperação portuguesa, que é uma cooperação excelente ou diminuir a presença dos peritos portugueses na área da justiça", sublinhou o ministro timorense.

José Luís Guterres afirmou também que haverá peritos portugueses na comissão de auditoria ao setor da justiça, que vão fazer uma avaliação detalhada.

"Certamente que iremos ver ou recomendar que os juízes e procuradores recrutados são os mais experientes possível e o Governo de Timor-Leste está disponível para co-financiar os programas", afirmou o ministro.

Questionado pela Lusa sobre a razão que levou o Governo a decidir pela expulsão de juízes e procuradores, José Luís Guterres explicou que quando se terminou os contratos não foram estendidos os vistos.

"Há informações que eu não posso partilhar com o público, mas certamente que o Ministro da Justiça quando estiver em Portugal as vai partilhar com as autoridades portuguesas", disse.

MSE // JCS - Lusa

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