Verdade
(mz), em Tema
de Fundo
As
autoridades que tratam dos fenómenos atmosféricos e das suas leis, com vista à
previsão do tempo, e as que lidam com a gestação das calamidades naturais,
advertem que entre Janeiro e Março de 2015, as províncias de Manica, de Sofala,
da Zambézia, de Nampula e de Maputo, mormente as zonas baixas, vão registar
“excesso” de água ou inundações. Os problemas de saneamento do meio e de
mobilidade, que duram há muito tempo e cujas soluções tardam, agravar-se-ão. O
drama vai repetir-se. Ruas alagadas e intransitáveis, deslizamento de terras,
casas e outras infra-estruturas sociais submergidas ou destruídas, lixo em
abundância, eclosão de doenças e mortes são o espectro previsível para os
próximos meses.
Nesta
época chuvosa, em geral, os rios vão transbordar sobremaneira e alagar as vias
públicas, as machambas, as casas, as escolas, afogar gente e o gado. Muitas
comunidades estarão isoladas uma das outras. Os planos de contingência destas e
outras situações continuam altamente eficazes no papel ou apenas funcionam para
mitigar problemas de curto prazo. Todos os anos temos acompanhado isso. Neste
período de caos, a capital moçambicana (em particular), mormente as áreas
periféricas, vai ficar coberta de água, que serpenteia transportando todo o
tipo de lixo que, para além de causar outros males, obstruí as sarjetas.
Os
esgotos vão rebentar e criar mais focos de enfermidades. Neste período chuvoso
vários outros problemas que derivam do deficitário sistema de esgoto na cidade
de Maputo vão ficar a descoberto. Muita gente vai ficar ao relento. Milhares de
famílias vão dormir sobre as mesas, outras vão passar noites em claro e em pé
dentro dos charcos de água nos seus domicílios e vamos ouvir gritos aterradores
de desespero.
As
restrições no fornecimento de energia eléctrica e de água devido à queda de
postes de transporte e ao rompimento de tubagem, famílias desalojadas – algumas
a viver em centros de acomodação e em situações pouco dignas e outras sem eira
nem beira – é o que também se vai assistir nos próximos dias. As inundações que
anualmente assolam a capital do país derivam do fraco sistema de drenagem, das
precárias condições de saneamento do meio, do facto de o grosso dos bairros
estarem situados muito próximo do lençol freático e por estarem situados numa
zona onde impera o desordenamento territorial.
Xipamanine,
Maxaquene, Chamanculo, Mafalala, Munhuana e Polana Caniço são um exemplo claro
desta situação alarmante. Os problemas a que nos referimos constituem o dilema
de sempre dos citadinos de Maputo e do resto do país. O medo das enchentes e,
por conseguinte, de perder tudo, de repente, já é visível nesta altura devido
ao facto de nas épocas chuvosas passadas os estragos resultantes da chuva terem
sido avultados. Aliás, algumas pessoas ainda queixam-se dos efeitos da chuva
dos anos passados.
@Verdade
efectuou uma ronda por alguns bairros da urbe e constatou que em muitas zonas
nada foi ou está a ser feito para evitar que a calamidade se repita este ano.
Os munícipes vivem apreensivos e assumem que já esperam que o pior aconteça.
Todos os anos, a desgraça repete-se nos bairros tais como Aeroporto “A” e “B”;
Xipamanine; Minkadjuíne; Unidade 7; Chamanculo “A”, “B”, “C” e “D”; Malanga e
Munhuana, onde os sacos cheios de areia têm sido insuficientes para conter a
fúria das águas da chuva e impedir as árvores tombem, os solos sejam arrastados
para as zonas mais baixas e as danos resultantes de outros problemas sejam
maiores.
Os
bairros da Polana Caniço “A” e “B”, Maxaquene, Ferroviário, Hulene “A” e “B”,
Urbanização, Mafalala, Inhagoia “A” e “B”; Luís Cabral; Magoanine; Malhazine;
Nsalane; 25 de Junho “A” e “B”, Zimpeto, Laulane; Mahotas, Albazine e Costa do
Sol também viram um caos quando chove. As soluções a que as pessoas destas
zonas recorrem para evitar que a terra seja arrastada e as suas habitações
deitadas abaixo têm sido meramente paliativas. Elas clamam por medidas mais
eficazes.
Quase
todas as zonas acima referidas têm as mesmas características: desordenamento
territorial de deixar qualquer pessoa com os nervos à flor da pele e pouca
capacidade de escoamento das águas da chuva por causa da saturação dos solos.
Para piorar a situação, posteriormente surgem doenças relacionadas com a falta
de higiene e proliferação de charcos ou águas estagnadas, onde as crianças
mergulham na maior inocência, longe ou diante dos olhos de indivíduos adultos
que desconhecem o ignoram as normas de salubridade. (continua)
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