segunda-feira, 10 de novembro de 2014

Moçambique: CRIANÇAS TROCAM ESCOLA PELO TRABALHO




Emprego de crianças em idade escolar em actividades como apanha da castanha de caju ou processamento de mandioca e amendoim está a preocupar as autoridades no distrito de Mogovolas, província de Nampula.

Localizado a Sul da província, Mogovolas é considerado o maior produtor de castanha de caju, amendoim e mandioca. Devido aos elevados volumes de produção que vêm alcançando nos últimos tempos, muitos pais e encarregados de educação induzem os seus filhos a envolver-se tanto na apanha como no processamento daqueles produtos, acabando por prejudicar a educação escolar das crianças.

António Albano, chefe da localidade de Nantira, posto administrativo de Nametil, onde o fenómeno do uso da criança como mão-de-obra barata é mais notório, disse que os pais e encarregados de educação não hesitam em retirar os seus educandos da escola para ajudar a fazer o descasque do amendoim e raspagem da mandioca que tem um valor de mercado muito apreciado, sobretudo nos finais do ano onde a procura tem sido elevada.

“Agora que estamos na época do caju e na fase alta de procura de amendoim por parte de compradores vindos das províncias do sul do país, os alunos são forçados a envolver-se na apanha da castanha e do falso fruto do caju, este última usado como matéria-prima para produção de aguardentes nas adegas existentes na localidade. Neste contexto as aulas ficam para um plano secundário, o que justifica os níveis elevados de abandono no ensino ou de reprovações”, disse a nossa fonte.

A directora do serviço distrital de educação, juventude e tecnologia em Mogovolas, Aurora Nampuio, acrescentou que aquele fenómeno, aliado ao envolvimento das crianças na actividade pastorícia e mineração artesanal com o consentimento dos respectivos pais e encarregados de educação, inquietam o Governo local, que tem vindo a levar a cabo palestras ao nível das comunidades para explicar sobre as implicações que tais praticam podem constituir para o futuro das crianças.

“No próximo ano vamos desenvolver várias acções visando desencorajar o uso de mão-de-obra infantil no processamento dos produtos agrícolas, envolvendo mais os líderes comunitários entre outras figuras locais na sensibilização da comunidade sobre o fenómeno que pode constituir uma violação aos direitos internacionais da criança”, sublinhou Aurora Nampuio.

Notícias (mz)

Sem comentários:

Mais lidas da semana