Emprego
de crianças em idade escolar em actividades como apanha da castanha de caju ou
processamento de mandioca e amendoim está a preocupar as autoridades no
distrito de Mogovolas, província de Nampula.
Localizado
a Sul da província, Mogovolas é considerado o maior produtor de castanha de
caju, amendoim e mandioca. Devido aos elevados volumes de produção que vêm
alcançando nos últimos tempos, muitos pais e encarregados de educação induzem
os seus filhos a envolver-se tanto na apanha como no processamento daqueles
produtos, acabando por prejudicar a educação escolar das crianças.
António
Albano, chefe da localidade de Nantira, posto administrativo de Nametil, onde o
fenómeno do uso da criança como mão-de-obra barata é mais notório, disse que os
pais e encarregados de educação não hesitam em retirar os seus educandos da
escola para ajudar a fazer o descasque do amendoim e raspagem da mandioca que
tem um valor de mercado muito apreciado, sobretudo nos finais do ano onde a
procura tem sido elevada.
“Agora
que estamos na época do caju e na fase alta de procura de amendoim por parte de
compradores vindos das províncias do sul do país, os alunos são forçados a
envolver-se na apanha da castanha e do falso fruto do caju, este última usado
como matéria-prima para produção de aguardentes nas adegas existentes na
localidade. Neste contexto as aulas ficam para um plano secundário, o que
justifica os níveis elevados de abandono no ensino ou de reprovações”, disse a
nossa fonte.
A
directora do serviço distrital de educação, juventude e tecnologia em
Mogovolas, Aurora Nampuio, acrescentou que aquele fenómeno, aliado ao
envolvimento das crianças na actividade pastorícia e mineração artesanal com o
consentimento dos respectivos pais e encarregados de educação, inquietam o
Governo local, que tem vindo a levar a cabo palestras ao nível das comunidades
para explicar sobre as implicações que tais praticam podem constituir para o
futuro das crianças.
“No
próximo ano vamos desenvolver várias acções visando desencorajar o uso de
mão-de-obra infantil no processamento dos produtos agrícolas, envolvendo mais
os líderes comunitários entre outras figuras locais na sensibilização da
comunidade sobre o fenómeno que pode constituir uma violação aos direitos
internacionais da criança”, sublinhou Aurora Nampuio.
Notícias
(mz)
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