Inês
Schreck – Jornal de Notícias
O
medo é que o surto não pare. E o pânico começa a tomar conta dos hospitais e da
população. Ninguém consegue explicar a origem do surto de legionella, que já
causou quatro mortes e 180 infetados.
Reservatórios
e condutas de água, sistemas de ar condicionado de espaços comerciais, de
hotéis, de empresas e até de casas, fontes de ornamentação, tudo
está a ser analisado ao pormenor no concelho de Vila Franca de Xira. A
população espera angustiada por resultados, mas a origem do surto pode até
nunca vir a ser determinada.
Ao
início da noite de domingo, havia 180 casos notificados, dos quais 160
confirmados laboratorialmente. A bactéria, que provoca pneumonia grave, já
matou quatro pessoas, com idades entre os 59 anos e os 81 anos. Outras 26
estavam nos cuidados intensivos. O quinto óbito, que chegou a ser admitido pelo
diretor-geral da Saúde a meio da tarde de domingo, não foi confirmado.
Nas
freguesias de Vialonga, Póvoa de Santa Iria e Forte da Casa há pânico
e revolta. É ali que vive a maioria das pessoas infetadas. Não se fala de outra
coisa, a palavra legionella entrou-lhes pela casa dentro há quatro dias e não
há meio de sair. Há ruas com mais de uma dezena de moradores infetados.
A
maioria está internada no Hospital de Vila Franca de Xira, mas a afluência
àquela unidade de saúde tem sido tanta que foi necessáriotransferir mais de
três dezenas de doentes para os hospitais centrais da Grande Lisboa. É preciso
criar espaços para que Vila Franca de Xira possa continuar a receber doentes,
explicou o ministro da Saúde, admitindo que nos próximos dias vão surgir novos
casos.
"Estamos
perante uma situação anormal", reconheceu Paulo Macedo, depois de horas
reunido com peritos e responsáveis das áreas da Saúde e do Ambiente. O ministro
classificou o surto como "de grande dimensão em termos europeus e
mundiais" e remeteu para hoje novo balanço.
Sem
resultados à vista, as autoridades apressaram-se a tomar medidas de prevenção
na zona afetada.Domingo, voltou a ser reforçada a quantidade de cloro na rede
de distribuição de água para tentar eliminar as bactérias, foram desativadas
fontes de ornamentação e solicitadas novas colheitas para análise em novos
pontos de fornecimento de água e de torres de refrigeração, esclareceu a DGS em
comunicado.
Ao
final do dia, as autoridades decidiram ainda encerrar as torres de refrigeração
das principais fábricas da zona afetada com vista a proceder à respetiva
desinfeção e desincrustação. A decisão, explica a DGS, "resulta das análises
preliminares feitas pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge e
assenta nos dados fornecidos pela georreferenciação dos casos ocorridos na zona
em causa".
Por
outro lado, a Direção-Geral da Saúde considera que não existe fundamento científico
que justifique o encerramento de escolas porque a bactéria não infeta, em
regra, crianças e jovens com idades até aos 20 anos.
Porém,
a Câmara Municipal decidiu tomar cautelas e anunciou que vai encerrar
provisoriamente os equipamentos desportivos e suspender as aulas de Educação
Física nas freguesias mais afetadas pelo surto. O presidente da
Autarquia, Alberto Mesquita, informou ainda que foram desligados os sistemas de
rega e as fontes ornamentais da Póvoa de Santa Iria, Forte da Casa e Vialonga.
Foto:
Filipe Amorim/Global Imagens
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