Hong
Kong, 15 nov (Lusa) -- Três dirigentes dos estudantes que se manifestantam em Hong Kong anunciaram
terem sido impedidos hoje de embarcar num avião para Pequim, onde queriam
reclamar ao regime comunista democracia para o território.
Os
dirigentes da Federação de Estudantes de Hong Kong (HKFS), que lideram o
movimento de contestação que paralisa desde há seis semanas muitos bairros de
Hong Kong, indicaram terem sido informados por responsáveis da companhia aérea
Cathay Pacific que as suas autorizações de viagem tinham sido recusadas por
Pequim.
"Eles
não tinham os documentos de viagem exigidos para embarcar", declarou o
número dois do HKFS, Lester Shum, à imprensa, referindo-se à autorização de
Pequim que permite aos residentes de Hong Kong viajar para a China continental.
O
dirigente da Federação, Alex Chow, assim como Nathan Law e Easton Chung
pretendiam ir a Pequim para discutir com representantes do regime "a
reforma política" e "a questão de 'Um país, dois sistemas'",
tinha precisado num comunicado a Federação de estudantes.
Dezenas
de milhares de manifestantes estudantes, que reclamam a instauração de um
verdadeiro sufrágio universal em
Hong Kong , território que beneficia de um estatuto especial,
têm saído às ruas desde 28 de setembro.
O
seu número reduziu-se consideravelmente, mas ocupam atualmente três locais da
antiga colónia britânica, perturbando seriamente os transportes públicos, entre
outras atividades.
Fontes
do governo central, citadas na sexta-feira pelo diário de Hong Kong Mingpao,
descartam a hipótese de o executivo de Pequim se envolver nas ações para
devolver a normalidade às zonas ocupadas.
Segundo
o diário independente, a visita que o Presidente chinês, Xi Jinping, tem
prevista a Macau em dezembro, no âmbito das celebrações do 15.º aniversário da
transição do exercício de soberania, é a principal razão pela qual o Governo
central não quer intervir.
A
pressão sobre as centenas de estudantes que permanecem acampados nas ruas
intensificou-se nos últimos dias, sobretudo depois de o Tribunal Superior de
Justiça se ter pronunciado contra a possibilidade de os jovens recorrerem da
ordem judicial que dá autoridade à polícia para desocupar várias das ruas
ocupadas no âmbito dos protestos iniciados há mais de seis semanas.
A
polícia tem ainda autorização judicial para levar a cabo detenções no caso de
os manifestantes terem algum tipo de resistência física.
A
antiga colónia britânica vive a mais grave crise política desde a transição de
soberania para Pequim, em 1997.
Pequim
aprovou o princípio "uma voz, um voto", mas reserva a um comité
eleitoral, maioritariamente favorável ao Partido Comunista chinês a pré-seleção
dos candidatos a chefe do executivo em 2017, condições consideradas
inaceitáveis pelo movimento pró-democracia.
RCS
(FV) // VM
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