domingo, 16 de novembro de 2014

Ucrânia pode transformar-se no cemitério de lixo nuclear oriundo da UE e dos EUA



Nikolai Malishevsky – Voz da Rússia

Kiev continua a anuncia a sua intenção de desenvolver armas nucleares. Mas o Ocidente preparou para si um papel diferente: o papel de “túmulo” para os resíduos de combustíveis nucleares, que começarão a chegar à Ucrânia dos EUA e da Europa.

O problema da “herança nuclear” da Ucrânia, e que pertence ao atual regime de Kiev, tem componentes econômicos e políticos.

As questões políticas incluem o chantagear da Rússia com ameaças de devolver o estatuto nuclear à Ucrânia através do imaginário de posse de armas nucleares por parte do regime de Kiev.

Em setembro, o ministro da Defesa da Ucrânia ameaçou o mundo com o desenvolvimento de armas nucleares e planos de transformar o país numa potência nuclear. Após o golpe de Estado de fevereiro, deputados de diferentes frações da Suprema Rada aventaram a possibilidade de voltar a produzir armas nucleares. Em março de 2014, foi apresentada à Suprema Rada o projeto-lei de retirada da Ucrânia do Tratado de Não Proliferação Nuclear. Contudo, todas as propensões das novas autoridades nesse sentido têm sido controladas pelos seus donos ultramarinos.

A razão prende-se com o fato de os EUA não desejarem que as armas nucleares se espalhem em direções que não pretendem. Sobretudo para lá das fronteiras da Ucrânia. Washington demoniza os países que não lhe convêm e inventa “eixos do mal” e não é porque não deseja que Kiev não forneça materiais e a tecnologia de fabrico a todos aqueles que têm vontade e capacidade de pagar por isso.

Agora, sobre a questão econômica da “herança nuclear”. Ele inclui a problemática do enterro de lixos nucleares dos países do Ocidente no território da Ucrânia e da sua transformação num polígono de experiências biológicas e militares dos EUA, ligado a detritos do “nuclear não civil”.

De acordo com a informação disponível, a Ucrânia irá albergar o lixo nuclear oriundo da União Europeia e dos EUA. Alegadamente, segundo o acordo secreto entre Kiev e os parceiros europeus, a principal zona de enterro dos lixos será a zona de exclusão da Central de Chernobyl. Será de mencionar que do ponto de vista financeiro, a parte monetária do acordo, estará a cargo da Agência internacional para o desenvolvimento (USAID).

A 23 de abril, o governo provisório da Ucrânia decretou que fossem disponibilizados terrenos para a construção, num total de 45,2 hectares, na zona de exclusão da Central de Chernobyl onde se localizará o depósito central de energia nuclear e que deverá tornar-se alternativo ao russo. A concessionária é a norte-americana Holtec Internaional, que já foi fortemente criticada até na Ucrânia. Por exemplo, chegou a a afirmar-se que “essa empresa perdeu licenças no mundo inteiro pois os seus contentores para o transporte de lixo nuclear não prestavam para nada – pareciam caixotes de lixo que através de todas as rachas do contentor perdiam lixo nuclear”.

Segundo ponto da questão econômica – a tentativa de afastar a Rússia do mercado ucraniano de combustíveis nucleares e o objetivo de tornar a UE dependente, no plano energético, dos EUA, com a ajuda das marionetas de Washington em Kiev.

Ucrânia integra o grupo pouco numeroso de países cuja eletricidade é produzida sobretudo a partir da energia nuclear. Países como a Alemanha e a França demonstram grande interesse quanto à sua Central de Energia Nuclear, pois parte da produção de energia elétrica da Ucrânia vai para países da União Europeia. Os europeus já se preparam para tomar conta dos locais de produção de energia nuclear no âmbito da privatização em larga escala anunciada pelo regime de Kiev. Depois a maior parte dos blocos energético poderão ser encerrados, afastando assim a concorrência, tal como foi feito, em tempos, na Lituânia pós-soviética.

Os EUA levam a cabo seu jogo, tentando, com a ajuda das autoridades de Kiev, controlar o fornecimento energético para a União Europeia. No plano ideal a UE deverá ficar dependente no plano energético não só no que concerne ao petróleo, mas também no âmbito da energia nuclear. Já a Rússia deverá ser simplesmente afastada.

No dia 25 de abril, a União internacional de veteranos da energia e indústria nucleares difundiram uma declaração, que refere que a utilização de combustível nuclear norte-americano na central ucraniana, onde são utilizados reatores de fabrico soviético, poderá levar a situações negativas, semelhantes, na dimensão, à catástrofe de Chernobyl. Contudo, isso não impediu o regime de Kiev de anunciar oficialmente da utilização no território do país de lixo proveniente do Ocidente.

Em breve a Ucrânia poderá ficar nuclear de fato. Só que não enquanto Estado, mas enquanto “túmulo”.

Foto: RIA Novosti/Alexei Furman

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