Nikolai Malishevsky –
Voz da Rússia
Kiev
continua a anuncia a sua intenção de desenvolver armas nucleares. Mas o
Ocidente preparou para si um papel diferente: o papel de “túmulo” para os
resíduos de combustíveis nucleares, que começarão a chegar à Ucrânia dos EUA e
da Europa.
O
problema da “herança nuclear” da Ucrânia, e que pertence ao atual regime de
Kiev, tem componentes econômicos e políticos.
As
questões políticas incluem o chantagear da Rússia com ameaças de devolver o
estatuto nuclear à Ucrânia através do imaginário de posse de armas nucleares
por parte do regime de Kiev.
Em
setembro, o ministro da Defesa da Ucrânia ameaçou o mundo com o desenvolvimento
de armas nucleares e planos de transformar o país numa potência nuclear. Após o
golpe de Estado de fevereiro, deputados de diferentes frações da Suprema Rada
aventaram a possibilidade de voltar a produzir armas nucleares. Em março de
2014, foi apresentada à Suprema Rada o projeto-lei de retirada da Ucrânia do
Tratado de Não Proliferação Nuclear. Contudo, todas as propensões das novas autoridades
nesse sentido têm sido controladas pelos seus donos ultramarinos.
A
razão prende-se com o fato de os EUA não desejarem que as armas nucleares se
espalhem em direções que não pretendem. Sobretudo para lá das fronteiras da
Ucrânia. Washington demoniza os países que não lhe convêm e inventa “eixos do
mal” e não é porque não deseja que Kiev não forneça materiais e a tecnologia de
fabrico a todos aqueles que têm vontade e capacidade de pagar por isso.
Agora,
sobre a questão econômica da “herança nuclear”. Ele inclui a problemática do
enterro de lixos nucleares dos países do Ocidente no território da Ucrânia e da
sua transformação num polígono de experiências biológicas e militares dos EUA,
ligado a detritos do “nuclear não civil”.
De
acordo com a informação disponível, a Ucrânia irá albergar o lixo nuclear
oriundo da União Europeia e dos EUA. Alegadamente, segundo o acordo secreto
entre Kiev e os parceiros europeus, a principal zona de enterro dos lixos será
a zona de exclusão da Central de Chernobyl. Será de mencionar que do ponto de
vista financeiro, a parte monetária do acordo, estará a cargo da Agência
internacional para o desenvolvimento (USAID).
A
23 de abril, o governo provisório da Ucrânia decretou que fossem
disponibilizados terrenos para a construção, num total de 45,2 hectares , na
zona de exclusão da Central de Chernobyl onde se localizará o depósito central
de energia nuclear e que deverá tornar-se alternativo ao russo. A
concessionária é a norte-americana Holtec Internaional, que já foi fortemente
criticada até na Ucrânia. Por exemplo, chegou a a afirmar-se que “essa empresa
perdeu licenças no mundo inteiro pois os seus contentores para o transporte de
lixo nuclear não prestavam para nada – pareciam caixotes de lixo que através de
todas as rachas do contentor perdiam lixo nuclear”.
Segundo
ponto da questão econômica – a tentativa de afastar a Rússia do mercado
ucraniano de combustíveis nucleares e o objetivo de tornar a UE dependente, no
plano energético, dos EUA, com a ajuda das marionetas de Washington em Kiev.
Ucrânia
integra o grupo pouco numeroso de países cuja eletricidade é produzida
sobretudo a partir da energia nuclear. Países como a Alemanha e a França
demonstram grande interesse quanto à sua Central de Energia Nuclear, pois parte
da produção de energia elétrica da Ucrânia vai para países da União Europeia.
Os europeus já se preparam para tomar conta dos locais de produção de energia
nuclear no âmbito da privatização em larga escala anunciada pelo regime de
Kiev. Depois a maior parte dos blocos energético poderão ser encerrados,
afastando assim a concorrência, tal como foi feito, em tempos, na Lituânia
pós-soviética.
Os
EUA levam a cabo seu jogo, tentando, com a ajuda das autoridades de Kiev,
controlar o fornecimento energético para a União Europeia. No plano ideal a UE
deverá ficar dependente no plano energético não só no que concerne ao petróleo,
mas também no âmbito da energia nuclear. Já a Rússia deverá ser simplesmente
afastada.
No
dia 25 de abril, a União internacional de veteranos da energia e indústria
nucleares difundiram uma declaração, que refere que a utilização de combustível
nuclear norte-americano na central ucraniana, onde são utilizados reatores de
fabrico soviético, poderá levar a situações negativas, semelhantes, na dimensão,
à catástrofe de Chernobyl. Contudo, isso não impediu o regime de Kiev de
anunciar oficialmente da utilização no território do país de lixo proveniente
do Ocidente.
Em
breve a Ucrânia poderá ficar nuclear de fato. Só que não enquanto Estado, mas
enquanto “túmulo”.
Foto: RIA Novosti/Alexei Furman
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