Líderes
do 'Occupy Central' em liberdade uma hora depois de se entregarem
Hong
Kong, China, 03 dez (Lusa) -- Os três líderes do movimento 'Occupy Central' que
se entregaram hoje às autoridades saíram em liberdade uma hora depois de terem
entrado voluntariamente na esquadra da polícia para assumirem as consequências
pelos protestos pró-democracia.
"Não
fomos presos, deixaram-nos sair sem restrições à liberdade", disse à
imprensa, Benny Tai, um dos três líderes do movimento iniciado há mais de dois
meses, cofundado pelo reverendo Chu
Yiu-ming e pelo académico Chan Kin-man.
Benny
Tai explicou que lhes pediram para preencher um formulário específico sobre as
atividades do "Occupy Central", no qual deviam responder sobre a
participação em iniciativas como assembleias não autorizadas, incitação ao
delito ou danos criminais.
"Penso
que o assunto não fica arrumado hoje, mais tarde podem prender-nos e acusar-nos
de crimes graves. Temos de esperar para ver", acrescentou.
O
professor universitário disse que o movimento 'Occupy Central' ia assumir uma
nova abordagem para promover a causa do sufrágio universal, incluindo através
da educação e de uma nova carta social.
"O
nosso plano é voltar à comunidade, não é regressar a Admiralty (zona de
protestos) nesta altura. Só se os grupos decidirem pôr fim à ocupação é que
vamos para lá para lhes prestar toda a ajuda de que necessitem", disse, em
declarações à agência espanhola Efe.
Conhecido
pelas suas posições críticas contra a China, o cardeal Joseph Zen Ze-kiun,
juntou-se ao trio do 'Occupy Central' e também se entregou às autoridades. Aos
82 anos, o antigo líder da Igreja Católica em Hong Kong é um apoiante
declarado do movimento pró-democracia.
Outros
cidadãos concentrados no exterior da esquadra da polícia de Central, perto de
Sheung Wan, também fizeram fila para preencher os formulários e entregar-se às
autoridades.
Entre
a meia centena de apoiantes do movimento havia membros do Partido Democrático e
elementos de outros grupos cívicos. Algumas músicas de gospel foram cantadas no
local, segundo a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong (RTHK).
Outras
dezenas de opositores das manifestações pró-democracia, incluindo do movimento
Justiça e Aliança de Hong Kong, liderado por Leticia Lee, promoveram um
protesto no local, afirmando que os três cofundadores do 'Occupy Central'
prejudicaram Hong Kong.
Ambos
os grupos foram separados por uma forte presença policial no local.
O
Governo central de Pequim autorizou o sufrágio universal para as próximas
eleições para o chefe do executivo em Hong Kong , em 2017, mas sob o pressuposto de que
os candidatos sejam selecionados por um comité eleitoral, uma condição
rejeitada pelos manifestantes pró-democracia, que desde o final de setembro
ocupam várias artérias na antiga colónia britânica.
Apesar
de não haver uma acusação formal contra os promotores do movimento 'Occupy', as
autoridades de Hong Kong e do interior da China têm referido os protestos como
ilegais.
FV
// VM
Alunos
pedem diálogo e líderes do 'Occupy Central' entregam-se à polícia
Hong
Kong, 03 dez (Lusa) -- Três estudantes em greve de fome em Hong Kong enviaram uma
carta aberta ao líder do Governo para pedir a retoma do diálogo sobre a reforma
política, no dia em que os líderes do 'Occupy Central' se entregaram à polícia.
A
carta aberta foi endereçada ao chefe do executivo, CY Leung, pelo líder do
movimento Scholarism, Joshua Wong, e por outras duas estudantes que estão há
mais de 40 horas em jejum, noticiou a Rádio e Televisão Pública de Hong Kong.
Já
esta tarde (manhã em Lisboa), imagens transmitidas pela televisão mostram os
três líderes do movimento 'Occupy Central' a entregarem-se às autoridades, tal
como tinham anunciado na terça-feira.
Os
académicos Benny Tai e Chan Kin-man, e o reverendo batista Chu Yiu-ming entraram pouco
depois das 15:00 (07:00 em Lisboa) numa esquadra de polícia, patrulhada nas imediações
por cerca de uma centena de agentes.
"Espero
que nos vejam rapidamente, senão, devemos ver-nos dentro de 48 horas",
disse Benny Tai em declarações à imprensa.
Enquanto
falavam, cerca de 50 pessoas gritavam "lixo, lixo" ou "vão para
a cadeia", enquanto outro grupo em número idêntico entoava 'slogans' de
apoio como "queremos o sufrágio universal".
Por
sua vez, Joshua Wong disse hoje em conferência de imprensa que mais jovens
estão a pensar fazer greve de fome para pressionar o governo de Hong Kong a
retomar o diálogo com os manifestantes sobre o sufrágio universal para as
próximas eleições para o chefe do Executivo, a realizar em 2017.
"Não
estamos a dizer que vamos fazer greve de fome até conseguirmos o sufrágio
universal. Só (queremos) reiniciar o diálogo", sublinhou o jovem líder
estudantil, de 18 anos.
Tanto
Wong como as duas jovens em greve de fome disseram que vão manter essa forma de
protesto, apesar de já terem começado a ter sintomas de cansaço e vómitos.
Uma
das estudantes, Prince Wong Ji-yuet, de 17 anos, vomitou hoje duas vezes no
espaço de uma hora. "A equipa médica disse-me que talvez ainda não me
tenha habituado", afirmou.
Joshua
Wong adiantou que só vão beber água ou alguma solução de glicose em caso de
recomendação dos médicos.
"Queremos
que as pessoas saibam que a greve de fome que estamos a fazer é séria. Queremos
atrair a atenção da população novamente para o "movimento dos
guarda-chuvas", disse.
Os
três cofundadores do "Occupy Central" -- uma das organizações na
origem dos protestos -- entregaram-se às autoridades, depois de na terça-feira
terem pedido aos estudantes para abandonarem as ruas por motivos de segurança e
para uma mudança de estratégia do movimento.
Apesar
de o anúncio ter evidenciado a divisão entre o grupo de manifestantes, centenas
de estudantes continuam acampados em Admiralty, o principal local de protestos.
Por
sua vez, a Federação dos Estudantes de Hong Kong, que congrega os estudantes
universitários e que estive na origem da convocatória para a ocupação dos
edifícios governamentais na noite de domingo, não se tomou partido por nenhum
dos grupos, respeitando as decisões de ambos.
Os
protestos pró-democracia decorrem há mais de dois meses em Hong Kong , mantendo-se
atualmente dois acampamentos em Admiralty (sede do governo), e Causeway (zona
comercial).
FV
// JPS – Foto Dickson Lee
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