“É
um filme de afectos, de amizades, quase lhe chamava um filme de Natal”, diz o
realizador
O
fadista Carlos do Carmo completou ontem 75 anos e foi homenageado com a
exibição do documentário “Um Homem no Mundo”, de Ivan Dias, que definiu a obra
como “um filme de amor”.
“Neste
filme, [em contacto com os amigos] Carlos do Carmo revela-se, o que me
permitiu, como realizador, poder mostrar este mundo que ele não pôde mostrar ao
grande público, só mostrava aos amigos”, disse Ivan Dias. O filme, exibido
ontem no Cinema S. Jorge, em Lisboa, “é um filme de afectos, de amizades, quase
lhe chamava um filme de Natal, porque é um filme da família, um filme de amor –
diria que este é um filme de amor”, afirmou o cineasta que realizou, entre
outros, um documentário sobre o viola baixo Joel Pina, a exibir em Fevereiro na
RTP.
O
realizador disse ainda que o filme surge no “momento mais brilhante, o momento
de consagração” do cantor, pois “poucos artistas chegam aos 50 anos de
carreira”, celebração que se junta aos 50 anos de casamento do fadista com
Maria Judite de Sousa Leal, com quem tem três filhos e vários netos. Para Ivan
Dias, esta é uma questão “essencial” e afirmou ainda que procurou “passar a
ideia do afecto com que Carlos vive com Judite e com os amigos”.
“Quando
estávamos a mostrar o filme”, Carlos contou “17 beijos que dá a Judite”. “Eu
não contabilizei. Agora, de facto, é um ritual que ele cumpre sempre antes de
entrar em palco, antes de fazer qualquer coisa importante: olha para ver onde
está Judite, dá-lhe um beijo na boca e sobe ao palco”, contou Ivan Dias.
Carlos
do Carmo, voz de clássicos como “Canoas do Tejo” e “Os Putos”, disse à Lusa que
a iniciativa veio de Ivan Dias: “O Ivan quis oferecer-me este filme. Há ano e
meio ele disse-me: ‘Vou fazer o filme da sua vida’. Andou atrás de mim, foi a
Toronto, a Madrid, ao Brasil e foi filmando, filmando e fazendo uma
retrospectiva e fez este documentário que é muito cheio de afectividade – o que
ele tem sobretudo é afectividade”, disse o fadista, lembrando que o realizador
“andou a bater de porta em porta”, para conseguir os necessários apoios
financeiros.
Embaixador
da candidatura do Fado a Património Imaterial da Humanidade, Carlos do Carmo
realçou a importância deste tipo de documentários, que não foi possível fazer
no passado. “É indispensável, para a memória do futuro, para as pessoas saberem
quem nós éramos, ao que andávamos, como era o nosso feitio, e depois têm os
discos para ouvir”, rematou. “Um Homem no Mundo”.
A
estreia do documentário estava prevista para o dia de Natal, mas foi adiada
para o próximo ano, por “questões levantadas pela Sociedade Portuguesa de
Autores [SPA] sobre direitos autorais”, disse à Lusa a distribuidora cinematográfica
NOS.
Jornal
i - Foto: José Sena Goulão / Lusa
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