Díli,
10 dez (Lusa) - Os portugueses Ariana e Filipe chegaram a Timor-Leste em 2009
para trabalhar para o governo timorense e uma organização de apoio ao
desenvolvimento, mas é pela luta contra a pobreza que hoje foram reconhecidos
publicamente pelo país.
Fundadores
da organização não-governamental Empresa Di'ak, em 2010, Ariana Simões de
Almeida e Filipe Alfaiate estão entre os vencedores do prémio Direito Humanos
Sérgio Vieira de Mello, que hoje receberam das mãos do Presidente timorense,
Taur Matan Ruak.
"É
um enorme orgulho receber este prémio [no valor de 10 mil dólares] e ver
reconhecido o trabalho que toda a equipa da Empresa Di'ak tem feito pelo
desenvolvimento de Timor-Leste", afirmou Filipe Alfaiate, cofundador da
organização juntamente com a sua mulher, Ariana Simões de Almeida.
O
prémio já tem um destino e, segundo Ariana Simões de Almeida, vai ser utilizado
para criar e acompanhar mais micro negócios e capacitar muitas mulheres
vulneráveis da ilha de Ataúro e no distrito de Covalima, duas das áreas mais
remotas e empobrecidas de Timor-Leste.
Para
o jovem casal, a aventura timorense começou em 2009 em Londres quando fizeram
as malas rumo à meia-ilha. Filipe Alfaiate veio trabalhar com o
primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, e Ariana Simões de Almeida numa
organização de apoio ao desenvolvimento.
"O
Filipe tem família timorense e havia uma vontade muito grande de participar de
alguma forma no desenvolvimento de Timor", afirmou Ariana Simões de
Almeida.
Dai
até surgir a Empresa Di'ak passou pouco mais de um ano.
"A
ideia surge depois de estarmos em Timor há algum tempo. Durante o processo
percebemos que havia um problema de combate à pobreza. Havia muita análise,
costumamos dizer que este é o país mais psicanalisado do mundo, com muitos
relatórios, mas depois em termos de implementação e resultados encontramos
grandes falhas", explicou Filipe Alfaiate.
Segundo
Ariana Simões de Almeida, no início quiseram fazer grandes projetos, mas depois
de muito trabalho e erros cometidos, perceberam que só conseguiriam fazer a
diferença se fossem diretamente às comunidades, encontrando-se projetos em oito
dos 13 distritos timorenses.
"Há
aqui uma lógica mais de parceria, do que de caridade ou assistencialismo",
disse Filipe Alfaiate, salientando que ajudam, mas se as pessoas não querem
trabalhar, ou organizar-se, passam à próxima pessoa.
A
Empresa Di'ak apoia atividades sempre com a ideia de lutar contra a pobreza e
um negócio de cada vez para trazer às pessoas oportunidade de construírem vidas
"sustentáveis e mais dignas", afirmou Ariana Simões de Almeida.
A
organização apoia comunidades rurais a produzir e identificar oportunidades de
mercados para venderem os seus produtos, nomeadamente na área das pescas,
pecuária, artesanato, e, por outro lado, faz uma intervenção junto dos
empresários, como donos de supermercados, a quem explicam que perdem dinheiro
por não comprar produtos locais.
Outra
área que acabaram por desenvolver também foi a de capacitação de mulheres
vulneráveis, especialmente vítimas de violência.
"O
nosso trabalho nessa área tem sido de trabalhar com mulheres e organizações que
apoiam essas mulheres não só a dar formação, mas também a capacitá-las desde o
mais básico, ao acompanhamento da sua reintegração" de acordo com a sua
realidade, disse Ariana Simões de Almeida.
Os
projetos da Empresa Di'ak, que já tem 11 funcionários, têm sido financiados por
várias países, nomeadamente Estados Unidos, Austrália, Alemanha, e também por
agências da ONU e de desenvolvimento.
MSE
// APN
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