Luís
Vaz Martins fala de 2015 a
sorrir, depois de anos duros: após o golpe de Estado de 2012 na Guiné-Bissau, o
presidente da Liga dos Direitos Humanos chegou a viver escondido, afastado da
família e sob disfarce.
"Tive
experiências muito amargas, com colegas, por defendermos os direitos humanos e
o Estado de direito. Custou-me ter que viver na condição de refugiado dentro do
meu próprio país", contou à agência Lusa.
Fações
militares e políticas, gozando de impunidade, não toleravam a denúncia de
agressões físicas e outras violações dos direitos fundamentais a que nem
membros do Governo de transição escaparam.
As
eleições deste ano trouxeram estabilidade e esperança e 2015 "deve dar
sinais muito fortes no sentido da mudança, para que realmente possamos
experimentar formas de viver diferentes da anarquia e do caos que tem sido a
realidade", referiu Luís Vaz Martins
Um
otimismo moderado ao olhar para a História do país.
"Seria
no mínimo utópico pensar que 2015 será o ano de todas as mudanças", disse,
até porque a Guiné-Bissau continua a ser "imprevisível", mas
perspetiva-se uma viragem decisiva, por exemplo, na organização militar.
"Estou
em crer que será o ano do início das grandes reformas no setor da segurança,
porque sem elas qualquer crispação no plano político terá repercussões. Porque
haverá intervenção das Forças Armadas", sublinhou.
Governo
e parceiros internacionais têm falado de desmobilização de muitos militares,
por um lado, e formação de novos efetivos, por outro, num setor que "mexe
com 40% dos casos de violação dos direitos fundamentais" no território.
"Acredito
que os atuais líderes irão colaborar, com o apoio da comunidade internacional,
para que haja imediatamente uma reforma nesse setor, sob pena de voltarmos a
adiar o país 'sine die'", realçou Luís Vaz Martins.
Noutras
áreas, o presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos disse acreditar na
previsão de crescimento económico feita pelo Governo.
E
no plano político, considerou expectável que "os consensos encontrados
entre diferentes forças políticas se traduzam numa gestão do país mais
pacífica", conduzindo a uma "reforma do Estado, no seu todo".
Neste
cenário, a melhoria da qualidade de vida deverá ser mensurável e sentida pela
população.
"Estamos
a falar de 40 anos de autodestruição de um Estado", em que o país
"não conseguiu cumprir com os seus principais eixos e objetivos: criar
condições de bem-estar para a população, condições de segurança e condições
para que se faça justiça em nome do povo", acrescentou.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
Sem comentários:
Enviar um comentário