Receia-se
que as dificuldades económicas previstas para 2015 afetem áreas cruciais como a
saúde, a educação e o combate à pobreza.
José
Armando Chicoca duvida muito que 2015 traga melhores condições de vida para os
angolanos. O presidente da Associação de Motoqueiros e Transportadores de
Angola, AMOSTRANG, na região Sul e Cuando-Cubango, está particularmente
preocupado com a carência de alimentos que se faz sentir em algumas províncias
e diz que se avizinham inúmeras dificuldades.
"Temos
angolanos miseráveis num país rico", sublinha Chicoca. "Na província
do Namibe, temos homens que passam dois a três dias sem nada que comer."
Com o desacelerar do crescimento económico em alguns países que importam
petróleo de Angola, incluindo a China, os próximos meses poderão ser ainda mais
difíceis, diz.
Educação
também enfrentará dias difíceis, diz sindicalista
O
setor da educação também deverá continuar a enfrentar sérios problemas, de
acordo com Manuel de Vitória Pereira, vice-presidente do Sindicato Nacional de
Professores de Angola (SINPROF). O Estado continua a não fazer investimentos de
grande envergadura, apesar das inúmeras carências que o setor enfrenta, critica
o sindicalista.
"Promete-se
equipamento e material escolar grátis à sexta classe e vai tudo para o mercado
negro", denuncia Manuel de Vitória Pereira. "Além disso, há turmas
debaixo de árvores, escolas em ruína - tudo isto prejudica."
Combater
a corrupção
Elias
Isaac também está pessimista quanto a 2015. O diretor em Angola da organização
de defesa dos direitos humanos "Open Society" diz que, para melhorar
as condições de vida da população, é fundamental que se lute contra a
corrupção, introduzindo alterações profundas no funcionamento do Estado. Mas,
segundo ele, o Governo não parece estar interessado nisso.
"As
coisas pioraram desde 2002. Parece que a democracia veio legitimar a impunidade
dos atos da grande corrupção. Eu não acredito que o poder político e
governativo atual no nosso país tenha capacidades e vontade de combater a
corrupção. Ninguém tenha ilusões sobre isso", diz Elias Isaac. "Só se
pode combater a corrupção quando se promove a transparência e responsabilidade
política e governativa."
No
ano passado, no Índice de Perceção da Corrupção da organização
não-governamental Transparency International, caindo para o lugar 161 num total
de 175 países.
Mau
ano não afetará política de combate à pobreza, garante Presidente
Na
mensagem de Ano Novo, o Presidente angolano admitiu que 2015 seria um ano
difícil para os angolanos devido à baixa dos preços do petróleo a nível global.
Haverá cortes na despesa do Estado e "projetos que serão adiados". No
entanto, José Eduardo dos Santos assegurou que as dificuldades financeiras não
vão interferir no combate à pobreza.
Anselmo
Vieira (Huíla) – Deutsche Welle
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