Novo Jornal (ao), opinião
Felizmente
ainda sobram alguns recursos além do petróleo. Não tão valiosos, nem com o
impacto semelhante sobre a nossa produção, mas folguem-se todos porque há mais.
Ficámos
logo apreensivos quando ouvimos de viva voz, no já habitual discurso à nação, o
Presidente da República, dizer que se avizinham tempos difíceis.
O
petróleo cai e recomeça o drama…Pouca receita, cortes estratégicos e
sacrifícios incompreensíveis. Vive-se em constante salto e sobressalto entre
oscilações de preços por barril, habituámo- -nos a isto e a olhar, quando em
baixa, para outros recursos como tábua de salvação.
Agora
o diamante, a seguir o ouro e outros minérios que iremos a correr desenterrar…
Para nós, ainda sem lhes pôr bem a vista em cima, é bem melhor coleccionar
recursos, tal como quem colecciona cromos da caderneta.
Adoramos
trocá-los por outros ou por coisas que até poderíamos fazer mas, como podemos,
preferimos pagar para que outros façam. Mal de nós se os recursos, essa bênção
da natureza, deixam de ser valiosos e não são apreciados.
Como
já se viu no passado, isso acontece mais vezes do que gostaríamos, provocando
algumas angústias sem que, no entanto, consigamos, efectivamente mudar o curso
desta história que acaba sempre em dependência: A famosa petro-dependência. É
assim que nos querem, porque se não, onde iriam as marcas internacionais escoar
os seus produtos.
Nesta
visão globalizada, nem todos podem ganhar, ou melhor, ganha quem já cá anda há
muito tempo, países que há muito se tornaram a meca da industrialização e assim
querem continuar, sustentados pelos países subdesenvolvidos e em
desenvolvimento que não podem, nem conseguem ser auto-suficientes.
Paralelamente
à petro-dependência, desenvolvemos outro tipo de dependência. A incapacidade de
raciocinar além petróleo ou além recursos. Inadaptados a uma realidade sem nada
que obrigue a pensar fora da caixa, longe do conforto do uso de recursos como
moeda de troca.
Nesse
contexto, é bem mais difícil gerir ou produzir riqueza, mas temos cada vez
menos tempo e recursos para alavancar uma economia independente do petróleo. Há
cura para esta dependência, tal como também haverá cura para o ébola, malária e
outras doenças que assolam, sobretudo, o continente africano.
Sabemos
todos em teoria que bastaria fomentar um desenvolvimento direccionado para a
produção de pessoas capazes de investigar e estudar uma cura, desenvolver
fármacos, criar indústrias, empresas... O próximo ano será mau, já sabemos que
haverá menos dinheiro por isso já se apregoa há tempos o discurso da
diversificação económica como se, rapidamente se conseguisse diversificar com
duas enxadas e meia dúzia de sementes…
Diversificar
é impreterível, não se discute, mas desta vez para ser diferente, porque não
diversificar a mentalidade, a estratégia para chegar ao tão ansiado objectivo?
Sem medos e sem o conforto do recurso como pensamos o nosso país? Ou então
continuemos a fazer o mesmo de sempre. Já vimos que o preço do barril vem
caindo quase todos os dias, juntemos as mãos em oração para que suba e depressa…
Sem comentários:
Enviar um comentário