segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Angola: PETRÓLEO NÃO DÁ, AGARREM-SE AOS DIAMANTES…



Novo Jornal (ao), opinião

Felizmente ainda sobram alguns recursos além do petróleo. Não tão valiosos, nem com o impacto semelhante sobre a nossa produção, mas folguem-se todos porque há mais.

Ficámos logo apreensivos quando ouvimos de viva voz, no já habitual discurso à nação, o Presidente da República, dizer que se avizinham tempos difíceis.

O petróleo cai e recomeça o drama…Pouca receita, cortes estratégicos e sacrifícios incompreensíveis. Vive-se em constante salto e sobressalto entre oscilações de preços por barril, habituámo- -nos a isto e a olhar, quando em baixa, para outros recursos como tábua de salvação.

Agora o diamante, a seguir o ouro e outros minérios que iremos a correr desenterrar… Para nós, ainda sem lhes pôr bem a vista em cima, é bem melhor coleccionar recursos, tal como quem colecciona cromos da caderneta.

Adoramos trocá-los por outros ou por coisas que até poderíamos fazer mas, como podemos, preferimos pagar para que outros façam. Mal de nós se os recursos, essa bênção da natureza, deixam de ser valiosos e não são apreciados.

Como já se viu no passado, isso acontece mais vezes do que gostaríamos, provocando algumas angústias sem que, no entanto, consigamos, efectivamente mudar o curso desta história que acaba sempre em dependência: A famosa petro-dependência. É assim que nos querem, porque se não, onde iriam as marcas internacionais escoar os seus produtos.

Nesta visão globalizada, nem todos podem ganhar, ou melhor, ganha quem já cá anda há muito tempo, países que há muito se tornaram a meca da industrialização e assim querem continuar, sustentados pelos países subdesenvolvidos e em desenvolvimento que não podem, nem conseguem ser auto-suficientes.

Paralelamente à petro-dependência, desenvolvemos outro tipo de dependência. A incapacidade de raciocinar além petróleo ou além recursos. Inadaptados a uma realidade sem nada que obrigue a pensar fora da caixa, longe do conforto do uso de recursos como moeda de troca.

Nesse contexto, é bem mais difícil gerir ou produzir riqueza, mas temos cada vez menos tempo e recursos para alavancar uma economia independente do petróleo. Há cura para esta dependência, tal como também haverá cura para o ébola, malária e outras doenças que assolam, sobretudo, o continente africano.

Sabemos todos em teoria que bastaria fomentar um desenvolvimento direccionado para a produção de pessoas capazes de investigar e estudar uma cura, desenvolver fármacos, criar indústrias, empresas... O próximo ano será mau, já sabemos que haverá menos dinheiro por isso já se apregoa há tempos o discurso da diversificação económica como se, rapidamente se conseguisse diversificar com duas enxadas e meia dúzia de sementes…

Diversificar é impreterível, não se discute, mas desta vez para ser diferente, porque não diversificar a mentalidade, a estratégia para chegar ao tão ansiado objectivo? Sem medos e sem o conforto do recurso como pensamos o nosso país? Ou então continuemos a fazer o mesmo de sempre. Já vimos que o preço do barril vem caindo quase todos os dias, juntemos as mãos em oração para que suba e depressa…

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