Movimento
pretende atuar nas ruas e no Congresso pela aprovação de agenda progressista,
em contraponto às manifestações que pedem volta do governo militar e ideais
direitistas
Hylda
Cavalcanti, da Rede Brasil Atual
Brasília
– O ano de 2015, além das mudanças no Executivo e Legislativo, será marcado
também pela formalização de uma nova frente de esquerda, de caráter nacional, a
ser formada por movimentos sociais diversos, centrais sindicais e partidos
políticos. As articulações, que já estão adiantadas, têm sido realizadas entre
algumas das principais centrais, lideranças de ao menos sete entidades e os
partidos PT, PSOL, PCdoB e PSTU, conforme informaram organizadores do
movimento.
A
ideia partiu de um dos coordenadores do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto
(MTST), Guilherme Boulos, estimulado por declarações do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva sobre a necessidade de ser retomado o trabalho de mobilização dos
movimentos sociais e partidos da esquerda, no último mês.
O
intuito é trabalhar conjuntamente por objetivos em comum, como a reforma
política, por exemplo, e o combate a agressões que envolvam qualquer tipo de
discriminação ou atentado a direitos humanos e projetos como a democratização
da mídia. Por conta disso, uma das mobilizações que já está sendo organizada é
para pedir que o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) seja punido por quebra de
decoro parlamentar. Em pronunciamento no plenário da Câmara, Bolsonaro –
que em 2015 dará início ao seu sétimo mandato – disse que não estupraria a
deputada Maria do Rosário (PT-RS) "porque ela não merece”.
Contraposição
A
frente prepara uma série de atos públicos a serem realizados em vários estados.
E o trabalho tem o intuito, também, de se contrapor ao avanço de grupos
conservadores e de direita não só nas ruas, mas no Congresso e no governo
federal.
Para
se ter uma ideia, a primeira reunião a discutir a formação do grupo, além do
MTST, contou com lideranças da Central Única dos Trabalhadores (CUT),
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), Central de Movimentos
Populares (CMP), Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Levante Popular
da Juventude, Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e Via Campesina,
entre diversas outras entidades. Além, claro, de representantes dos quatro
partidos e integrantes de pastorais sociais católicas.
“Vamos
atuar nas ruas e no Congresso, como contraponto ao avanço da direita, e ao
mesmo tempo atuar para a aprovação de projetos importantes para o país”, contou
o representante da CMP, Raimundo Bonfim. “Queremos criar uma frente popular que
aglutine forças progressistas e amplie mobilizações sobre temas democráticos e
que há anos esperamos para serem consolidados, como é o caso da reforma política”,
completou Eduardo Cintra, do PT no Distrito Federal.
Constituinte
O
primeiro encontro está programado para o início deste mês, com atos pedindo a
convocação de uma constituinte exclusiva para a reforma política. Também está
sendo organizado para fevereiro ato no Congresso Nacional para pedir pela
cassação de Bolsonaro pelas ofensas verbais proferidas contra Maria do Rosário,
que se configuraram como quebra de decoro parlamentar.
“O
trabalho busca unidade, uma vez que temos muitos objetivos em comum e o primeiro
semestre de 2015 deve ser de instabilidade política”, enfatizou o deputado
Renato Simões (PT-SP). “Mais do que tudo, a frente ajudará a conscientizar a
população para a importância destes projetos que vão ajudar no amadurecimento
da democracia e no fortalecimento da República”, completou Geraldo Sampaio, da
CMP.
Na
foto: Uma das mobilizações será para pedir que o deputado Jair Bolsonaro
(PP-RJ) seja punido por quebra de decoro
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