Pesquisadores
acreditam que os morcegos são a fonte do vírus que está na base da presente
epidemia de ébola na África Ocidental, mas um novo estudo aponta para espécies
diferentes do que os morcegos da fruta implicados em anteriores epidemias.
O
vírus do ébola habitualmente passa do animal hospedeiro para os humanos através
da contaminação da carne dos animais selvagens. Os caçadores levam para casa um
morcego da fruta infectada,um macaco ou um antílope que contraiu o vírus.
Embora
os morcegos não sejam afectados pelo ébola, torna-se mortal para os outros
habitantes da floresta.
Em
epidemias anteriores, os mamíferos de grande porte foram igualmente afectados.
Mas
quando os pesquisadores do Instituto Robert J«Koch, de Berlim, chegaram em
Abril à Guiné-Conacri para investigar a crescente epidemia, não encontraram
decréscimo na população da vida selvagem. Assim viraram a atenção para uma
outra fonte de transmissão, teorizando que o vírus vinha directamente dos
morcegos.
Fabian
Leedertz, que chefiou a equipa, indicou que centrou a atenção nos caçadores e
nos esforços de capturar e matar morcegos da fruta, até que se aperceberam de
que a primeira vitima do actual surto de ébola foi um rapaz de dois anos de
idade.
“Isto
mudou o nosso ponto de vista”, recorda. “Pensava que teríamos de analisar as
crianças e os seus comportamentos. E isso seria um ponto de partida, por que as
crianças não caçam os morcegos da fruta, mas o que fazem nas aldeias em geral,
é caçar os morcegos que comem insectos e que se encontram debaixo dos telhados
e nas arvores. Onde os encontrarem dão-lhes caça e matam-nos cozinhando-os ao
fogo", disse.
Através
de entrevistas realizadas na aldeia de Meliandou, os pesquisadores ficaram a
saber que as crianças locais brincavam com frequência numa arvore grande oca,
que era a residência de uma colónia de morcegos angolanos sem cauda. A presença
de centenas destas criaturas com o tamanho de ratos colocava a possibilidade de
uma exposição maciça ao vírus.
Leendertz
sustenta que a situação é similar à de 2008, na qual um turista que fora ao
Uganda visitou a caverna Python, onde existia uma colónia de morcegos e contraiu
o vírus de Marburg, aparentado com o ébola.
Existem
cada vez mais dados – mas não existe prova concreta – de que os morcegos da
fruta são portadores de um vírus, que provoca as duas febres hemorrágicas.
Um
artigo publicado por Leendertz sustenta que os dados aumentam os reservatórios
com a possibilidade do ébola.
O
ébola terá assim começado numa criança numa pequena aldeia guineense,
espalhou-se por mais de meia dezena de nações, infectou mais de 20 mil pessoas
e matou mais de 7.800.
Voz
da América
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