Pequim,
04 jan (Lusa) -- Dezenas de pessoas foram interrogadas pela polícia depois de
terem publicado comentários e críticas na Internet sobre a má gestão por parte
das autoridades de Xangai no âmbito da trágica debandada ocorrida na passagem
de ano, noticia hoje o jornal South China Morning Post.
O
trágico incidente, que ocorreu numa praça da concorrida zona do
"Bund", a marginal neoclássica da cidade, onde milhares de pessoas, a
maioria jovens, se preparavam para celebrar a entrada no novo ano, resultou em
36 mortos e em 49 feridos.
A
medida de pressão da opinião pública deve-se à necessidade de "conter os
rumores e manter a ordem social", afirmou um responsável da polícia, cujo
nome não foi publicado, em declarações ao jornal de Hong Kong.
"Não
se podem eliminar todos os comentários negativos ou informações falsas, mas os
interrogatórios foram feitos em jeito de advertência aos cibernautas pouco
'amigáveis'", disse a mesma fonte.
Os
interrogatórios ocorrem numa altura em que familiares das vítimas -- alguns dos
quais muito críticos das autoridades -- e governo local negoceiam
indemnizações.
A
polícia da metrópole chinesa admitiu não ter previsto tão elevado número de
pessoas, o que levou a tivesse adotado menos medidas de prevenção e de controlo
de multidões face a passagens de ano anteriores.
A
fonte policial citada pelo South China Morning Post afirmou esperar que alguns
dos responsáveis pelos corpos de segurança de Xangai sejam destituídos dos
cargos por causa das falhas.
A
imprensa oficial chinesa revelou, no sábado, que a lista de vítimas mortais
inclui um cidadão de Taiwan e outro da Malásia.
Trezes
pessoas continuam hospitalizadas, das quais quatro em estado crítico.
A
debandada em Xangai começou a ser tema alvo da censura pelas autoridades da
metrópole chinesa que limitaram acesso por parte dos familiares das vítimas aos
'media' estrangeiros, segundo avançou, na edição de sábado, o South China
Morning Post.
De
acordo com o jornal, o departamento de propaganda do Partido Comunista da China
emitiu ainda várias notificações dirigidas aos meios de comunicação locais, em
que proíbe a utilização de fotografias em que sejam mostradas homenagens às
vítimas, e também orientações sobre a forma de obter informação sobre o
acidente, cujas causas ainda estão a ser alvo de investigação.
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