Gustavo
Mavie* – Jornal de Angola
Quando
a 18 deste Maio último, dei conta, ainda no Aeroporto Internacional Oliver
Tambo, em Joanesburgo, que cerca de metade dos passageiros do super-jumbo
sul-africano com que iria viajar para Angola eram chineses e indianos de caras
indelevelmente maquilhadas pela poeira do cimento, mãos calejadas tipicamente
de operários da construção civil, voltei a recordar-me do que havia lido o ano
passado, numa das edições do jornal britânico “Financial Times”, de que a
(re)construção de Angola está sendo feita à velocidade da luz, sob a
égide do seu Governo.
Quando
a 18 deste Maio último, dei conta, ainda no Aeroporto Internacional Oliver
Tambo, em Joanesburgo, que cerca de metade dos passageiros do super-jumbo
sul-africano com que iria viajar para Angola eram chineses e indianos de caras
indelevelmente maquilhadas pela poeira do cimento, mãos calejadas tipicamente
de operários da construção civil, voltei a recordar-me do que havia lido o ano
passado, numa das edições do jornal britânico “Financial Times”, de que a
(re)construção de Angola está sendo feita à velocidade da luz, sob a
égide do seu Governo.
Já depois de desembarcar no Aeroporto de Luanda - ele próprio em obras de reabilitação e expansão - dei ainda conta de uma frase estampada num dos vários painéis publicitários, em que se cita o Presidente José Eduardo dos Santos, a instar os seus compatriotas a fazer de Angola um canteiro de obras, em prol da sua rápida (re)construção. Muito embora não fosse esta a primeira vez que ia a Angola, o certo é que quando olhei, apercebi-me de que Luanda era outra e bem bonita que aquela que conheci ao longo dos anos em que o país esteve em guerra.
O que Luanda e o próprio país em si são hoje é de facto mais do que um canteiro para ser todo o país que está transformado num parque de máquinas de construção civil. Por alguns instantes tive a sensação de que estava na China, dado que também neste país obras em é o que há demais.
Já antes de desembarcar, havia ficado pasmado quando, ao sobrevoarmos o Porto de Luanda, apercebi-me que estavam atracados nele dezenas, senão mesmo centenas de navios de todos os tamanhos. Por instantes, cheguei a pensar que talvez tivéssemos sido desviados por algum pirata aéreo, para um outro país, já que, não é normal ter-se num porto de um país africano - exceptuando obviamente a África do Sul - tantos navios como os que estava vendo naquele momento.
Tentei contá-los, mas até à altura em que o avião poisou na pista de aterragem, estava ainda nos 100 e bem longe de contar todos. Por algum tempinho cheguei a pensar que estivéssemos no movimentadíssimo Porto de Hong-Kong.
Só que, o que eu estava vendo aí, era afinal apenas o começo do que mais tarde iria ser a prova dos nove e real, de que em Angola se trava de facto uma verdadeira batalha pela (re)construção deste país tão abençoado com tantas riquezas, e vão desde jazidas de petróleo, passando pelos seus famosos diamantes, até aos recursos agro-florestais e marinhos, mas cujo povo se via condenado a viver tão pobremente por causa da guerra que o afectava.
Outro aspecto que não escapa a quem chega a este país através do seu aeroporto na capital é a numerosa frota de gigantescos aviões nacionais e estrangeiros que também se encontram estacionados e que uma vez mais me levou também a pensar mesmo que devíamos ter sido desviados para outro país do além África.
Quando já estava em terra firme e a caminhar para a pensão em que iríamos estar, e vi que estávamos de facto em Luanda, aí já vi que este movimento de navios, aviões e legiões de construtores vindos de todos os cantos do globo era prova de que o Governo de Angola havia de facto transformado o país no tal canteiro de obras.
De facto, pude ver “in loco” que Angola é uma verdadeira Meca dos construtores de todo o mundo, e que o país virou de facto um parque de máquinas e equipamentos para a construção civil e para outro tipo de obras de grande envergadura, como a construção de auto-estradas, pontes e caminhos-de-ferro. Em Angola o governo local está a investir biliões de dólares.
Por todo o lado onde se passa, seja de dia ou de noite, é só obras atrás de obras em construção acelerada ou já na fase conclusiva, como é o caso dos quatro estádios que irão acolher o CAN-2010, porque no caso dos construtores chineses, estes trabalham tanto à luz do sol como da lua e, se necessário, à luz das velas. De um modo geral, eles é que estão fazendo as maiores obras, como a reconstrução da linha-férrea que liga o Porto do Lobito à Zâmbia, e que servirá vários países da região, incluindo Moçambique. Esta linha estava paralisada pela guerra da UNITA, desde 1975, e a sua reabilitação agora custará dois biliões de dólares, sem incluir a aquisição de novas locomotivas.
A aposta do executivo de Zé Dú, como os angolanos chamam ao seu Presidente, é erguer dos escombros da guerra, uma nova e vibrante Angola que esteja em pé de igualdade mesmo com a poderosa África do Sul e que faça uso racional dos tais seus imensos recursos naturais, para deixar de estar sentado nessa potencial riqueza, mas pobre, e ser de facto um país rico que é.
Uma das suas metas imediatas é reconstruir tudo o que foi destruído ao longo dos 30 anos
É nesta senda que o Governo irá construir nos próximos cinco anos mais de um milhão de residências, para além de outras infra-estruturas, como escolas, hospitais e estádios de futebol.
Na verdade, nos últimos seis anos de paz, poderá ter-se construído mais infra-estruturas sociais para servir o seu povo do que se havia feito em todos os 500 anos
Pude ver isso em Luanda assim como durante a deslocação que fiz ao Lobito e à província de Benguela, situada a 500 quilómetros a Sul da capital angolana.
(*) Jornalista da AIM (Agência de Informação Moçambicana)
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