A
eurodeputada diz que tem muitos dados relativamente a eventual colaboração das
autoridades portugueses nesses voos.
Luísa
Meireles - Expresso
A eurodeputada socialista considera que a decisão do Parlamento Europeu de reabrir as investigações sobre os voos da CIA na sequência do relatório do Senado americano sobre o tema era "absolutamente indispensável" e que ela própria irá colaborar nesse trabalho e em especial no que diz respeito a Portugal.
"Fui
uma das pessoas que se bateu por isso e não se pode ignorar que se as violações
dos direitos humanos foram originalmente americanas não podiam ter sido
operadas sem a cumplicidade de países europeus [cerca de 25, cujos nomes foram
bloqueados pelo relatório do Senado americano]", disse ao Expresso a
eurodeputada, que esta semana esteve envolvida numa polémica com a
deputada socialista Isabel Moreira a também a propósito deste assunto.
No
âmbito das suas investigações, Ana Gomes chegou a deslocar-se à Lituânia, em
abril de 2012, tendo visitado uma prisão nos arredores de Vilnius onde se
faziam esses interrogatórios. Outros países, como a Bulgária e a Roménia,
ficarão sob "vigilância especial" nestas investigações.
"Do
lado americano houve um assumir de responsabilidades, do lado europeu não se
espera menos, os governos e os responsáveis terão de ser identificados",
adiantou Ana Gomes, adiantando que vai prosseguir as investigações em relação a
Portugal.
A
investigação da Procuradoria-Geral da República, que foi arquivada, é uma das
bases de trabalho de Ana Gomes, na medida em que "foram ouvidos como
testemunhas militares portugueses, que reforçam a perceção da responsabilidade
das autoridades, que colaboraram, sabendo o que faziam".
O
primeiro voo para Guantánamo registado em Portugal foi a 11 de janeiro de 2002,
tendo os voos prosseguido até ao Verão de 2006 (com autorização de paragem) e
até 2007 só com autorização de sobrevoo, que eram dadas pelo Ministério da
Defesa e dos Negócios Estrangeiros.
Outro
dos pontos que preocupa a eurodeputada e sobre o qual tenciona investigar tem a
ver com a revelação feita pelo relatório do Senado deque muitos interrogatórios
foram feitos em navios americanos estacionados em águas territoriais de países
europeus. Ana Gomes pretende apurar se se registaram desses casos em Portugal.
Desta
vez, as investigações do PE serão feitas sob a forma da nomeação de um relator,
que terá a colaboração do trabalho colegial.
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