quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

O CIRCO EM TIMOR-LESTE TEM NOVOS ARTISTAS MAS O MESMO PALHAÇO RICO




“Xanana mantém pasta estratégica no governo”. É o título com que vão deparar a seguir. Como num circo algo mudou para ser apresentado como novidade. Contratados novos artistas mas mantendo uns quantos dos mais antigos e fiéis, que sirvam quanto necessário - por vezes mais além - o mesmo palhaço rico: Xanana Gusmão. Compondo o cartaz publicitário do elenco o destaque pretende centrar-se numa nova vedeta que até agora ainda não percebeu que está ali só para compor o ramalhete e fazer de conta que é a vedeta principal do circo: Rui Araújo. Assim convém ao palhaço rico, ditador do circo. Tanto assim é que na notícia mencionam que ao palhaço rico pertencerá a última palavra. E a única, falta ali referir – porque com palhaços ricos ditadores é assim que as coisas funcionam.

No redondel circense o espetáculo vai começar. Aparentemente com novo fulgor. Só aparentemente. Neste intervalo entretiveram-nos com umas macacadas e uns número de ilusionismo. Assim acontecerá sempre que convier ao palhaço rico e restante trupe. As focas aplaudirão e os leões vão rugir para atemorizar os mais afoitos na plateia. Quem se portar muito mal pode ser lançado aos crocodilos e às hienas que riem todo o tempo para agradar ao seu dono, o palhaço rico. Certo é que o espetáculo não vai trazer nada de novo – por mais que queiram fazer acreditar que trará. As expetativas são de grande pateada a menos de metade do tempo do triste espetáculo. Mas nem aí o palhaço rico vai desistir de impingir e impor novamente o seu circo de quase horrores. (MM / PG)

Xanana mantém pasta estratégica no governo

O comunicado do Presidente da República timorense com o elenco do próximo Governo coloca Rui Araújo, primeiro-ministro, à cabeça, e no final da lista quem muitos dizem poderá continuar a ter a última palavra: Xanana Gusmão.

Primeiro-ministro demissionário, Xanana Gusmão deixa o comando do executivo mas a sua influência, quer no Governo quer no país, vai continuar a fazer-se sentir.

O cargo é amplo - ministro do Planeamento e Investimento Estratégico - e o seu mandato - faltando ainda conhecer a lei orgânica da pasta que tutela - é de importância crucial para Timor-Leste nos próximos anos.

O Plano de Desenvolvimento é um elemento central quer do programa do V Governo, que agora termina, como do próximo, que começa segunda-feira e por isso a influência sobre as linhas mestras da política governativa permanece nas mãos de Xanana Gusmão.

E com elas a condução de grande parte do investimento público nos próximos anos num país que continua a ter 90% do seu PIB dependente do Orçamento de Estado e grande parte da economia a viver da obra pública e dos salários dos funcionários públicos.

Rui Araújo é o homem das finanças públicas - pelo menos do seu conhecimento técnico, como o próprio Xanana Gusmão explicou na carta em que justificou aos partidos a escolha do seu sucessor - mas o ainda primeiro-ministro demissionário é o homem forte da política.

O próprio elenco governativo é demonstrativo da estratégia com que Xanana Gusmão conduziu as negociações para o que Rui Araújo definiu hoje como "um governo de unidade nacional". Sem que formalmente o seja.

Na prática conseguiu manter no seio do executivo membros de todos os partidos com representação parlamentar - o Orçamento de Estado já era aprovado há três anos com consenso - incluindo da que era, até aqui, a oposição da Fretilin (Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente).

A direção do partido insiste que esta configuração não marca a entrada da Fretilin, que os convites aos elementos do partido que estão no Governo são individuais mas, para o exterior, é difícil conseguir que essa mensagem seja aceite por todos.

Até porque além do primeiro-ministro estão da Fretilin no Governo outros nomes sonantes.

Estanislau da Silva acumula o cargo de ministro de Estado Coordenador dos Assuntos Económicos com o de ministro da Agricultura e Pescas, Hernâni Coelho assume o comando no Ministério dos Negócios Estrangeiros (onde substitui José Luis Guterres, que é líder da Frente Mudança, um dos três partidos que estava na coligação do Governo anterior) e Inácio Moreira, deputado, vai ocupar o cargo de vice-ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações.

Timor-Leste testa mais um modelo, com um Governo que une talentos partidários e vozes outrora concorrentes e onde pelo menos cinco elementos - um primeiro-ministro e quatro ministros de Estado - têm, pelo menos no organigrama, mais poder que o antigo chefe.

Lusa, em Notícias ao Minuto

Sem comentários:

Mais lidas da semana