“Xanana
mantém pasta estratégica no governo”. É o título com que vão deparar a seguir. Como
num circo algo mudou para ser apresentado como novidade. Contratados novos
artistas mas mantendo uns quantos dos mais antigos e fiéis, que sirvam quanto
necessário - por vezes mais além - o mesmo palhaço rico: Xanana Gusmão. Compondo
o cartaz publicitário do elenco o destaque pretende centrar-se numa nova vedeta
que até agora ainda não percebeu que está ali só para compor o ramalhete e
fazer de conta que é a vedeta principal do circo: Rui Araújo. Assim convém ao
palhaço rico, ditador do circo. Tanto assim é que na notícia mencionam que ao
palhaço rico pertencerá a última palavra. E a única, falta ali referir – porque
com palhaços ricos ditadores é assim que as coisas funcionam.
No
redondel circense o espetáculo vai começar. Aparentemente com novo fulgor. Só
aparentemente. Neste intervalo entretiveram-nos com umas macacadas e uns número
de ilusionismo. Assim acontecerá sempre que convier ao palhaço rico e restante
trupe. As focas aplaudirão e os leões vão rugir para atemorizar os mais afoitos
na plateia. Quem se portar muito mal pode ser lançado aos crocodilos e às hienas
que riem todo o tempo para agradar ao seu dono, o palhaço rico. Certo é que o
espetáculo não vai trazer nada de novo – por mais que queiram fazer acreditar
que trará. As expetativas são de grande pateada a menos de metade do tempo do triste
espetáculo. Mas nem aí o palhaço rico vai desistir de impingir e impor novamente
o seu circo de quase horrores. (MM / PG)
Xanana
mantém pasta estratégica no governo
O
comunicado do Presidente da República timorense com o elenco do próximo Governo
coloca Rui Araújo, primeiro-ministro, à cabeça, e no final da lista quem muitos
dizem poderá continuar a ter a última palavra: Xanana Gusmão.
Primeiro-ministro
demissionário, Xanana Gusmão deixa o comando do executivo mas a sua influência,
quer no Governo quer no país, vai continuar a fazer-se sentir.
O
cargo é amplo - ministro do Planeamento e Investimento Estratégico - e o seu
mandato - faltando ainda conhecer a lei orgânica da pasta que tutela - é de
importância crucial para Timor-Leste nos próximos anos.
O
Plano de Desenvolvimento é um elemento central quer do programa do V Governo,
que agora termina, como do próximo, que começa segunda-feira e por isso a
influência sobre as linhas mestras da política governativa permanece nas mãos
de Xanana Gusmão.
E
com elas a condução de grande parte do investimento público nos próximos anos
num país que continua a ter 90% do seu PIB dependente do Orçamento de Estado e
grande parte da economia a viver da obra pública e dos salários dos
funcionários públicos.
Rui
Araújo é o homem das finanças públicas - pelo menos do seu conhecimento
técnico, como o próprio Xanana Gusmão explicou na carta em que justificou aos
partidos a escolha do seu sucessor - mas o ainda primeiro-ministro
demissionário é o homem forte da política.
O
próprio elenco governativo é demonstrativo da estratégia com que Xanana Gusmão
conduziu as negociações para o que Rui Araújo definiu hoje como "um
governo de unidade nacional". Sem que formalmente o seja.
Na
prática conseguiu manter no seio do executivo membros de todos os partidos com
representação parlamentar - o Orçamento de Estado já era aprovado há três anos
com consenso - incluindo da que era, até aqui, a oposição da Fretilin (Frente
Revolucionária do Timor-Leste Independente).
A
direção do partido insiste que esta configuração não marca a entrada da
Fretilin, que os convites aos elementos do partido que estão no Governo são
individuais mas, para o exterior, é difícil conseguir que essa mensagem seja
aceite por todos.
Até
porque além do primeiro-ministro estão da Fretilin no Governo outros nomes sonantes.
Estanislau
da Silva acumula o cargo de ministro de Estado Coordenador dos Assuntos
Económicos com o de ministro da Agricultura e Pescas, Hernâni Coelho assume o
comando no Ministério dos Negócios Estrangeiros (onde substitui José Luis
Guterres, que é líder da Frente Mudança, um dos três partidos que estava na
coligação do Governo anterior) e Inácio Moreira, deputado, vai ocupar o cargo
de vice-ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações.
Timor-Leste
testa mais um modelo, com um Governo que une talentos partidários e vozes
outrora concorrentes e onde pelo menos cinco elementos - um primeiro-ministro e
quatro ministros de Estado - têm, pelo menos no organigrama, mais poder que o
antigo chefe.
Lusa,
em Notícias ao Minuto
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