Jornalista
afirma que dirigentes estão a registar em nome próprio terrenos que poderiam
ser usados para a produção agrícola.
A
expropriação de terras por parte de dirigentes angolanos está a ser investigada
pelo jornalista Rafael Marques, autor do livro Diamantes de Sangue, que afirma
ter detectado dezenas de situações irregulares.
“Um
pouco por todo o país, os dirigentes estão a açambarcar terras e registá-las em
seu nome. Só no Kwanza Sul já registei cerca de 30 dirigentes que detêm mais de
600 quilómetros quadrados de terra arável, por apropriação”, disse à Lusa o
jornalista.
Rafael
Marques afirmou que não existem medidas para racionalizar os recursos e impedir
que os dirigentes se apropriem de centenas de milhares de hectares de terra.
De
acordo com o investigador, o país, “dependente do petróleo”, precisa de
políticas competitivas, através da realização de concursos públicos em setores
como a construção de infra-estruturas e investimentos internacionais
independentes, sem a participação dos governantes como sócios.
“Tenho
estado a fazer um trabalho sobre a expropriação de terras por parte de
dirigentes um pouco por todo o país e temos dirigentes com dezenas de milhares
de hectares, centenas de quilómetros quadrados de terra arável – que não fazem
nada com essas terras -, mas conseguem obter grandes empréstimos, sobretudo do
Banco de Desenvolvimento Angolano”, explicou Rafael Marques, que criticou a
forma como são utilizados os créditos bancários.
“Alguns
(empréstimos) de dezenas de milhões de dólares são para comprarem carros de
luxo, bens e serviços de luxo no exterior e não se investe efectivamente na
infra-estrutura para dar suporte à produção agrícola necessária ao país”,
acusou Rafael Marques, sublinhando que são raros os casos de sucesso
empresarial no sector agrícola.
“No
Cuanza Sul, o projeto mais bem-sucedido é o de uma fazenda onde foram
investidos mais de 150 milhões de dólares mas não conseguem produzir mais de
200 hectares de terra e é uma sociedade que tem oito mil hectares. Não há
investimento na agricultura que, por sua vez poderia suportar uma indústria de
transformação de produtos alimentares”, exemplifica o jornalista.
Os
casos estão a ser publicados regularmente na página “Maka Angola –
em defesa da democracia, contra a corrupção”, que o jornalista mantém na
internet.
Rafael
Marques é o autor do livro “Diamantes de Sangue: Tortura e Corrupção em
Angola”, em que denuncia alegados abusos na província diamantífera angolana da
Lunda Norte.
Na
sequência destas acusações, sete generais angolanos interpuseram uma ação
judicial contra o jornalista, por denúncia caluniosa, que deve começar a ser
julgado no próximo dia 24 de março.
Lusa,
em Rede Angola
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