terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Autoridades de São Tomé e Príncipe preocupadas com aumento da criminalidade




As autoridades de São Tomé e Príncipe mostraram-se hoje preocupadas com o aumento de criminalidade do país, em particular "violações sexuais de menores, roubos e assaltos e crimes resultantes do tráfico e consumo de droga".

"Apenas no mês de janeiro registamos 14 casos, entre os quais, assaltos, roubos, burla, lavagem de dinheiro e agressões por consumo de estupefacientes", disse Idalécio Almeida, inspetor da Polícia de Investigação Criminal (PIC).

O governo também já se mostrou "muito preocupado" e defendeu "a conjugação de esforços" para travar a onda de criminalidade no país.

"Em finais do ano passado tivemos alguns casos de violação de menores ocorridos na ilha do Príncipe e também em São Tomé entre pais e filhas, tios e sobrinhas menores de 10 anos", acrescentou Idalécio Almeida.

Nos últimos meses de 2014, "temos um registo de mais de 40 casos, alguns deles bastante alarmantes que já submetemos ao governo" disse fonte policial, escusando-se a entrar em pormenores.

A polícia de investigação criminal e o comando geral da polícia nacional atribuem este crescimento da criminalidade ao aumento do tráfico e consumo de drogas.

"Hoje eles já fazem isso de forma mais aberta e despreocupada", sublinha fonte policial que lamenta a "falta de colaboração dos tribunais" na punição dos criminosos.

"Temos remetido para as instâncias judiciais vários casos graves dessa natureza mas, para nosso espanto, no dia seguinte vemos os indivíduos na rua e muitas vezes dando-se ao luxo de ameaçar os agentes", reclama a mesma fonte.

A gravidade da situação levou, entretanto, governo a pedir uma reunião com o Procurador-Geral da Republica (PGR) para estudar estratégias conjuntas de combate ao aumento dos índices de criminalidade.

O encontro convocado pelo ministro da Administração Interna, Arlindo Ramos, demorou mais de duas horas juntou as chefias policiais, comandos paramilitares e o ministro da Justiça.

"Pedimos esse encontro para analisarmos as causas do crescimento da criminalidade que existe atualmente", disse Arlindo Ramos.

"É fundamental e é preciso que os órgãos ligados a esse ramo cooperem entre si para pôr cobro a essa situação que é uma situação preocupante, e nós estamos preocupados", sublinhou o governante.

"A polícia está a fazer a sua parte mas é preciso que as outras partes (Ministério Publico e os tribunais) também façam a sua", disse o ministro.

"É preciso controlarmos essa gente, é preciso avaliarmos em termos daquilo que é a reinserção social, se estão ou não em condições de serem reinseridos novamente. Alguns deles são muito reincidentes e é preciso ter cuidado e ter muito controle sobre eles", acrescentou Arlindo Ramos.

O encontro com o Procurador-Geral da Republica serviu também, segundo o governante, para avaliar "o perigo que essa gente representa para o estado são-tomense e tomarmos rapidamente algumas medidas preventivas".

O primeiro-ministro Patrice Trovoada reconhece que o crime está a aumentar e "as forças de defesa e segurança estão debilitadas" o que pode comprometer a reposição da autoridade de Estado.

"Nós temos uma polícia de investigação criminal atualmente com dez processos disciplinares, uma polícia de investigação criminal que não tem pistolas", exemplificou Patrice Trovoada em entrevista ao canal de televisão digital STP TV, emitido a partir de Lisboa.

"É verdade que a criminalidade aumentou e tem estado a aumentar porque há um vazio. Não há nada para, de facto, travar esses crimes, não há meios, não há homens, não há políticas" reconheceu o primeiro-ministro são-tomense.

O governante são-tomense que se encontra numa visita ao estrangeiro disse ter "pistas" de solução para "resolver essa questão da debilidade das forças de segurança pública", contando para efeito com o apoio da cooperação internacional.

"É uma urgência", disse, defendendo o recrutamento, treino e equipamento de novos agentes policiais, a reorganização do sistema de segurança pública e a construção de uma nova cadeia.

Lusa, em Notícias ao Minuto

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