Jacarta,
Indonésia, 31 jan (Lusa) -- O embaixador da Indonésia junto da Associação de
Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), Rahmat Pramono, acredita que Timor-Leste
tornar-se-á membro da organização em 2016, após a criação da Comunidade
Económica da ASEAN (AEC).
Ainda
é possível que Timor-Leste seja aceite como membro da associação até dezembro,
mas o "palpite pessoal" do diplomata aponta para 2016, após ser
implementada a zona de comércio livre, que está nas prioridades da presidência
rotativa da Malásia.
"Penso
que é essa a ideia de Singapura para tentar prolongar. Eles dizem que primeiro
precisamos de concentrarmo-nos na AEC e, depois disso, poderemos decidir.
Focamo-nos primeiro nas nossas realizações internas", disse à Lusa Rahmat
Pramono.
Timor-Leste
apresentou a candidatura oficial à ASEAN em 2011, durante a presidência
indonésia da organização, mas Singapura - o único Estado-membro que tem mostrado
reservas -, defendeu, desde logo, que tal devia acontecer só em 2015.
Num
comunicado enviado hoje à Lusa, o embaixador de Singapura junto da ASEAN, Tan
Hung Seng, não falou em datas, preferindo frisar que, numa altura em que a
ASEAN caminha para a AEC, "é importante" que "se torne numa
organização baseada em regras".
"É
fundamental definir critérios claros para qualquer pedido de adesão à ASEAN,
uma vez que qualquer decisão de expandir a ASEAN terá ramificações não só na
AEC", mas também nas áreas sociocultural e de política e segurança da
comunidade, defendeu.
Por
este motivo, acrescentou, o Conselho Coordenador da ASEAN criou um grupo de
trabalho "para estudar todos os aspetos relevantes da candidatura de
Timor-Leste e as suas implicações na ASEAN".
De
acordo com um antigo funcionário da ASEAN, um estudo sobre as implicações
económicas da adesão timorense "já foi realizado e considerado no grupo de
trabalho" proposto por Singapura.
O
diplomata do país mais rico da ASEAN explicou que a associação baseia-se em
"estudos independentes" para estabelecer os critérios de avaliação
das candidaturas à ASEAN no que concerne aos três pilares da comunidade:
económico, sociocultural e político e de segurança.
"Os
países da ASEAN já começaram a trabalhar bilateralmente com Timor-Leste para
garantir que o país tem os recursos e a capacidade necessários para a adesão à
ASEAN, tendo particularmente em conta que os Estados-membros da ASEAN têm de
participar em mais de 1000 reuniões da ASEAN por ano", lembrou.
Tan
Hung Seng sublinhou que Singapura tem apoiado o mais jovem país da região do
Sudeste Asiático desde a sua independência, em 2002, mencionando, por exemplo,
a formação oferecida a "mais de 500 funcionários timorenses".
A
Indonésia também criou um grupo de apoio para preparar o corpo diplomático
timorense, segundo Rahmat Pramono, ao comentar aquele que tem sido mencionado
como um dos principais obstáculos à entrada do país vizinho na organização.
O
indonésio reconheceu que o desenvolvimento económico de Timor-Leste ainda é
inferior comparado com o registado nos países da ASEAN que recebem assistência
-- Birmânia, Laos, Camboja e Vietname.
"Anda
há muitas coisas que eles têm de alcançar em termos de desenvolvimento
económico", referiu, falando nas infraestruturas, no sistema bancário e no
desenvolvimento das pequenas e médias empresas.
O
embaixador da Indonésia junto da ASEAN rejeitou as dúvidas de alguns
especialistas sobre o nascimento da AEC a 31 de dezembro, como previsto,
ressalvando que se trata de um "processo dinâmico" e que até agora
"mais de 85 por cento" da execução dos três pilares já está
garantida.
A
secretaria-geral da ASEAN recusou responder às perguntas da Lusa, justificando
que a avaliação da candidatura de Timor-Leste está em análise, e a
representação da Malásia junto da organização não o fez até ao momento.
A
ASEAN, que conta com dez Estados-membros desde que foi criada a 8 de agosto de
1967, tem como principais objetivos fomentar o crescimento económico e a
estabilidade na região.
AYN//
PJA
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