Díli,
24 fev (Lusa) - O primeiro-ministro timorense considerou hoje que metade dos
atuais 32 mil funcionários públicos permanentes e casuais pode ser
desnecessária, defendendo um processo de reforma do setor público que o torne
mais eficaz e eficiente.
"Fico
com a impressão de que só metade destes 32 mil funcionários é que estão a
cumprir serviço efetivo", afirmou Rui Maria Araújo, num programa de debate
da televisão timorense.
"Temos
de nos perguntar: precisamos de tantos funcionários públicos? Ou com contratos
para toda a vida? Podemos introduzir contratos de cinco anos, com mecanismos de
avaliação", questionou.
Rui
Maria Araújo foi o convidado da terceira edição do programa de debate
"Talk Show Ita Nia Governo", da Rádio e Televisão de Timor-Leste
(RTTL), gravado no auditório do Arquivo e Museu da Resistência Timorense em
Díli e moderado por Rui Viana, da Secretaria de Estado da Comunicação Social.
Em
resposta a perguntas do moderador e de alguns membros da audiência sobre a sua
estratégia de governação, Rui Araújo disse que o Governo quer trabalhar
"em equipa" mas que, muitas vezes, "há um buraco" entre a
ordem política e a "ordem burocrática".
"Às
vezes falha a comunicação ou a monitorização e a supervisão não funciona como
deve ser. E isso implica que, em alguns casos, não se vejam os resultados
concretos", disse.
"A
nível político, os membros do Governo estão conscientes de que têm que fazer
mais esforços para orientar funcionários. Mas depois temos alguns problemas ao
nível do funcionalismo público e, por isso, precisamos de uma reforma da
administração, da função pública", afirmou.
Desde
que tomou posse, há uma semana, Rui Maria Araújo tem levado a cabo várias
iniciativas, incluindo visitas surpresa a Ministérios e departamentos
governamentais, mensagens para a população pela sua página no facebook e até a
apresentação da sua declaração de bens: foi o primeiro governante a fazê-lo.
Ao
mesmo tempo, e a nível governativo, arrancou um período intenso de análises que
abrangem desde "gastos supérfluos" a reformas educativas para
introduzir o ensino vocacional e profissional, passando por uma análise da
diversificação económica do país, entre outras.
"Queremos
marcar diferença na implementação dos programas", disse.
Para
defender um corte em "despesas supérfluas", o primeiro-ministro -
médico de profissão - chegou a usar argumentos de saúde pública, considerando
que se deve cortar nos "snacks, almoços e lanches" que ocorrem em
qualquer evento em Timor-Leste.
O
país, disse, está a viver uma "transição epidemiológica" passando de
um cenário em que as doenças infecciosas eram prevalentes para outro em que
aumentam "as doenças de coração, colesterol e ácido úrico".
Ao
mesmo tempo, o elevado número de carros nas mãos de funcionários públicos, está
a levar muitos a ter uma "vida sedentária", com o custo que as
viaturas representam.
"Não
vamos cortar nos carros que são precisos. Mas no supérfluo", disse,
explicando que o Ministério das Finanças está a rever itens como viagens
nacionais e para o estrangeiro, viaturas e até o elevado número de seminários
"sem grandes resultados" que se realizam no país.
ASP
// JPS
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