terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

ONG TIMORENSE RECOMENDA CORTE DE CERCA DE 22% NO ORÇAMENTO DE 2015




Díli, 24 fev (Lusa) - A organização La'o Hamutuk recomendou ao primeiro-ministro timorense que aproveite a necessária retificação do orçamento de 2015 para cortar 22% às contas públicas de 1.570 para 1.135 milhões de dólares.

Um corte justificado pela organização não-governamental pela queda no preço do crude, mas também pela redução da dimensão do Governo, que deve apostar na reforma da administração pública e rever os "megaprojetos" previstos para o país.

Numa carta remetida ao primeiro-ministro, Rui Araújo, e a que a Lusa teve acesso, a ONG disse esperar que o novo Governo dê mais passos para tornar Timor-Leste um país "mais sustentável, mais equitativo e mais democrático".

Mais que adaptar o orçamento à nova configuração governativa, esta é uma oportunidade para uma revisão mais ampla "com alterações mais fundamentais", sugeriu.

Com um valor total de 1,57 mil milhões de dólares (cerca de 1,32 milhões de euros), o orçamento para 2015 terá que ser revisto, necessariamente, devido a alterações ao organigrama do Governo - passou de 55 para 37 elementos (o 38.º previsto ainda não tomou posse) - e à queda no preço do petróleo, o que afeta as receitas previstas.

A ONG considerou que, para ser sustentável, o orçamento deste ano deveria ser de apenas 685 milhões de dólares - receitas domésticas mais injeção sustentável de capital do fundo petrolífero (RSE).

Admitindo, porém, que isso é "traumático", sugeriu que um envelope fiscal de 1.135 milhões de dólares seria possível.

A queda acentuada no preço do petróleo - de 108 para 48 dólares por barril - mostrou, segundo o La'o Hamutuk, que o que antes pareciam perspetivas "prudentes", de queda para 90 dólares/barril em 2015 são hoje perspetivas "otimistas".

"Seria equivocado continuar a orçamentar com base em informação que já não está claramente correta", referiu a carta, lembrando que as previsões apontam para um preço médio por barril de 58 dólares.

A organização sugere mesmo que, no caso do cálculo do Rendimento Estimado Sustentável (RES) do fundo petrolífero, o Governo deve ser ainda mais prudente usando como referência um preço indicativo de 40 dólares/barril.

O RES serve para medir o valor que, anualmente, se poderia retirar do fundo petrolífero sem afetar este investimento. O próprio Ministério das Finanças timorense considera que por cada 10 dólares de queda no preço do barril o RSE deve baixar em 25 milhões.

O Governo, sugeriu a ONG, deve limitar a injeção total deste componente no orçamento a 450 milhões de dólares em vez dos 638 milhões previstos.

O aumento do valor do dólar, a par da queda do preço do crude, tem também um impacto nas importações para Timor-Leste e nos investimentos que o país realiza através do Fundo Petrolífero noutras moedas.

Segundo o Banco Central timorense, o fundo perdeu 426 milhões de dólares em 2014 só por questões cambiais, reduzindo o retorno no investimento ganho durante o ano em cerca de um terço.

ASP // VM

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