Miguel
Tiago falou em entrevista ao Público, sobre o BES, a situação da Grécia e o
futuro de Portugal. O deputado do PCP crê que é possível que o rumo do país
seja diferente.
Em
entrevista ao jornal Público, Miguel Tiago, coordenador dos deputados
comunistas na comissão parlamentar de inquérito ao BES e ao Grupo Espírito
Santo, considera que o trabalho tem sido “bastante útil”, tem criado linhas de
“consenso” entre todos os partidos, no sentido de dificultar que um banco
construa um império não financeiro à sua volta.
A
comissão tem mostrado, acrescenta, “a forma como as suas práticas passavam
completamente despercebidas” e a “relação estabelecida há várias décadas entre
o grupo e o poder político e entre o grupo e outros setores do poder
económico”. O deputado do PCP abordou o tema do monopólio, explicando que
“havia uma relação entre o GES e outros grupos económicos, que era de absorção
de recursos, extração de mais-valias. Isso tornava o GES um grupo claramente
monopolista no tecido económico português”.
Miguel
Tiago crê que é evidente o facto de ter havido “má gestão” mas a “questão é saber
como é que num sistema que se diz tão regulado, tão supervisionado, tão
regulamentado, isto acontece”. O coordenador dos deputados comunistas na
comissão parlamentar frisa que “o Ministério das Finanças é o garante da
estabilidade financeira, o Banco de Portugal é o supervisor do setor, a CMVM
fiscaliza e regula o mercado de capitais. Estas entidades como que dão um
carimbo, inclusivamente a União Europeia, a dizer: ‘É seguro porem ali o vosso
dinheiro’”. Aqui “não é só má gestão” já que nos outros setores os “próprios
assumem as perdas, num banco, as perdas são o dinheiro dos depositantes”.
O
deputado do PCP aborda também nesta entrevista ao jornal Público a situação da
Grécia, acreditando que “é no seu território que os povos têm de colocar
entraves à construção do projeto europeu”. A nível pessoal Miguel Tiago observa
a posição grega com “a alegria de ver que há um povo que rejeitou o círculo
PS/PSD. Isso, em si, é um fator de esperança”.
“Enquanto
comunista, esta União Europeia e aquele programa não são conciliáveis”, defende
em relação às ideias apresentadas pelos gregos no Eurogrupo, desta forma, “ou a
Grécia altera o seu programa e se conforma, ou a União teira de se conformar
com a Grécia, oque não me parece viável”. O deputado comunista mostra-se cético
e acredita que “a única forma para isso acontecer seria a Grécia sair do euro,
o que pode ser catastrófico”.
Em
relação a este assunto, Miguel Tiago foca depois o seu ponto de vista a nível
nacional e crê que “Portugal devia estar a preparar há muito tempo, a saída
ordenada do euro tendo em conta a drenagem de recursos nacionais e a estagnação
económica que a união monetária representou. Não deve ser uma saída por
expulsão, nem por impulso.”
Miguel
Tiago termina dizendo que “a saída do euro não é, para os comunistas, um sinal
de vitória. Pode é ser um instrumento, e teria de ser negociada. Assim o povo
português não pode sentir-se limitado perante escolhas futuras”.
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