Díli,
10 fev (Lusa) - O ex-Presidente da República timorense José Ramos-Horta
considera que Rui Araújo é "a melhor pessoa" para ocupar o cargo de
chefe de Governo de Timor-Leste, antecipando, num artigo hoje publicado, que
Xanana Gusmão continuará no executivo.
"Se
Rui Araújo for empossado como o próximo primeiro-ministro, eu aplaudirei com
todo o meu coração pois ele é a melhor pessoa para ocupar este cargo nos
próximos anos", escreve José Ramos-Horta numa nota divulgada no Facebook.
Ramos-Horta
explica que, se Xanana Gusmão mantiver os planos que lhe comunicou "há
duas semanas", o primeiro-ministro demissionário continuará no Governo,
num Ministério e na presidência da Agência de Planeamento Estratégico.
"Esta
é uma nova experiência em política moderna e democracia que tem de ser
aplaudida e apoiada", sublinha.
Médico,
ex-ministro da Saúde (2001-2007) e assessor sénior dos Ministérios da Saúde e
Finanças, "Rui Araújo tem credenciais impecáveis, tendo demonstrado
competência profissional e integridade", escreve o ex-chefe de Estado.
É,
considera o Prémio Nobel, "uma pessoa modesta e incorruptível, e também
amplamente respeitada por todos os timorenses" e pelos "parceiros
internacionais que trabalharam com ele durante estes anos".
No
texto - Intitulado "Um novo começo em Timor-Leste, mais promissor",
Ramos-Horta recorda que as decisões de Xanana Gusmão já lhe tinham sido
comunicadas em 2011, um ano antes das legislativas, com o objetivo de
"preparar o caminho da nova geração de líderes".
O
ex-Presidente da República recorda ainda um encontro, em julho de 2013, em que
participaram ele próprio, Xanana Gusmão, e o presidente e secretário-geral da
Fretilin, Lu'Olo e Mari Alkatiri, onde se debateu o processo de transição entre
os "poucos líderes sobreviventes da geração de 1975, para a nova geração,
mais comummente conhecida como a 'Geração de Santa Cruz'".
Ramos-Horta
apela também ao Partido Democrático (PD), liderado pelo atual
vice-primeiro-ministro Fernando La Sama Araújo , para mostrar " humildade,
sabedoria, sentido de Estado e entregue todo o seu apoio a Rui Araújo e Xanana
Gusmão neste novo arranjo político".
"Se
o Partido Democrático desempenhar um papel construtivo e com sabedoria irá,
então, certamente conseguir mais lugares no parlamento nas próximas eleições
legislativas de 2017", escreveu ao salientar que o oposto traduz perda de
lugar e a tornar-se partido irrelevante no futuro.
Sobre
a Fretilin, Ramos-Horta considera que o partido "tem desempenhado um papel
exemplar contribuindo efetivamente para a paz e estabilidade do país", e
que desde 2007 "atravessou o deserto" da oposição "com grande
paciência e amadureceu gradualmente no seu sentido de Estado".
Ao
novo Governo, Horta recomenda "mão firme no combate à corrupção e gastos
desnecessários", como o corte de 80% das viagens do primeiro-ministro ao
exterior, o encerramento de embaixadas e a revisão da "pensão
vitalícia" para quem cumpra apenas 4 anos de mandato no Governo ou
parlamento e abandonar.
ASP
// JCS
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