terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Ramos-Horta saúda escolha de Rui Araújo como PM, Xanana pode ficar no executivo




Díli, 10 fev (Lusa) - O ex-Presidente da República timorense José Ramos-Horta considera que Rui Araújo é "a melhor pessoa" para ocupar o cargo de chefe de Governo de Timor-Leste, antecipando, num artigo hoje publicado, que Xanana Gusmão continuará no executivo.

"Se Rui Araújo for empossado como o próximo primeiro-ministro, eu aplaudirei com todo o meu coração pois ele é a melhor pessoa para ocupar este cargo nos próximos anos", escreve José Ramos-Horta numa nota divulgada no Facebook.

Ramos-Horta explica que, se Xanana Gusmão mantiver os planos que lhe comunicou "há duas semanas", o primeiro-ministro demissionário continuará no Governo, num Ministério e na presidência da Agência de Planeamento Estratégico.

"Esta é uma nova experiência em política moderna e democracia que tem de ser aplaudida e apoiada", sublinha.

Médico, ex-ministro da Saúde (2001-2007) e assessor sénior dos Ministérios da Saúde e Finanças, "Rui Araújo tem credenciais impecáveis, tendo demonstrado competência profissional e integridade", escreve o ex-chefe de Estado.

É, considera o Prémio Nobel, "uma pessoa modesta e incorruptível, e também amplamente respeitada por todos os timorenses" e pelos "parceiros internacionais que trabalharam com ele durante estes anos".

No texto - Intitulado "Um novo começo em Timor-Leste, mais promissor", Ramos-Horta recorda que as decisões de Xanana Gusmão já lhe tinham sido comunicadas em 2011, um ano antes das legislativas, com o objetivo de "preparar o caminho da nova geração de líderes".

O ex-Presidente da República recorda ainda um encontro, em julho de 2013, em que participaram ele próprio, Xanana Gusmão, e o presidente e secretário-geral da Fretilin, Lu'Olo e Mari Alkatiri, onde se debateu o processo de transição entre os "poucos líderes sobreviventes da geração de 1975, para a nova geração, mais comummente conhecida como a 'Geração de Santa Cruz'".

Ramos-Horta apela também ao Partido Democrático (PD), liderado pelo atual vice-primeiro-ministro Fernando La Sama Araújo, para mostrar " humildade, sabedoria, sentido de Estado e entregue todo o seu apoio a Rui Araújo e Xanana Gusmão neste novo arranjo político".

"Se o Partido Democrático desempenhar um papel construtivo e com sabedoria irá, então, certamente conseguir mais lugares no parlamento nas próximas eleições legislativas de 2017", escreveu ao salientar que o oposto traduz perda de lugar e a tornar-se partido irrelevante no futuro.

Sobre a Fretilin, Ramos-Horta considera que o partido "tem desempenhado um papel exemplar contribuindo efetivamente para a paz e estabilidade do país", e que desde 2007 "atravessou o deserto" da oposição "com grande paciência e amadureceu gradualmente no seu sentido de Estado".

Ao novo Governo, Horta recomenda "mão firme no combate à corrupção e gastos desnecessários", como o corte de 80% das viagens do primeiro-ministro ao exterior, o encerramento de embaixadas e a revisão da "pensão vitalícia" para quem cumpra apenas 4 anos de mandato no Governo ou parlamento e abandonar.

ASP // JCS

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