Sebastião Paulino –
Verdade (mz)
Mais
de 100 famílias que vivem no povoado de Muthediua, uma das zonas mais afectadas
pelas inundações no posto administrativo de Nante, distrito da Maganja da
Costa, província da Zambézia, estão a passar fome em consequência das cheias
que destruíram as suas culturas alimentares e reservas que se encontravam nos
seus celeiros.
As
pessoas em causa estavam reassentadas num dos centros de acomodação da vila
sede do posto administrativo de Nente; porém, quando a águaque submergia as
suas habitações na sequência do transbordo do rio Licungo e seus afluentes
desapareceu, elas regressaram às zonas de origem.
Neste
momento, encontrar uma lata de farinha de milho à venda é uma sorte bastante
grande ou mesmo uma bênção divina. Para sobreviver, a população recorre a tubérculos
de mandioca e às respectivas folhas, à batata-doce e a outros alimentos que
ainda é possível obter nas machambas, mas em quantidades reduzidas. Com os
campos agrícolas submersos, o sofrimento vai prevalecer em Muthediua caso não
haja apoios.
Filomena
Vasco, uma das vítimas das inundações em Nante, disse que perdeu tudo o que
tinha lançado à terra em virtude da cheias. Agora, a alimentação tem sido um
bico-de-obra. “A minha casa caiu e toda a comida que eu tinha foi arrastada
pela água. Não tenho nada para dar aos meus filhos”, lamentou a senhora,
acrescentando que, por vezes, a sua família passa dias sem nenhuma refeição.
A
nossa interlocutora, cuja história é apenas um exemplo do sofrimento a que
estão sujeitos os outros habitantes, disse que desde que regressou para o seu
povoado nunca recebeu apoio. O Instituto Nacional de Gestão e Calamidades
(INGC) não dá a mínima importância ao seu calvário e ao de outras pessoas.
“Estamos
a lutar para sobreviver. Ninguém aguenta mais com a fome que está a massacrar
as nossas crianças, principalmente”, disse Adelaide Celestino, outra afectada.
Entretanto,
apurámos que o INGC deixou de fornecer comida àquela população por ter
abandonado o centro de acomodação da vila sede do posto administrativo de
Nante. Betinho Sair, secretário de Muthediua, considera que o que os habitantes
da sua zona passam é dramático. “Não há alimentação para as famílias que
regressam para esta zona”. Ele disse ainda que algumas pessoas não dispõem de
esteiras e cobertores, o que agrava o seu sofrimento.
Em
Muthediua, todas as residências construídas com base em material precário foram
reduzidas a escombros e outras arrastadas pela fúria das águas. Quem regressou
àquela zona deliberadamente teve de erguer cabanas para não passar as noites ao
relento.
Sem comentários:
Enviar um comentário